Don't Go

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—Esse filho é meu Sarang?

—O que você está fazendo aqui?—Eu pergunto ao invés de responder a ele.Um caroço enorme se formou em minha garganta e eu estava tentando duramente não deixar transbordar as lagrimas que insistiam em queimar em meus olhos.Eu sentia a sua falta,eu queria dizer mas a mágoa que eu carregava ainda era grande para eu perdoá-lo por tudo o que ele me fez.

—Isso é importante?—Sua voz está quebrada, é doloroso até para ouvir. Assim como a dor em seus olhos,o cansaço em suas feições...Doía em mim ter que vê-lo daquele jeito e saber que quem colocou aquela dor em seus olhos fui eu.

Mas ele tinha culpa também, a minha dor era sua culpa. O meu silêncio era culpa sua... As minhas lágrimas...

—Sim.—Eu soo mais firme do que realmente me sinto.—Quem te deu o meu endereço.Foi a Unnie?—A irritação volta a seus olhos e eu não tento não mostrar o quão afetada eu me sinto .

—Eu peguei uma correspondência na casa dela,quando eu fui perguntar mais uma vez se ela sabia onde você estava .—Diz ele sem nenhum remorso em seu tom.Eu me pergunto se a unnie sabia disso,ela teria me avisado não?Parecendo ouvir meus pensamentos,ele acrescenta.—Ela não sabe disso no entanto...

—O que você veio fazer aqui afinal?—Eu solto a porta e cruzo os braços para tentar mascarar o meu nervosismo.Eu estava tremendo e sabia que a minha pressão tinha aumentado,os sinais do problema constante durante esses oito meses de gravidez começando a aparecer.Mas nem isso fez com que eu retrocedesse e deixasse entrar.Eu não queria ele ali,não agora...Talvez nunca mais.

—Eu tinha que ter certeza que ...—Ele começou e de repente eu pude ver a sua insegurança .—Eu só...—Ele me olha,procurando as palavras certas mas não sabe o que dizer.

—Você não tinha o direito de fazer isso .—Minha voz carrega toda a frieza que eu consegui juntar,todo o ressentimento que eu carreguei durante esses meses que eu passei aqui,sozinha,me perguntando como eu tinha sido capaz de deixar aquilo acontecer.Como eu fui tão cega e tão burra por continuar acreditando nele.

—Eu não tinha?—E lá estava,a descrença ao ouvir as minhas palavras.Ele desvia o olhar por um instante,olhando para cima e segurando o batente da porta tão forte que os nós dos seus dedos começam a ficar brancos.

—Não,você não tinha.—Eu me afastei dois passos quando a minha visão ficou turva.Eu fechei os olhos e respirei fundo. Quando os abri novamente olhai para ele com indiferença e disse,firme e em tom austero,querendo que ele saísse dali o mais rápido possível.—Assim como você não tem o direito de estar aqui.

—Você não pode fazer isso comigo...—Ele parece a ponto de implorar,mas eu o conhecia bem o suficiente para saber que ele não o faria.E ele mostrou seu egoísmo quando disse.—Depois de tudo o que passamos,o mínimo que você me deve é responder a minha pergunta.

—Eu não ..Eu começo a dizer,irritação borbulhando dentro de mim mas paro de falar quando uma onda de tontura de repente me faz cambalear e eu fecho meus olhos tentando fazer a sala parar de girar.

—Sarang..O que há de errado?—Ele pergunta verdadeiramente preocupado e tentando me manter em pé,eu respondo.

—Eu ..Não sei..—Minha voz sai trêmula e baixa e assim que termino de falar,minhas pernas perdem a força e eu quase caio no chão mas ele está lá para me sustentar e me levar para o sofá.Nesse momento a Ollie chega e ao ver a cena,se alarma.

—Unnie..O que há?—Ela vem correndo para onde eu estava e se ajoelha para me examinar melhor.

—Eu não sei Ollie..Estou muito tonta..Dói.—Eu levo a mão à minha barriga e a mantenho ali,tentando de alguma forma fazer parar de doer.Eu engulo em seco e tinha quase certeza de que eu estava prestes a vomitar.Ela pegou meu pulso e mediu o meu ritmo cardíaco e soltou logo em seguida.

—Droga!—Parecendo notar só agora o cara parado no meio da sala,ela pergunta.—Quem é você?E o que fez para ela ficar assim?

—Eu ...—Antes que ele possa dizer algo mais eu solto um pequeno grito de dor.Os dois me olham assustados e a Ollie começa a cuspir ordens.

