Correntes de Ódio

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Jimin permanecia em seus pensamentos enquanto observava pela vasta janela de seu aposento a paisagem do campo. Sentimentos conflitantes de ódio e culpa o envolviam, deixando-o em um verdadeiro caos mental. A sensação de ser inútil diante de seus súditos era avassaladora, ao mesmo tempo em que o peso da culpa o atormentava. Enquanto isso, Jungkook estava em alguma cela úmida do calabouço, também perturbado por seus próprios pensamentos e incertezas.

Decidido a confrontar o rei de Eldoria para aliviar parte do que estava sentindo, Jimin saiu de seu cômodo e seguiu em direção ao calabouço. Seu coração batia forte, suas mãos suavam, e a ansiedade o consumia enquanto avançava pelo corredor.

Ao chegar ao calabouço, Jimin se deparou com Jungkook acorrentado. Os olhos do rei brilharam instantaneamente ao ver o príncipe.

- Príncipe. Jungkook falou com esperança, mas sua expressão mudou ao notar o desprezo nos olhos de Jimin.

- Não sei por que vim vê-lo, mas só de estar em sua presença sinto repulsa. Como teve coragem de me usar para executar seu plano sórdido? - Jimin não escondia sua revolta.

- Eu não matei seu pai, acredite em mim. Por favor, Jimin. Meu reino precisa de mim, não posso ficar aqui preso. Jungkook implorava.

- Você não irá ficar aqui. Jimin tomou uma decisão.

- Obrigado. Jungkook sorriu, esperando ter sido perdoado, mas seu sorriso logo desapareceu ao

ouvir as próximas palavras de Jimin.

-Não agradeça. Não deixarei você ir, será meu escravo. Se ousar fugir, sua cabeça será cortada sem hesitação. Jimin não demonstrava piedade.

- Hosu. Jimin chamou o guarda. - Solte-o.

- Mas majestade... - Hesitou, mas a autoridade de Jimin foi clara ao ordenar que Jungkook fosse libertado das correntes.

Jungkook foi solto, mas permaneceu paralisado, atordoado com tudo que acabou de ouvir.

- Me siga, não escutou, rei de Eldoria?

Jimin andava a adentrando o imenso castelo enquanto Jungkook lutava para acompanhá-lo. Os serviçais olhavam com temor e faziam cochichos enquanto eles passavam. Ao chegarem à porta do aposento de Jimin, este entrou sem dizer uma palavra, deixando Jungkook cada vez mais confuso.

Dentro do quarto, o príncipe ficou em silêncio diante da janela, seus olhos marejados de lágrimas. Jungkook observava-o por um momento antes de colocar sua mão no ombro do príncipe, que recuou com um olhar furioso.

Vasos e livros voavam ao chão enquanto Jimin quebrava cada objeto, tentando libertar-se da raiva que o consumia.

- O que está fazendo? - Perguntou Jungkook, mas não obteve resposta. - Por favor, pare.

O príncipe estava determinado a expressar toda a sua frustração, destruindo seu quarto se necessário fosse.

Cansado de vê-lo naquela situação, Jungkook se aproximou e segurou firmemente o príncipe, fazendo-o parar. Seus olhares se cruzaram, carregados de intensidade.

- Não me toque! Jimin debatia-se, tentando se soltar.

- Não vou soltá-lo até que pare com isso. Não pense que pode me intimidar.

- Você não é mais um rei em Valência. A partir de agora, é apenas um escravo, meu escravo. Tire suas mãos de mim! - Jimin tentava se libertar com mais força.

A teimosia do príncipe era evidente, o que deixava Jungkook frustrado. Seus pensamentos conflitantes o confundiam, mas seus instintos falaram mais alto naquele momento. Ele tocou os lábios de Jimin, que se viu cativado pelo olhar intenso de Jungkook e não resistiu.

A tensão no ar era visível enquanto os lábios dos dois se encontravam, em meio a um misto de raiva e desejo.

O beijo fez o rei Jeon sentir algo que jamais experimentara em toda sua vida. A doçura ardente de Jimin era como o toque suave de pétalas de rosa. Contudo, Jeon esqueceu-se de que nas rosas há espinhos que podem ferir, e o príncipe, desprendido do êxtase do beijo, desferiu um tapa certeiro em seu rosto.

- Não ouse repetir isso novamente!

- Peço desculpas, mas por um momento pensei que houve reciprocidade.

- Está enganado. Eu nunca me envolveria com um assassino. Preciso dizer mais uma vez que isso me enoja?

- Não, não precisa. Mas, príncipe, quantas vezes devo afirmar minha inocência? Não matei ninguém, ao contrário de seu pai, que matou o meu. Estou aqui, desesperado para que acredite em mim. Estou pedindo algo impossível? Você diz não ser como seu pai, mas age de forma tirana. Precisa amadurecer, Park Jimin.

- Suas palavras são desnecessárias. Limpe toda essa bagunça. - Ordenou Jimin ao sair do cômodo.

- Para onde vai?

- Não lhe devo explicações. - Respondeu Jimin, ríspido.

A resposta áspera deixou Jeon frustrado, mas ainda assim, ele ansiava pelo príncipe, mesmo que isso representasse uma traição ao seu povo. Seu desejo por Jimin ardia intensamente.

Quando Jeon começou a limpar a bagunça, Jimin já havia deixado o local. O rei recolhia os cacos de vasos reais, ocasionalmente cortando-se por descuido. Os livros eram recolocados em seus lugares enquanto o tempo passava e Jimin não retornava. Jeon fitava a porta, como se esperasse o príncipe com um cálice de perdão.

No entanto, muitas horas se passaram sem que isso ocorresse. O quarto estava livre dos objetos quebrados, mas o ar gélido permanecia. O cansaço dominava Jeon, levando-o a adormecer sentado no chão, ao lado da imensa cama.

Em um sobressalto, ele acordou ao ouvir o ranger da porta, enquanto o sol radiava o cômodo e dissipava a friagem das noites de Valência. Jimin estava com a roupa amarrotada, exalando um forte odor de perfume barato e álcool, mas aparentemente sóbrio, o que levou Jeon a questionar o que havia acontecido.

Jimin nada disse, apenas ordenou que o acompanhasse até o lago, pois precisava de um banho e não gostava das banheiras de luxo. O tom de voz do príncipe era ríspido, mas vazio, como se fosse um ser sem vida, sem vontade alguma de viver.

Jeon o acompanhou, mesmo com uma imensa interrogação em sua mente. Ele não ousava falar, pois o silêncio parecia mais harmonioso.

Sangue Real - A saga de Eldoria e Valência Onde histórias criam vida. Descubra agora