Capítulo 16 - DISCUSSÃO DE FAMÍLIA

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Felipe entrou em casa e encontrou Samuel no hall, aguardando por ele.

— Aleksei está te esperando — ele disse, encarando-o com seriedade.

— E tio Grigori? — Felipe questionou.

Ele seguiu pelo corredor, indo em direção ao escritório do irmão.

— Preso no quarto de hospedes.

Sem dizer mais nada Felipe caminhou até chegar ao escritório e Samuel ficou parado do lado da entrada. Quando entrou, Felipe deu de cara com Aleksei sentado junto a mesa, lendo alguns papéis.

— Você sabia que o Nikolai foi aluno destaque na aula de português? — Aleksei falou, de forma calma, levantando a cabeça para encarar o irmão.

— Eu... não, não sabia.

— Foi o que a professora disse para o Santos na última reunião de pais e mestres... que você deveria ter ido.

— Então agora eu também vou ser apenas uma fruta podre?

Aleksei virou a cabeça, o encarando, a expressão de uma completa confusão.

— O que isso significa?

— Desculpa — Felipe puxou a cadeira em frente ao irmão e sentou, afundando nela como se fosse sua cama. — É só que você foi tão frio com o tio Grigori, quase como se não se importasse com ele.

— Eu me importo com tudo que tem relação com a nossa família, Felipe, mas eu preciso ser objetivo — ele esticou o braço sobre a mesa e Felipe segurou em sua mão. — O papai sempre me ensinou que eu deveria proteger você, e isso se estendeu ao Nikolai quando ele nasceu. Vocês são mais parte do meu coração do que eu mesmo.

— Você sempre foi um poeta — Felipe brincou e o irmão apenas balançou a cabeça.

— O tio Grigori pode ser da família, mas ele tentou ferir não apenas a mim, mas você. E parte de mim morreria junto, se algo acontecesse com você. — Ele soltou a mão do irmão e se levantou. — Nunca darei liberdade ou pena a qualquer um que tentar ferir a quem eu mais amo.

— Então você irá matá-lo?

Felipe questionou sem saber se queria saber a resposta. Havia finais muito piores do que a morte, e mesmo sabendo que o tio fora um cuzão, ele não sabia se gostaria de ser informado que ele teve um desses finais.

— Não, eu não irei — Aleksei respondeu. — Ele será punido, mas sei que eu não tenho o sangue tão frio para fazer isso!

Felipe assistiu enquanto o irmão ia até a porta e mandava que Samuel pedisse aos outros seguranças para levarem Grigori até o escritório.

Os dois irmãos Kravtsov esperaram, em silêncio.

Quando Grigori entrou no escritório, os dois se levantaram, encarando o tio que os traíra.

— Então — Grigori falou, a cabeça baixa, encarando o chão. — Qual será a minha sentença?

— Por que você fez isso? — Felipe questionou, o que fez o tio levantar a cabeça para encará-lo. — Nós somos a sua família!

Grigori soltou uma risadinha irônica, o que fez as costas de Felipe se arrepiarem.

— Eu sou? — indagou. — Eu nunca tive espaço de verdade nessa família, sempre estive orbitando ao redor do Hernan e seus herdeiros arrogantes. Só obedecendo, nunca tendo as responsabilidades que eu merecia.

— Você podia ter pedido... — Aleksei começou a falar, mas o tio o interrompeu, subindo a voz.

— Eu pedi! — afirmou, com raiva. — Pedi diversas vezes ao Hernan e ele me negou todas as vezes. Dizia que não era o meu trabalho, que eu não havia sido treinado para nada disso. Ele sempre me diminuiu.

KravtQuim - Máfia e Pão (Irmãos Kravtsov)Onde histórias criam vida. Descubra agora