Caminhos Cruzados

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Um ano havia se passado desde que a rainha fora exilada do reino. O rei Jungkook havia sido inocentado, sem um culpado oficial declarado. O povo nunca soube o real motivo, um mistério que perduraria por milênios. Jimin, junto a seu irmão Taehyung, governava Valência. O regime real estava em uma revolução, sendo o primeiro reino a ter dois reis.

Nabi estava se sujando com todo o mingau que seu tio se dispôs a fazer. Ele nunca negava nada à pequena, enquanto seu pai, Jimin, estava impaciente, pois a menina insistia em alimentar-se sozinha. Taehyung ria sem parar da situação, pois tinha um gênio difícil.

- Ela acabou de tomar banho, Taehyung!

- A Nabi adora o meu mingau. Depois eu a limpo.

- Para uma criança, ela tem um paladar estranho. Sua comida é horrível, Tae.

- Veja isso, Nabi. Seu pai é um verdadeiro insensível.

A garotinha de olhos grandes parou de comer para olhar Jimin, mas logo voltou a atenção para seu prato, que já estava se esvaziando.

- Faz um tempo que Jungkook não manda notícias. Ainda está a esperar? - Taehyung perguntou cautelosamente.

- Não sei. Ele também é um rei. Não o culpo por ter escolhido o seu povo.

- Mas ele disse que voltaria.

- As palavras não têm validade, Tae.

- Por que não sai para conhecer novas pessoas? Faria bem para você.

- Tenho a Nabi para cuidar e minhas obrigações.

Taehyung suspirou, compreendendo a frustração e a solidão de seu irmão. - Eu sei que é difícil, Jimin, mas você merece ser feliz. Jungkook gostaria que você encontrasse alegria, mesmo na sua ausência.

- Talvez tenha razão. - Jimin respondeu, pensativo.

- Hoje à noite haverá música na taberna principal. Pode se disfarçar, beber um pouco, dançar. - Disse Taehyung com um sorriso sugestivo no rosto.

- Mas e a Na... - Jimin começou, mas foi interrompido pelo entusiasmo de seu irmão.

- Eu posso cuidar dela.

Depois de todo um discurso e com a promessa de que não exageraria no doce, Jimin permitiu que seu irmão cuidasse de sua filha. Ele esperou até que a noite caísse, quando as estrelas cintilavam no céu escuro. Vestido com as antigas roupas de camponês de Taehyung, Jimin adotava uma nova personalidade. Ele sorriu com amargura ao lembrar do rei Jeon.

Ao sair do castelo, Jimin sentiu o frescor da noite em seu rosto. A sensação de liberdade, embora temporária, era bem-vinda. Caminhou pelas ruas de Valência, misturando-se à multidão, sentindo-se como um simples cidadão. Quando chegou à taberna principal, o som da música e das conversas preenchia o ar.

Sentou-se um pouco afastado, mas não o suficiente para deixar de se divertir. No início, sentiu-se estranho em fazer aquilo depois de tantos meses. Pediu uma bebida e repetiu várias vezes, pois gostava da leveza que o álcool lhe proporcionava. Dançou junto com outras pessoas em um ritmo frenético que o fazia rir, mesmo em meio à respiração pesada para recuperar o fôlego.

Cansado, mas ainda ao som da música, voltou ao seu lugar e pediu uma última bebida. Já tinha se divertido bastante naquela noite e sentia-se tonto o suficiente para ver miragens em sua frente. Notou um rapaz de cabelos negros, alto, com um sorriso único. Seus olhos castanhos escuros se destacavam entre as pessoas que dançavam. Jimin coçou os olhos para se livrar da sua imaginação fértil, mas o rapaz permanecia ali. Pagou a conta e saiu, desviando-se do rapaz que ele identificara como o rei de Eldoria, Jimin cambaleava ao caminhar para fora do estabelecimento.

Colocou o capuz e andou novamente pelas ruas, percorrendo o caminho de volta para o castelo. Seu coração batia tão forte que era capaz de ouvir o pulsar em seu peito.

Uma mão repentinamente segurou seu braço, impedindo-o de continuar a andar.

- Não é uma fantasia da minha cabeça?

- Acho que sou bem real, rei Park Jimin. - Disse o rapaz. - Por que bebeu tanto? Sinto o cheiro de álcool à distância.

- Eu g-ggosto de álcool. Pode pegar mais para mim, o rei de Valênciaa. - Jimin proferiu as palavras enroladas. - Ccadê o meu irmão? Eele ele também é o rei.

- Já está a delirar. Vou levá-lo para o castelo, está bem, rei de Valência?

O caminho de volta ao castelo parecia interminável, pois o gênio difícil do rei bêbado fazia Jungkook rir e se preocupar ao mesmo tempo. Fazia alguns minutos que estavam sentados a uma curta distância da floresta. Jimin chorava e desferia tapas leves em Jungkook por não ter mais álcool.

Sem saber muito como agir em situações assim, o rei de Eldoria decidiu pegar Jimin nos braços como se fosse um saco de batatas, andando em direção ao castelo enquanto as mãos pequenas do jovem rei batiam em suas costas.

- Vou mandar cortar sua cabeça! Cretino desgraçado.

Jeon atravessou os portões e adentrou o castelo, que continuava o mesmo de antes. Jimin esperneava como uma criança birrenta, suas palavras misturadas com soluços e risos, enquanto Jungkook mantinha um sorriso preocupado no rosto, determinado a cuidar dele, mesmo não sendo tão fácil.

O antigo quarto que Jungkook conhecia como o de Jimin estava mudado. Quase não tinha artigos de decoração, apenas uma cama feita com lençóis brancos, parecendo ter se tornado um mero aposento para hóspedes.

O rapaz finalmente colocou o rei no chão, que cambaleou até a cama e se jogou contra ela, balbuciando coisas sem sentido.

- Não se deite ainda, precisa de um banho gelado para tirar todo esse álcool. - Disse Jeon com suavidade. - Vou encher a banheira.

Jungkook dirigiu-se até a casa de banho, ligando despejando baldes com água deixando até enchesse a banheira o suficiente. Quando voltou ao quarto, viu Jimin ainda na cama, lutando contra o sono.

- Vamos, Jimin, não vai demorar muito.

- Não quero, está frio. - O rei usava de sua manha, mas não foi o suficiente para livrar-se do banho. Jungkook segurou-o pela cintura, guiando-o. As roupas de Jimin foram tiradas uma por uma, uma tentação para o rei de Eldoria, que tentava não olhar, mas Jimin era tão belo que tornava-se impossível.

Jimin, reclamando, puxou Jungkook junto com ele para a água gélida, gerando risos.

- Está frio demais! - Jimin protestou, mas rindo ao mesmo tempo.

- É só por um momento. - Disse Jungkook, rindo também. - Vai te ajudar a se sentir melhor.





Sangue Real - A saga de Eldoria e Valência Onde histórias criam vida. Descubra agora