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— Não. — Harry gritou. — Não!

Harry se colocou entre Joe e o cachorro. Ele se virou para o animal devagar, seus olhos tão arregalados que pareciam lacrimejar contra sua vontade. O cachorro ainda latia baixo, ou tentava. Talvez o seu grito tenha distraído o homem ou o apoio da enxada não tenha atingido como deveria, pois sua cabeça não estava como a da ovelha. O cachorro ainda estava vivo, mas o machucado evidente e o sangue o fizeram tremer.

— Saia! — Joe gritou.

— O que está acontecendo? — Zayn se fez presente. Confuso e com uma das mãos sobre o cabo da espada na bainha.

— Ele... ele quer matar o cachorro. — Harry engoliu o nó da garganta com dificuldade. — Ele tentou matar o cachorro.

— O cachorro matou uma das ovelhas. — Disse com impaciência. — Procedimento padrão. Saia.

— Você nem sabe se foi ele! — Harry disse, agora tentando desatar o nó firme da corda.

— Deixe que ele termine o serviço. — Zayn pediu. Harry viu o próprio horror em seu rosto também, mesmo que provavelmente já tenha matado homens com aquela espada.

— Não vemos um lobo desde o último inverno. — Joe rosnou. — Foi ele.

— Não. — Harry sequer o olhou, concentrado em libertar o cachorro, e quando conseguiu, o animal permaneceu deitado. Suas forças haviam sido tomadas, mas ele ainda se reclamava da dor. Não estava morto. — Ele vai viver. Ele consegue viver.

— Harry, o bicho está em sofrimento. Deixe que ele termine. Isso é uma ordem. — Zayn disse com firmeza. — Largue-o!

— Não. — Harry não tinha certeza se era o cachorro ou ele a tremer tanto quando o pegou no colo e ficou de pé. — O médico... o médico pode cuidar dele.

— Harry, o veterinário vêm a cada três meses. O cachorro vai sofrer até morrer. — Zayn gritou consigo. Ele poderia sacar a espada e acabar com aquilo com apenas um golpe, mas Harry sabia que ele não tinha a permissão. Styles estava parcialmente livre de uma execução enquanto fosse um prisioneiro a mandado direto do rei.

— O médico que cuidou de mim. — Esclareceu. — Onde ele fica?

— Eu vou matá-lo junto do animal. — Joe disse com uma impaciência explosiva.

— O médico cuida de humanos, ele não pode fazer nada!

— Eu já terminei tudo por hoje. Minha obrigação do dia como um prisioneiro está paga, eu só preciso ver o médico. — Ele olhou para Zayn, disposto a se ajoelhar se fosse preciso. — Você disse que o médico veria meus pulsos quando eu terminasse. Me deixe vê-lo, por favor.

— O rei vai matá-lo por mim. — Joe disse.

Zayn grunhiu, perdido e pressionado.

— Ande.

Harry tinha o coração na boca enquanto seguia um Zayn mais nervoso que si. Os ombros do solados estavam tensos e frequentemente ele olhava para trás como se não soubesse exatamente o que estava fazendo. A essa altura a roupa de Harry estava ensanguentada com o sangue do cachorro. O cheiro era horrível e forte, o deixando enjoado. Ao seu redor, a escuridão já ameaçava se fechar e o barulho dos grilos estava por toda parte nos arbustos.

— Chame o médico. — Zayn deu a ordem para outro soldado posto na porta de entrada.

O homem correu.

— Onde eu coloco ele? — Harry perguntou. O animal fazia um barulho perturbador.

— Ele está em agonia, Harry. — Zayn disse. — Deixe que eu mesmo acabe com isso. — Ele sacou a espada, mas a manteve baixa ao lado do corpo.

The Last Great King {lwt+hes}Onde histórias criam vida. Descubra agora