—Vamos,não fique ai parado ,pegue ela enquanto eu ligo para o hospital para eles prepararem tudo.Ela está com a pressão muito alta e acho que entrou em trabalho de parto.—Eu me assusto com suas palavras mas uma nova onda de dor me atinge e eu esqueço qualquer coisa que não seja a dor.

—Isso é um problema? —Posso ouvir ele perguntar e ele parece com medo.

—Sim,é cedo ainda.Agora mova-se.—Disse ela prática e saiu para ligar o carro.

—Vamos Sarang...—Ele começa a me levantar mas eu estou fraca,a dor em minha barrigada se tornando cada vez pior.Ele me põe de pé e coloca meu braço em torno de seu pescoço e o seu outro braço em minha cintura.Antes que consigamos dar um passo sequer ,eu sinto algo escorrer pela minha perna e quando olho para baixo,vejo sangue em meu tapete. Eu olho para ele com terror em meus olhos.Ele não espera mais e me pega em seu colo e corre comigo para o carro da Ollie.Ele entra comigo no carro e não me solta em nenhum momento,me abraçando por todo percurso e sussurrando que tudo ficaria bem,ele estava ali e não deixaria nada de ruim acontecer.Eu me apeguei a sua promessa querendo acreditar nisso,rezando para que nada acontecesse ao meu bebê.

Quando chegamos,uma maca me esperava na porta do hospital e eles logo me colocaram nela e me levaram para dentro.Ele estava lá por todo o caminho junto com a Ollie e só parou quando foi impedido pelos médicos.Antes dele ir,eu segurei a sua mão e sussurrei.

—Não vá.—Ele aperta a minha mão,leva até a sua boca e a beija,dizendo.

—Eu não irei a lugar nenhum Sarang...Eu prometo.—Eu sinto a inconsciência me arrastando para ela e murmuro mais uma vez.

—Não vá.—Os médicos movem a maca mas eu ainda o ouço gritar.

—Eu estarei aqui por você e pelo nosso bebê.—Isso foi a última coisa boa que eu ouvi antes de perder a consciência.

A última frase que ouvi mesmo foi.

—Corram ou ela pode perder o bebê.

Na sala de espera.

Eu ando de um lado pro outro tentando manter meus nervos sob controle mas sei que é inútil.Eu não vou conseguir me acalmar,não até vê-la sã e salva fora daquele lugar.

No caminho para cá,eu havia ligado para a Soo Jin e avisado a ela o que estava acontecendo.A Sarang iria querer ter a amiga do lado dela ,eu sabia disso.E talvez isso aplacaria um pouco a culpa por ter sido tão imprudente em ter ido visitá-la.Eu nem sequer sabia de seu estado e mesmo assim fui tentar diminuir a minha frustração por ela ter saído de minha vida daquela forma tão repentina.

"Eu sou um idiota." Penso enquanto caminhava naquela salinha que estava começando a parecer menor a cada minuto que ficava sem saber de nada.Nenhum médico havia saído para perguntar ou esclarecer nada.

A amiga dela volta da cantina e me entrega um café.

—Toma.Isso vai ajudar um pouco.

—Duvido.—Eu murmuro mas tomo o liquido mesmo assim,sem me importar se está quente ou frio.Eu continuo a andar e só depois do que pareceram horas,me canso e vou me sentar ao lado da amiga da Sarang.Ela parece estar rezando e nessas horas que me arrependo de não seguir nenhuma religião.Queria poder ter alguma fé a qual me apegar.

Uma enfermeira aparece e eu me levanto na mesma hora.Ela olha para uma ficha e parece levar todo o tempo do mundo para decidir o que ler e o que dizer.

—O responsável pela Sra. Sarang,por favor.—Eu caminho até ela e estou prestes a dizer que sou seu acompanhante quando ouço uma voz atrás de mim dizer.

—Eu sou o noivo dela.—Eu olho para trás a tempo de ver a Soo Jin entrando junto com o JungKook e mais na frente,aquele que deveria ser o noivo da Sarang,presumo,o Kai.Eu lanço a ele um olhar que dizia que ele não tinha o porquê de estar aqui mas ele me ignora,não reconhecendo a minha presença e se aproximando da enfermeira.A enfermeira olha para ele e depois para mim e me pergunta,confusa.

—Você quem é? —Eu olho para ele com desafio antes de me voltar para a enfermeira e responder de forma direta.

—Eu sou Taehyung,o pai do bebê que ela espera.


My Little SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora