Joaquim teve uma agradável noite de sono, apesar de ter sonhado com Felipe arrancando a camisa do corpo, arrebentando os botões e revelando as tatuagens no corpo peludo. Mas isso é o que acontece quando alguém enche muito o nosso saco, não é?!
Claro que é!
Ele e as tias deixaram Rebeca na casa da vizinha que aceitara o trabalho de levá-la a escola naquela semana e seguiram animados em direção a KravInc. Tia Ângela e tia Sabrina não paravam de falar sobre o festival de cinema que haviam ido na noite passada, e depois sobre o bar que haviam passado para comer uma porção de bolinho de mandioca, mas acabaram decidindo tomar alguns chopps.
— Ai, Quim — disse Sabrina, o sorriso largo dominando seu rosto enquanto ela parava o food truck no sinal vermelho. — Ainda bem que você insistiu pra gente dar uma saída.
Ângela, que estava espremida com Joaquim no banco do passageiro, balançou a cabeça concordando.
— Estávamos precisando disso!
Joaquim apenas sorriu de volta para elas, se sentindo contente. Havia muito tempo que não via as tias aparentando estar tão leves assim. Com toda aquela pressão de ir todo dia com o food truck pra praça, contar as moedas pra pagar as contas e ficar recebendo torta na cara o dia todo, nenhum deles se sentia muito em paz correndo atrás do sonho conjunto da padaria.
Na atual situação de guerra, Joaquim jamais admitiria isso em voz alta, mas Felipe realmente os havia dado uma ótima chance ao contratá-los para aquele evento.
*
Eles chegaram à empresa e Joaquim desceu correndo na frente porque precisava ir ao banheiro.
Depois, quando saiu, ele estava seguindo pelo corredor quando deu de cara com Felipe. Em outro momento poderia apenas ter fechado a cara e o ignorado totalmente, mas como estava se sentindo bem naquela manhã, ele disse:
— Já está se sentindo animado? — ele parou a poucos metros do engravatado Sr. Kravtsov. — Amanhã é meu último dia no seu império.
Felipe abriu um sorrisinho e levantou as mãos como se estivesse rezando.
— Finalmente você vai me dar alguma felicidade.
Os dois riram, mas não disseram mais nada. Logo em seguida continuaram seus caminhos.
*
Joaquim havia chegado do horário de almoço há pouco tempo quando Aluísio entrou na cozinha, usando a mesma camisa branca de botões que usara na noite anterior, como barman.
— Aluísio, você não tem mais o que fazer além de vir trabalhar de graça, não? — Joaquim questionou enquanto ralava uma cenoura para preparar o paté que colocaria em minisanduíches.
— Eu não vim trabalhar, eu vim passar o tempo cum um dos meus best friends — Aluísio respondeu, brincando.
Ele puxou um banquinho alto de metal e se sentou ao lado do amigo. O balcão em que Joaquim estava ficava perto da porta e ele conseguia ver os funcionários andando de um lado para o outro no corredor. De tarde as coisas no evento pareciam mais calmas do que pela manhã.
— Você já reparou em como os Kravtsov são estranhos — Aluísio disse de repente, sussurrando perto de Joaquim.
— Sim, mas você falando dessa forma parece um nível de estranheza maior do que o normal — Joaquim brincou.
— Cara, eu tô falando sério — ele afirmou. — Eu acho que... meio que eles são mafiosos.
Sem conseguir se segurar, Joaquim inclinou a cabeça para trás, soltando uma gargalhada alta.
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KravtQuim - Máfia e Pão (Irmãos Kravtsov)
RomanceNão faz muito tempo que os Kravtsov se estabeleceram em Minas Gerais, mas o pouco tempo foi suficiente para que se tornassem a família mais importante de Belo Horizonte. Entre contrabandos e a gestão da multinacional KravInc, os irmãos Aleksei e Fel...