Capítulo 50 - LACUNAS pt. 1

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NO DIA DO AMIGO, ESTANDE DE TIRO DE KRAVTLÂNDIA


— Ah! — Joaquim gritou, após apertar o gatilho, o que não foi muito másculo de sua parte.

Ele abaixou a arma enquanto Felipe batia no balcão a sua frente, iniciando uma crise de risos, o que foi muito degradante.

— Ai eu desisto — Joaquim falou, colocando com cuidado a arma no balcão. — Você é um péssimo instrutor, Felipe!

— Desculpa! — O grandão esticou a mão para tirar o abafador de ruídos das orelhas do padeiro. — Acho que estou acostumado demais que todo mundo ao meu redor saiba fazer isso, vou me comportar melhor!

— Talvez meu trabalho manual envolva apenas amassar pães...

— E segurar em algumas partes do meu corpo — provocou.

Joaquim decidiu ignorá-lo.

— Por que não contrata um segurança pra ficar comigo vinte e quatro horas por dia? Você tem dinheiro.

— Não posso fazer isso porque vai atrapalhar os meus planos!

Joaquim parou, o encarando. Estavam sozinhos no estande de tiros e agora, ao ouvir ele dizer isso, pareceu se sentir ainda mais consciente daquela solidão.

— Quais planos? — perguntou, intrigado.

Felipe respirou fundo, parecendo se preparar para um discurso muito sério.

— Pensa comigo, Quim — era muito fofo quando ele o chamava por apelidos, mas Joaquim se segurou para não derreter bem naquele momento. — Sara até pode ter muito dinheiro por aí escondido pra contratar todos aqueles capangas e comprar armas, mas é impossível lidar com um grupo mafioso estando totalmente sozinho. Eu vejo como é o esforço do Aleksei, sem mim ele estaria surtando.

— OK, é difícil, mas seu tio estava ajudando ela!

— Não, ele era um capanga também, ela o abandonou facilmente demais naquele dia — ele pontuou. — Tem alguém muito mais forte por trás, alguém que provavelmente está comendo pelas beiradas em nossas vidas.

— Não me diz que tá pensando no Mattia — Joaquim cruzou os braços. — Você tá mesmo com ciúmes, não é?!

— Não estou, eu juro — ele respondeu rapidamente. — Quer dizer, não muito. Mas veja só, meu pai tinha um ditado: confiar em um italiano é o mesmo que colocar a mão na boca de um lobo. Mattia apareceu em um momento muito oportuno e foi apresentado a família por tio Grigori. Talvez, ele tenha alguma conexão com Sara.

— Tá, digamos que isso seja verdade — Joaquim aquiesceu. — Qual o seu plano?

— Eu quero descobrir o que ele está tentando fazer, mas ele jamais confiaria em mim a ponto de se aproximar e deixar que eu descubra...

— Então eu entro nessa situação — ele interrompeu, entendendo para onde estava indo essa discussão.

— Sim! Pra mim, faz sentido que ele se aproxime, tente ser seu amigo, talvez aliciá-lo para se voltar contra mim... Eu quero que você esteja preparado para entrar no jogo dele!

Joaquim abriu um sorriso de orelha a orelha, contente por Felipe ter pensado nele para ajudá-lo.

— Eu tô dentro, o que eu preciso fazer?


NO CARRO, DIA QUE FELIPE BUSCOU JOAQUIM NA PADARIA


KravtQuim - Máfia e Pão (Irmãos Kravtsov)Onde histórias criam vida. Descubra agora