Morwen Montorya
Sinto os toques por todo meu corpo,calafrios percorrem meu corpo,me causando uma sensação completamente desconfortável,mas bem conhecida por mim. Meu corpo está coberto por feridas,algumas cicatrizadas, por outro lado outras são bem recentes.
É repugnantemente,sinto angústia,nojo.Mas principalmente,eu tenho medo.
Venho sido tratada com brutalidade e desprezo desde que ele me trouxe para cá. Sou apenas um objeto na visão dele. Eu não consigo compreender como um ser humano consegue tratar a própria filha de tal maneira. É desprezível, eu... bom eu sou apenas uma criança,e nunca o fiz mal, eu o amava, mas aos olhos de meu pai, tenho que ser criada desta forma, para continuar com os negócios da família.
E bom,este é o meu castigo por ter nascido mulher.
Sentada na varanda do meu quarto,terminando com o quinto ou sexto cigarro, me recordo de tudo que vivi até aqui, eu ainda tenho algumas cicatrizes, feridas que nunca vão se curar.
Mas de que isso importa,eu finalmente voltei,e está mais do que na hora de revelar que esses longos anos de tortura me fizeram muito pior do que ele possa imaginar. Ele me manteve em cárcere privado por anos, aniquilou minha infância, me deixou crescer em meio a um complexo de caos onde ser constantemente torturada, fazia parte do "treinamento", cresci rodeada de homens que me tocavam sem o meu consentimento,mas eles possuíam a permissão do meu pai,então a minha palavra pouco importava.
Eu até poderia me vitimizar, viver quieta pelos cantos,acanhada, com medo dele, assim como minha mãe um dia o fizera, mas alguém precisar quebrar esse ciclo ridículo da família Montorya. Esse alguém será eu. Não que eu queira me rebaixar ao nível deles, muito pelo contrário, esses anos me ensinaram que eu preciso ser pior.
Com tudo, eu não irei ser a vítima, serei a porra da vilã , e mal sabem eles que o monstro em que me tornei, foi especialmente culpa deles.
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Decidi perambular pela cidade,na esperança de canalizar toda raiva que eu estava sentindo,desse que voltei a conviver com a minha família. Eu nem me lembrava o quão insustentável é estar com pessoas que te adoecem.
Eu gostaria de ter nascido em uma família normal.
Angelins City é uma cidade calma olhando por fora,mas se você soubesse o que acontece por trás das maiores e requisitadas famílias daqui,sentiria nojo e talvez nunca iria quererem pisar o pé aqui.
Acelerando o mais rápido possível por essas pacatas ruas,molhadas pelo sereno que caía do céu,consegui avistar um rosto família. Apesar de tê-lo visto apenas uma vez depois que o meso havia crescido, é inevitável não reconhecê-lo.
Renzzo Salvattore estava cercado de alguns garotos,que riam alto e aparentemente comemoravam, estavam fardados com o uniforme do time de futebol local. Renzzo portava a camisa número 10, completamente previsível. Eles estavam em uma lanchonete que normalmente deve ser frequentada por esse tipo de jovem rico. Decidi descer da moto e talvez quem sabe tomar uma cerveja,fumar um cigarro, e tentar entender o que me intrigava naquele garoto um tanto quanto elitizado e clichê
Escolhi uma mesa estratégia,sentada próxima a mesa do garoto.
-Com licença senhorita,gostaria de pedir algo?- um garçom com uniforme branco e preto se aproximou da mesa ,com um sorriso e simpatia no rosto,mas seus olhos exalavam cansaço
-Me traga uma cerveja, e um cinzeiro, por gentileza.- emiti um sorriso sem mostrar os dentes,o rapaz assentiu e logo em seguida se retirou.
Acendi mais um cigarro, peguei em mãos a cerveja,e dei um gole amargo.
Olhava e escutava atenta a mesa a minha frente. Coisas do tipo "É bom ser do time,sempre consigo lanhar varias gostosas"
Moleques repugnantes.
Um dos caras reparou minha presença no local. E logo pude perceber que eles me encaravam de maneira nada discreta.Renzzo por outro lado evitava qualquer tipo de contato visual.
Continuei com a minha bebida,e apreciando cada tragada ,não importando muito com o mundo ao meu redor.Alguns minutos se passaram e vi que os mesmos levantaram em direção a parte de dentro da lanchonete.
-Morwen, né?- Fixei meu olhar a figura masculina na minha frente.- Não sei se lembra de mim mas eu sou o Renzzo,como vai?
-Estou bem,e você?.- Soltei a fumaça que havia presa em minha boca,e o mesmo ignorou,mas percebi desconforto do mesmo.
-Ando ótimo. O que faz aqui sozinha? Não é meio perigoso para a mais nova residente aqui de A.C andar por ai sem nenhuma pessoa para acompanhar?
-Eu sei me virar.- A ironia na minha fala era paupável.
-Bom,eu e meus amigos gastaríamos de saber se você quer se juntar a nós. Estamos comemorando mais uma vitória do time.
-Obrigada pelo convite,Salvattore,mas não estou afim de escutar você e seus amigos falarem sobre bolas e garotas.- Estava totalmente nítido meu desinteresse em estar junto com aquele grupo.
-Claro,é quem sabe em uma próxima Montorya.-Sorriu sem graça e se retirou.
Algo nele me desequilibrou( não que eu já não fosse desequilibrada) . Talvez sua aparente ingenuidade tenha me despertado um interesse a mais ,no herdeira adorado.
Ele será um passa tempo,está decidido.

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Mergulhando no inferno
FanfictionA obsessão te leva a fazer coisas que até mesmo o próprio diabo pode temer. É necessário agir com certa brutalidade para estar ao topo do mundo. Ter crescido em um âmbito doentio e brutesco fez com que Morwen, se tornasse incapaz de discernir o erra...