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Harry acordou e quando abriu os olhos à procura da presença de outro corpo, franziu o cenho quando não viu Louis ao seu lado. As cortinas ainda estavam fechadas e a lareira quase apagada. Harry bocejou e ao olhar ao redor também não encontrou Cliff. Só levou alguns minutos para ir até o próprio quarto e Lexia aparecer como um fantasma. A menina disse que o rei já havia tomado café com a companhia do rei de Cartys e sua família e que optou por não acordá-lo. Também disse que ele deveria se vestir porque iriam sair para cavalgar em uma hora.

Quando Harry agradeceu e ela saiu, ele não foi imediatamente se trocar, em vez disso sentou na cama e encarou o próprio colo por um longo tempo. Harry puxou as mangas da camisa para cima e analisou as cicatrizes recém saradas de seu pulso. Ambos os braços tinham uma volta completa da marca do que havia sido feridas fundas e feias. Ele apertou uma das cicatrizes e ela não doeu, mas sua insistência fez com que uma dor aguda se espalhasse por todo o braço. Seu maxilar travou e sua respiração foi interrompida quando ele a prendeu.

Ele pensou em Elizabeth.

— A dor passa quando suportamos a agonia. — Ela dizia.

Harry pensou se uma criança realmente precisava passar por tanta agonia. Ele lembrou de como Heynks ia quase todas as noites ao bordel e de como sempre o procurava. Harry lembrou de como o homem o visitou por quatro anos e como aquilo influenciou em seu ódio por si mesmo. Como Heynks dizia que Harry era o garoto perfeito. Um menino lindo. As vezes em que ele ficava no salão e só subia quando pudesse ser o último da noite pois já estava familiarizado que dessa forma Elizabeth acabava esquecendo ou apenas não se importava, já que Harry já havia feito o trabalho tantas vezes que só conseguiria levantar da cama no outro dia à tarde. Ela ficava ainda mais satisfeita quando ele só conseguia se arrastar até o banheiro e ela sorria quando precisava colocá-lo de pé pelos cabelos.

Heynks dizia que Harry não precisava fazer nada, que entendia seu cansaço. Um garoto burro e desesperado. Styles achou que ele fosse um homem bom e piedoso, chegou a ficar feliz quando o via passar pela porta. Assim poderia descansar. Ele não se importava que Heynks o enforcasse até que seus sentidos fossem levemente tomados. Também não parecia horrível que o homem continuasse mesmo quando ele já houvesse pegado no sono ou desmaiado de cansaço, ele não se importava que Harry não estivesse fazendo o que Elizabeth o ensinou. Heynks parecia um homem bom e de uma compreensão admirável.

As vezes em que ele conversava com Harry antes de sair do quarto. Suas palavras; querido, menino lindo. Harry sorria. Como o homem o fez pensar que Harry valia alguma coisa e como o espancou quando Harry se sentiu seguro o suficiente para vencer a exaustão. Styles queria agradá-lo de alguma forma porque o devia aquilo. Harry pensou que havia alguma coisa ali e pensou que Heynks sentia o mesmo. Achar que quebrar as regras e beijar alguém que estava apaixonado era a coisa certa a se fazer , lhe custou caro. Durante vinte minutos que apanhou sem pausa, naquele quarto aquecido, em cima da cama que mais homens se deitaram do que ele mesmo dormiu, totalmente nu e exposto.

A forma que as palavras; querido, menino lindo. Se tornaram um pesadelo. Como Elizabeth disse que ele se parecia com uma aberração e como ela o ameaçou.

— Se seu rosto ficar horrendo para sempre, você será inútil.

Como ele chorou por um mês inteiro e como ficou mais feliz ao cicatrizar e poder fazer a única coisa que sabia e odiava com tudo o que conhecia. Heynks não queria ternura, apenas um menino que se parecesse com a coisa mais incapaz que conseguisse.

Quando Harry voltou a si, havia sangue em seu braço, mão e calça. Ele franziu o cenho e deu atenção a dor que ele mesmo causou ao cravar as unhas e as arrastar nas cicatrizes. Ele respirou fundo algumas vezes e tentou se convencer de que Louis não seria a próxima queda alta que teria. Harry queria se entregar e mostrar que não têm nada a perder, mas o problema está enraizado em si mesmo e não é culpa de Louis que ele sinta cada toque se parecer como algo indesejado. Eventualmente Louis perderá o encanto quando se der conta de que Harry não poderia ser inteiro por ninguém, nem por si próprio.

The Last Great King {lwt+hes}Onde histórias criam vida. Descubra agora