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Uma semana havia se passado e o dia do julgamento de Jaekyung enfim havia chegado, os dias desde todo o incidente seguiram rapidamente e ainda assim era como se o tempo se arrastasse para passar. Depois de tudo que passou com o alfa no sábado Soobin inevitavelmente regressou todo o tratamento e recuperação de um ano e meio de terapia, praticamente voltando para o mesmo estado que ficará desde a última vez que vira Jaekyung a um ano e meio atrás, o ômega não conseguia deixar o seu apartamento, mal saia de seu ninho, sem se preocupar com a faculdade ou com qualquer outra coisa externa, sempre cercado por algum dos membros da matilha ou por seus pais, tendo medo de ficar sozinho novamente.

Assim como sua mãe havia marcado, na terça-feira Soobin teve sessões online de emergência com sua terapeuta e seu psiquiatra, ao qual foi receitado novamente o remédio de ansiedade e ataque de pânico que o ômega já estava familiarizado e havia conseguido parar de tomar apenas a alguns meses atrás. Apesar do claro retrocesso o lado positivo era que o remédio em conjunto aos medicamentos de dor, que Soobin precisava ingerir graças aos machucados espalhados por todo seu corpo, o dopava na maior parte do tempo e era o que o impedia de pensar demasiadamente, como se suas emoções houvessem sido temporariamente silenciadas, o ômega gostava daquela sensação, o vazio era melhor do que o desespero e o medo.

Falta apenas uma hora para o julgamento começar quando Soobin chegou ao tribunal sendo acompanhado por seus irmão, pais, advogados e sua matilha, o ômega ainda se sentia um pouco pesado e sonolento devido ao efeito dos remédios e ao breve cochilo que tirara encostado em Hueningkai durante o percurso até o local. Contudo, a previsão de ficar frente a frente com Jaekyung em poucos minutos estava começando a deixá-lo ansioso e nervoso novamente, seu lobo interno não queria ver aquele alfa nunca mais em sua vida, porém Soobin precisava ser corajoso, somente daquela vez, com a esperança de que tudo acabaria bem e ele sairia dali com Jaekyung atrás das grades.

Notando o crescente nervosismo do ômega seus quatro companheiros de matilha o levou para o canto mais afastado da sala ao qual estavam aguardando ser chamados e sem precisar de consentimentos começaram a perfuma-ló, envolvendo Soobin no mesmo instante com essências de maresia e brisa fresca, cappuccino com baunilha, chocolate com canela e flores em plena primavera, o próprio morango com mel do ômega se tornando mais denso, todos se misturando e fazendo com que a combinação dos cinco como sempre parecesse como se eles estivessem em uma cafeteria e floricultura a beira mar, um lugar secreto e reservado apenas para a sua pequena matilha ao qual era impossível de não se sentir confortável e protegido, o porto seguro de todos. A próxima hora passou rapidamente enquanto o ômega se permitia ser confortado pelos quatro garotos, o remédio de ansiedade sem dúvidas o ajudando também, e quando deu por si Soobin já estava a caminho do espaço onde aconteceria o julgamento.

Quando todos já estavam sentados em seus devidos lugares, apenas Soobin e seu advogado na parte da frente da imponente sala enquanto sua matilha e sua família permaneceram no espaço reservado para o público, a família de Jaekyung entrou pelas grandes portas. Como da última vez em que se viram os pais do alfa olhavam para Soobin como se ele fosse um inseto repulsivo e não a vítima do filho deles, felizmente a troca áspera de olhares que parecia desprezar todo o ser do ômega não durou muito pois logo depois uma porta lateral foi aberta e o alfa em questão entrou por ela. Jaekyung estava algemado e caminhava sendo guiado por dois policiais, um de cada lado do homem, enquanto vestia um conjunto laranja quase florescendo ao qual era distribuído para todos os presidiários, bem diferente das roupas de grife que o alfa usava normalmente.

Ao ver Jaekyung entrando naquelas condições, enquanto permanecia o tempo todo com a cabeça baixa e olhava para o chão, estranhamente submisso provavelmente por estar cercado de pessoas com mais autoridade do que ele, Soobin se sentiu instantaneamente satisfeito, ao contrário do que imaginara a sensação de estar indefeso na presença do outro não o atingiu. Naquele momento Soobin não era o elo mais fraco entre os dois e o alfa não podia tocar nele naquele lugar, uma considerável parte do seu pavor e aperto no peito sendo aliviados, mesmo que seu ômega ainda tremesse um pouco internamente apenas com a lembrança de tudo o que aquele homem os fizeram passar.

Destined • Choi lineOnde histórias criam vida. Descubra agora