Felipe entrou em casa e encontrou Samuel no hall, aguardando por ele.
— Aleksei está te esperando — ele disse, encarando-o com seriedade.
— E tio Grigori? — Felipe questionou.
Ele seguiu pelo corredor, indo em direção ao escritório do irmão.
— Preso no quarto de hospedes.
Sem dizer mais nada Felipe caminhou até chegar ao escritório e Samuel ficou parado do lado da entrada. Quando entrou, Felipe deu de cara com Aleksei sentado junto a mesa, lendo alguns papéis.
— Você sabia que o Nikolai foi aluno destaque na aula de português? — Aleksei falou, de forma calma, levantando a cabeça para encarar o irmão.
— Eu... não, não sabia.
— Foi o que a professora disse para o Santos na última reunião de pais e mestres... que você deveria ter ido.
— Então agora eu também vou ser apenas uma fruta podre?
Aleksei virou a cabeça, o encarando, a expressão de uma completa confusão.
— O que isso significa?
— Desculpa — Felipe puxou a cadeira em frente ao irmão e sentou, afundando nela como se fosse sua cama. — É só que você foi tão frio com o tio Grigori, quase como se não se importasse com ele.
— Eu me importo com tudo que tem relação com a nossa família, Felipe, mas eu preciso ser objetivo — ele esticou o braço sobre a mesa e Felipe segurou em sua mão. — O papai sempre me ensinou que eu deveria proteger você, e isso se estendeu ao Nikolai quando ele nasceu. Vocês são mais parte do meu coração do que eu mesmo.
— Você sempre foi um poeta — Felipe brincou e o irmão apenas balançou a cabeça.
— O tio Grigori pode ser da família, mas ele tentou ferir não apenas a mim, mas você. E parte de mim morreria junto, se algo acontecesse com você. — Ele soltou a mão do irmão e se levantou. — Nunca darei liberdade ou pena a qualquer um que tentar ferir a quem eu mais amo.
— Então você irá matá-lo?
Felipe questionou sem saber se queria saber a resposta. Havia finais muito piores do que a morte, e mesmo sabendo que o tio fora um cuzão, ele não sabia se gostaria de ser informado que ele teve um desses finais.
— Não, eu não irei — Aleksei respondeu. — Ele será punido, mas sei que eu não tenho o sangue tão frio para fazer isso!
Felipe assistiu enquanto o irmão ia até a porta e mandava que Samuel pedisse aos outros seguranças para levarem Grigori até o escritório.
Os dois irmãos Kravtsov esperaram, em silêncio.
Quando Grigori entrou no escritório, os dois se levantaram, encarando o tio que os traíra.
— Então — Grigori falou, a cabeça baixa, encarando o chão. — Qual será a minha sentença?
— Por que você fez isso? — Felipe questionou, o que fez o tio levantar a cabeça para encará-lo. — Nós somos a sua família!
Grigori soltou uma risadinha irônica, o que fez as costas de Felipe se arrepiarem.
— Eu sou? — indagou. — Eu nunca tive espaço de verdade nessa família, sempre estive orbitando ao redor do Hernan e seus herdeiros arrogantes. Só obedecendo, nunca tendo as responsabilidades que eu merecia.
— Você podia ter pedido... — Aleksei começou a falar, mas o tio o interrompeu, subindo a voz.
— Eu pedi! — afirmou, com raiva. — Pedi diversas vezes ao Hernan e ele me negou todas as vezes. Dizia que não era o meu trabalho, que eu não havia sido treinado para nada disso. Ele sempre me diminuiu.
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KravtQuim - Máfia e Pão (Irmãos Kravtsov)
RomanceNão faz muito tempo que os Kravtsov se estabeleceram em Minas Gerais, mas o pouco tempo foi suficiente para que se tornassem a família mais importante de Belo Horizonte. Entre contrabandos e a gestão da multinacional KravInc, os irmãos Aleksei e Fel...