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Harry abriu os olhos, mas ainda tinha aquela sensação de estar fora de si. Ele olhou ao redor, procurando algo que pudesse o localizar, mas era apenas um quarto frio e escuro. Ele tateou o chão, onde estava deitado de costas e conheceu aquela textura. Estava sobre palha. Não era bem uma cama, mas o projeto de uma, assim como ele conhecia bem, pois no bordel, logo quando começou trabalhar, era seu meio mais confortável na estalagem.

Foi então que ouviu passos. Ele se sentou rapidamente, se dando conta de que estava com o rosto ainda sujo de lama e sangue, ele levou a mão até a cabeça, onde havia a fonte do machucado, e gemeu de dor. Pelo menos suas mãos estavam libertas e talvez assim pudesse lutar e correr de onde quer que estivesse. Ele se arrastou até o canto do quarto, apoiando as costas na parede de pedra gélida. Um clarão se aproximou e ele conseguiu ver que era um candieiro, a chama abria caminho pela escuridão do que parecia um corredor.

Tochas foram acesas ao seu redor, fora das grades que ele agora enxergava. Era um soldado, usando as mesmas vestimentas que aqueles que foram ao bordel. Roupas de couro vermelha, botas e a espada numa bainha de suas calças. O homem não abriu a grade e sequer trocou uma única palavra com ele, apenas se retirou, o deixando com o coração acelerado e as mãos trêmulas. Aquilo era obviamente uma prisão, o que o deixara surpreso, já que achou que seria executado no meio da rua, com uma espada passando por seu pescoço como se fosse um queijo fresquinho.

Ele ficou de pé com dificuldade sentindo o corpo dolorido e caminhou até as grades. O corredor era enorme, haviam outras celas, mas nenhum sinal de mais prisoneiros além de si. Harry ouviu mais passos, mas dessa vez não se afastou, permaneceu onde estava, ainda que seu peito estivesse agitado.

— Se apresente. — Um dos dois soldados disse, firme.

— Onde está a minha irmã? — Apertou o ferro com força, como se pudesse quebrar de alguma maneira inimaginável.

— Se apresente. — Repetiu.

— Harry Styles. — Disse entre dentes.

— Harry Styles, você será julgado pelo crime de rebeldia sobre as ordens do rei, — O outro soldado estava abrindo a cela. O barulho metálico doendo em sua cabeça como pancadas. — incitar uma rebelião contra a guarda e desordem pública. Tais crimes não serão tolerados. Você será executado e exposto na vila, para que qualquer um que pense sobre cometer crimes, tenha um bom exemplo ao vê-lo.

— Para onde levaram minha irmã? Eu quero vê-la. Eu só preciso vê-la. — Ele se afastou, mas não teria chance nenhuma contra dois homens grandes e armados. Ele se debateu, conseguiu se livrar das mãos de um deles, mas logo foi amarrado de novo. Seus pulsos doíam. Ele imaginou que estivessem em carne viva.

— Você será levado ao grande salão de debate. — O guarda prosseguiu. — Onde o conselho e o júri darão o seu veredito. A palavra do rei é a que prevalece.

— Eu tenho um julgamento? — Ele se ouviu perguntando. Seu cabelo estava duro em seu rosto com sangue seco e barro.

— Não exatamente. — O outro soldado disse com uma sinceridade pessoal.

— Então por que essa cena toda? — Ele foi empurrado corredor afora. — Só decepe minha cabeça com um machado de uma vez. Me poupem de humilhação.

— As normas devem ser seguidas. — Disse.

— Fiquei sabendo que o seu rei dispensa normalidades. — Disse num tom irônico, mas então recebeu uma joelhada nas costelas do outro soldado. O mais velho, com um cavanhaque horrendo.

— Senhor vosso rei, também. — O soldado mais jovem disse, o empurrando para onde a luz natural entrava. Ele precisou fechar os olhos com força por conta da claridade. Era dia. Ele piscou algumas vezes, atordoado.

The Last Great King {lwt+hes}Onde histórias criam vida. Descubra agora