As horas passavam lentamente, e Jungkook ainda não havia pregado os olhos. Fitava o recinto apertado, um cubículo sem janelas, apenas com uma porta. Era madrugada, e o silêncio reinava absoluto, indicando que ninguém estava acordado naquela hora.A mente do rei estava vaga, tão dispersa que ele decidiu perambular pelos vastos corredores, passando pelos salões até se deparar novamente com aquele local. A porta estava entreaberta. Jungkook entrou no recinto, sentindo como se revivesse a cena do Rei de Valência sangrando, com Jimin ao lado, os olhos lacrimejantes e perdidos. Ele observou cada detalhe, cada canto, em busca de algo que nem sabia o que era.
Em meio a seus pensamentos, Jungkook imaginou que pudesse haver alguma pista do verdadeiro assassino, mas sua busca foi em vão. Nada encontrara de útil. Viu o sol nascer através das grandes janelas do salão, onde, presumivelmente, o assassino saíra após matar o velho Park.
Observou o local mais uma vez antes de sair e passou em frente ao quarto de Jimin, que estava silencioso. Lutando contra seus instintos, não conseguiu evitar abrir a porta para apenas observá-lo dormir.
A porta fez um ruído ao ser aberta, e os olhares surpresos foram trocados rapidamente. Jimin escondeu algo atrás de si, mas Jungkook percebeu o gesto e notou o quão perturbado o príncipe estava.
- Príncipe.
- Saia, qual é o seu problema?
- Vários, e você é um deles. O que está a esconder? - Questionou Jungkook, ainda sussurrando para não acordar a bebê.
Jungkook aproximou-se, fazendo Jimin recuar.
- São apenas assuntos meus, e está me cansando, Jungkook. Por que tens que surgir a todo momento?
A cada passo que o rei dava, o príncipe ficava mais encurralado contra a parede.
- Já disse para se retirar.
- Desculpe, mas não vou obedecer desta vez.
Jungkook capturou o objeto das mãos de Jimin, percebendo que era uma faca com vestígios de sangue seco.
- O que é isto? O que significa, Park Jimin? - Pela primeira vez, a voz de Jungkook vacilou, trêmula.
Jimin tentou pegar a faca de volta, mas Jungkook não permitiu.
- Não vai me responder!?
- Fale baixo, por favor. Vai acabar acordando a Nabi.
- Me diga, que diabos é isso?
- Eu não posso.
- Não me diga que foi você quem causou tudo? - Jungkook fechou os olhos com força, respirando profundamente, esperando uma resposta.
- Não, eu não mataria ninguém.
- Então por que tem essa faca coberta de sangue?
- Eu a encontrei naquela noite e...
- E mesmo assim colocou a culpa em mim.
- Não, eu realmente pensei que tinha matado o rei, mas depois que foste preso, voltei para o salão e vi essa faca. Imaginei que, se te culpasse, poderia investigar secretamente. Acho que foi alguém do castelo.
- E quanto a mim, ao meu povo? Esqueceu que estás me fazendo um escravo?
- Não, Jeon. Mas tu não és totalmente inocente. Lembre-se que estavas planejando matar meu pai. Não me peça para ter compaixão por ti, não és digno. Mas peço que fiques em Valência por mais um tempo, preciso encontrar o verdadeiro culpado.
Jungkook estava em um transe. Todas as palavras de Jimin estavam embaralhadas em sua mente. Ele sentou-se no chão, sem se importar com nada, suas emoções em caos, fitando a faca enquanto Jimin esperava alguma reação.
- Espere até a coroação, só até lá.
O mórbido silêncio perdurava, interrompido apenas pelos sons das respirações de ambos.
- O que eu significo para você, príncipe Park Jimin?
- Por que todo esse drama justamente agora? Eu não sei, Jeon.
Jungkook permaneceu em silêncio, tentando entender por que se sentia tão incomodado com a incerteza de Jimin. Mesmo sem direito a exigir algo, o rei de Eldoria sentia-se injustiçado, usado pelo príncipe.
- Não posso ajudá-lo, príncipe. Irei partir o quanto antes. - Ameaçou ir embora, mas Jimin tentou uma última vez.
- Eu só tenho você, Jungkook.
- Isso é mentira. Tens Taehyung, Nabi, a rainha e toda Valência.
- Eles não podem me ajudar, mas você pode.
O silêncio voltou a se instalar, agora carregado de tensão. Jungkook fitou Jimin com um misto de raiva e tristeza, enquanto o príncipe tentava esconder o desespero em seus olhos.
Cansado do jogo de olhares, Jungkook saiu, deixando seu belo príncipe para trás. Ele não conseguia prosseguir com os planos de Jimin; era algo que precisava ser digerido. Pensar era tudo o que Jungkook conseguia fazer naquele momento.
Os portões do castelo ainda estavam visivelmente fechados, então ele percorreu o túnel secreto, sem pressa ou medo de ser visto ou até mesmo capturado. Cruzou aquele lugar úmido e sujo, atravessou o lago e vagou por horas até chegar à hospedaria. Sabia que provavelmente não o deixariam entrar, pois já fazia dias que tinha desaparecido, e todo o reino o considerava o suposto assassino do rei.
Ele procurou por Mi Soo até encontrá-la, envolvendo-se com um homem qualquer.
- Preciso falar contigo, é urgente. - Jungkook estava sem paciência.
- Estás de volta, rei? Pensei que tivesses virado prisioneiro.
- Rei? - O homem falou com espanto, olhando profundamente para Jungkook, esperando alguma resposta, mas não obtendo nenhuma.
- Taehyung, onde posso encontrá-lo?
- O que queres com meu irmão?
Jungkook ignorou a pergunta, virando-se para sair, mas por algum motivo desconhecido, Mi Soo o deteve.
- Sua antiga instalação, ele está lá.
Sem olhar para a moça, o jovem rei atravessou o corredor, nem se dando ao trabalho de bater na porta.
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Sangue Real - A saga de Eldoria e Valência
RomanceAté onde iria a rivalidade? Eldoria e Valência são dois reinos inimigos que estão em uma profunda guerra. O jovem rei Jeon Jungkook busca vingar a morte de seu pai e não medirá esforços, por isso decide infiltrar-se no reino inimigo, onde viverá emo...