Harry se agachou ao lado de Cliff e ficou feliz quando o cachorro se ergueu por conta própria para pular em seu colo. Seu olho esquerdo estava totalmente cinza, uma diferença notável do direito, já que tinha uma coloração escura como carvão. Harry abriu a porta do celeiro e o incentivou a sair, mas só depois de muita insistência e tentativas de levá-lo no colo e correr atrás dele e repetir o ato, que o animal se convenceu de que não havia nenhuma ameaça lá fora.
Harry tentou fazê-lo correr pelo jardim, mas Cliff se cansava rápido demais e descansava na sombra mais próxima que encontrasse. Harry buscou o bacia de água e colocou ao lado do animal e o assistiu beber numa rapidez que o fez rir. Ele sentou debaixo da árvore e deixou que o cachorro deitasse a cabeça em seu colo. Harry só não esperava que uma presença tão desagradável o fizesse sentir-se com zero energia de repente.
— Parece que ele está bem. — Joe disse parando em sua frente.
O cachorro se aninhou mais a Harry como se lembrasse exatamente quem fez aquilo consigo.
— Está sim, Joe. — Harry respondeu sem se dar ao trabalho de encará-lo.
— Sabe, de todo mundo, eu ainda fico surpreso de saber que o rei te escolheu como um parceiro público. — Ele disse, mas Harry ainda se recusava a erguer o olhar.
— É, eu também. — Harry acariciou as orelhas de Cliff. — Ele disse que eu tinha algo que faltava.
— Como você pode ser tão diferente das outras? — Harry soube que ele se referia as outras prostitutas. — É porque ele prefere um pau ao invés de uma buceta?
— Quem sabe? — Sacudiu os ombros.
— Só acho meio baixo o fato de ser um prostituto. Alguém que se deitou com tantos homens que sequer poderia contar. — Naquele instante ele conseguiu o que queria, pois Harry o fitou com os lábios em uma linha reta. A questão de ter as palavras jogadas em si dessa maneira não o abalava de maneira alguma. Mas ali ainda era Joe e aquele homem era um ser desprezível. Um porco se achando digno de insultar alguém. — Mas o que esperar, não é mesmo? Quando seus próprios pais o desprezavam.
— Continue cometendo blasfêmia contra o rei, — Harry disse. — e então terá a cabeça rolando no pátio.
Joe riu alto de modo que sua cabeça fora jogada para trás.
— A palavra de um prostituto contra a de um homem da realeza? — Ele ergueu as sobrancelhas.
— A palavra do companheiro do rei contra um cuidador de cavalos. — O refutou com uma voz firme e então a expressão de Joe murchou como um tomate podre. Harry inevitavelmente sorriu quando os punhos do homem se apertaram ao lado do corpo, um sorriso que ele já vira antes no rosto de William.
Um sorriso de satisfação, mas parecia doer ter que mostrá-lo.
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Harry permaneceu debaixo da árvore por mais tempo do que planejava. O que Joe quis dizer com um homem da realeza? Harry não era bem a melhor pessoa em conhecimentos da monarquia, mas estava certo de que um empregado do castelo não poderia ser considerada da nobreza, muito menos da realeza. Ele pensou por tanto tempo e fez um mapa mental de pouco que sabia da árvore genealógica de William, mas nada acabava em Joe.
Harry ficou ali por tanto tempo que precisou ser puxado dos próprios pensamentos por Niall, que o chamou num tom alto, como se repetisse seu nome por minutos.
— O rei o chama para almoçar junto a ele. — Niall disse. — Devo o escoltar.
— Claro. — Harry apertou os olhos e se ergueu com uma mão que lhe foi oferecida.
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The Last Great King {lwt+hes}
RomanceQuando o bordel em que Harry vive pega fogo por um tumulto que ele mesmo causou, o garoto é capturado como um prisioneiro e levado para o castelo do reino. Tudo o que Harry ouviu sobre o rei enquanto crescia é desagradável. Um homem arrogante que di...