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No terceiro dia após o acordo, William finalmente foi a sua procura. Harry estava tentando alimentar Cliff - que no momento se recuperava bem -. O cachorro de pêlos negros e porte grande, agora parecia apenas um filhotinho. Seu tamanho fora reduzido por não conseguir comer nos primeiros dias e ele ainda não tentava se aventurar ao levantar. Seus passos foram do feno até os lençóis velhos que Harry conseguiu com uma das criadas. E levando em conta o pequeno espaço do canto do celeiro que usara para deixar o animal, ele não havia andado nem três passos.

Sua ferida não estava tão feia. Hozack disse que estava seca e isso significava estar bem. Um de seus olhos realmente não parecia que iria se recuperar, mas ele ainda tinha o outro e poderia viver dessa maneira.

- Você já cuidou das próprias feridas para estar com tanto tempo para cuidar do cachorro? - A voz de William ecoou pelo espaço e Harry só precisou virar um pouco para ter uma visão completa dele. O homem estava com muitos casacos (assim como si próprio) e luvas pretas de couro.

- Eu posso cuidar de mim mesmo, ele não. - Respondeu e colocou a vasilha com água perto o suficiente para Cliff beber quando sentisse sede.

- Você que pensa. - Ele permaneceu na entrada, certo de que Harry viria até si sem precisar exigir isso, e foi o que ele fez, uma vez que o animal estava devidamente alimentado e agasalhado.

- Eu devo lhe chamar de Vossa majestade ou apenas rei William? - Harry perguntou ao começar caminhar ao lado dele.

- Só... William.

- Não é muito informal? - Ele o olhou, mas William tinha as orbes à frente. - Parece que estou pecando.

- Você cuspiu nos meus pés. - Ele disse preguiçosamente.

- O senhor vai citar isso até quando? - Harry abraçou o próprio corpo quando uma onda de vento gélido bateu em sua pele. Sua nuca se arrepiou, mandado aquela sensação por sua espinha e seus cabelos foram jogados em seu rosto, mas ele não se importou o suficiente para tirar, o frio o obrigava a tentar se agasalhar ainda mais. - Eu estava com raiva e prestes a ser decapitado.

- Troque o senhor por você. - Ele ergueu um dedo, pensando.

- William, você e eu estamos indo aonde? - Harry experimentou a palavra num tom baixo, como se ao ser ouvido por mais alguém pudesse lhe custar sua vida.

- Parece forçado, - Disse. - treine sua espontaneidade. - E então ele caminhou em direção ao estábulo. - Vamos andar a cavalo.

- Eu nunca fiz isso. - Harry quase recuou um passo, ou de fato o fez, já que William colocou uma mão atrás de suas costas e o incentivou a continuar andando.

- Ótimo, ótima técnica de cortejo. - William subiu a mão firme até a parte de trás de seu pescoço e, a forma que Harry se sentiu arrepiar antes, agora fora o dobro da sensação.

Harry pensou em se mexer e se mostrar incomodado pelo toque repentino e inesperado, mas logo avistou Joe selando um cavalo e ao fitar o rosto de William com um meio sorriso, ele soube que as encenações começaram ali. A reação imediata do homem barbudo fora de questionamento, logo a surpresa e então o choque ao se dar conta de que já deveria estar reverenciando o rei. E foi o que ele fez, se atrapalhando um pouco no processo.

- Alteza. - Ele disse com um abaixar de cabeça discreto.

- Bom dia, Joe. - Ele deixou o sorriso alargar mais o rosto. - Prepare outro cavalo, por favor. Harry irá cavalgar comigo.

- Da última vez que o vi ele estava trabalhando como um condenado. - Ele ousou dizer, indo pegar outra sela.

- Descobri que ele era melhor em outras funções. - William disse, em sua voz havia um sorriso discreto. Se Joe entendeu o duplo sentido, Harry não sabia. Mas ele precisou tossir e se afastar um pouco do outro para respirar devidamente.

The Last Great King {lwt+hes}Onde histórias criam vida. Descubra agora