Sangue Real - A saga de Eldoria e Valência

Sombras na Realeza

Jungkook surpreendeu-se fechando a porta novamente, pois o rapaz estava a se trocar. Esperou alguns minutos antes de entrar novamente.

- Não sabe bater, não tem modos? - Taehyung disparou ao vê-lo.

- Me desculpe, podemos conversar?

- Se for em relação à família real, não tenho nada a dizer.

- Preciso de um lugar para ficar até a coroação de Jimin.

- Ele realmente vai se tornar rei? - Taehyung balançou a cabeça, como se tentasse apagar seus pensamentos. - Não é necessário responder.

- Eu não tenho absolutamente nada para retribuir, mas peço sua ajuda.

- Fugiu do castelo ou algo do tipo? Ouvi boatos que matou o rei e que também é o rei de Eldoria. Por que devo ajudá-lo?

- Não posso falar muito nesse momento, mas garanto que não o matei.

- Contanto que não me fale em Jimin ou no rei, pode ficar. Para mim tanto faz. - Taehyung pegou seu casaco, já um trapo, e se pôs a sair.

- Onde vai?

- Trabalhar. Afinal, não estou aqui de graça. Tenho que conseguir dinheiro para sobreviver. Acho que como rei não sabe o que é isso.

- Está falando igual a Jimin. O que aconteceu entre vocês?

- Até mais, majestade. - O jovem fez uma reverência carregada de sarcasmo.

Deixando Jungkook sozinho naquele ambiente, ele se sentou e contemplou o vazio, refletindo sobre as palavras de Taehyung e a complexidade de suas próprias emoções. O silêncio pesado foi sua única companhia enquanto esperava por uma clareza que parecia cada vez mais distante.

Jeon esperou até ao anoitecer para que Taehyung pudesse voltar. Não se atreveu a sair, pois poderia ser reconhecido, e era melhor que todos pensassem que ele havia fugido.

- Trouxe algo para comer. - Kim estendeu um recipiente envolto a um pano. - Se bem que acabaste com todas as frutas da cesta.

- Fiquei o dia trancado. Na minha situação, é melhor que pensem que voltei para Eldoria.

- Compreendo.

- Se puder, diga à sua irmã que não estou aqui. Não quero encontrá-la.

- Estás querendo o impossível, ela também mora nesta espelunca.

- Por que vieste para este lugar?

O silêncio instalou-se no ambiente, deixando ambos levemente desconfortáveis.

- Porque...

Jungkook podia sentir a dificuldade que Taehyung tinha em falar.

- Não precisa dizer.

- Eu sou o filho bastardo do rei. Todos pareciam saber, menos eu. Até o teu príncipe.

- Jimin não é meu. Sinto muito por sua vida ter sido algo que...

- Uma mentira. Não poupe as palavras, Rei Jeon.

- Só Jungkook.

- Jungkook, notei que havia algo errado, mas não imaginava que era um rei.

- Deve saber que vim em busca de vingança, mas só fiz tudo errado. Não sabia que aquele maldito poderia ter um filho como Jimin. Não sei o que há de errado comigo ou com ele, mas não paro de tê-lo em meus pensamentos.

- Coma, irei me banhar.

Taehyung saiu da conversa repentinamente, deixando Jungkook sozinho. Ele pegou o recipiente e começou a comer, ainda mergulhado em seus pensamentos.

Enquanto comia, ponderava sobre a revelação de Taehyung e a própria tumultuada relação com Jimin. O destino parecia tecer um intricado jogo de sentimentos e intrigas, deixando-o cada vez mais preso nas teias do passado e das expectativas futuras.

O silêncio do ambiente era apenas quebrado pelos sons distantes do mundo lá fora.

Os dias continuavam os mesmos até finalmente chegar o tão esperado dia da coroação. Jeon estava impaciente, andando de um lado para o outro no cômodo, enquanto Taehyung, que até então estava tranquilo, começou a ficar inquieto.

- Está me dando nos nervos, Jungkook. Não pode ficar parado ao menos um instante?

- Preciso pensar. Não tenho nada para encontrar o verdadeiro assassino e não sei como fazer isso. Não tenho nada além da droga de uma faca com sangue. - Jungkook pegou o objeto e o largou sobre a cama.

- Jeon?

- O que há?

Ele observou Taehyung com espanto nítido em sua face ao segurar a faca.

- Isso é do castelo, mais propriamente da rainha. Lembro-me que ela obrigava minha mãe a limpar todos os faqueiros. Nunca entendi até minha mãe dizer que era um objeto raro, feito especialmente para a rainha a mando do rei.

Jungkook ficou em silêncio por um momento, processando a nova informação. Se a faca era realmente da rainha, isso poderia mudar toda a direção da investigação.

- Então, isso significa que a rainha pode estar envolvida na morte do rei? - perguntou Jungkook, ainda tentando juntar as peças do quebra-cabeça.

- Não sei, mas é um bom ponto de partida.

- Sabes como era a relação da rainha com o rei? Como ela te tratava sabendo que eras filho do Park? Ela tinha conhecimento deste fato?

- Não sei ao certo, só o pouco que presenciei e que ouvi falar por alto. Eles nunca se amaram, foi um casamento da realeza. Minha mãe teve um caso secretamente com o rei. Após alguns anos, ela foi mandada embora, supostamente porque a rainha descobriu. Mas sempre achei que isso não fosse necessário. A rainha sempre me pareceu um lobo em pele de cordeiro. Quando estava próximo a Jimin, ela me tratava bem, diferente de quando ficávamos a sós.

Jungkook ponderou as palavras de Taehyung, percebendo que a relação complicada e tensa entre os membros da realeza poderia ter muitos segredos ocultos.

- Isso torna tudo ainda mais complicado, mas também nos dá uma pista. Se a rainha sabia do caso e tinha motivos para ressentir tanto o rei quanto qualquer filho bastardo, ela poderia estar envolvida. - Disse Jungkook, pensativo.

- Precisamos ser muito cuidadosos. A rainha é poderosa e tem muitos aliados. Qualquer movimento em falso pode ser nossa ruína. - Alertou Taehyung.

- Nabi. Se eu estiver certo, a rainha vai tentar fazer algo para separar a bebê do Jimin.

- No que estás pensando? Não estou a entender. Por que a bebê?

- Pensa. Desde que a bebê foi encontrada e ficou sob os cuidados de Jimin, isso não agradou à rainha. Hoje o castelo estará lotado, seria um dia perfeito para a bebê sumir de uma hora para outra sem que ninguém perceba.

- Assim como no baile de máscaras.

Jungkook assentiu, percebendo que a situação era ainda mais complicada do que imaginou.