KravtQuim - Máfia e Pão (Irmãos Kravtsov)

Capítulo 46 - VILA ROMANO

Ainda naquela noite, Felipe chegou em casa e se juntou a Samuel na cozinha, se sentando com tudo na cadeira em frente ao amigo e roubando um dos mistos que estava em seu prato.

— Você quem fez isso? — Felipe perguntou, dando uma mordida atrás da outra, como o ogro que ele era.

Samuel não era do tipo que sabia cozinhar, o que quer que fosse.

— Não, a namorada do Aleksei, ela passou o dia aqui!

— Namorada? — ele questionou, com um sorriso no rosto.

Em meio a toda aquela confusão, ele ficava feliz em saber que o irmão estava se permitindo se apaixonar novamente.

— Sim, a amiga do Joaquim — Samuel explicou.

Ao ouvir o nome do padeiro, Felipe soltou um suspiro.

— O que foi? — Questionou Samuel. — Brigaram de novo?

Felipe balançou a cabeça — ele andava fazendo muito aquilo ultimamente, parecia até que estava perdendo a capacidade de falar.

— Sam, eu não acredito que estou fazendo isso com o Joaquim...

A frase morreu em sua boca, enquanto o desanimo corria por seu corpo.

— Olha, não sei se entendo bem a situação que estão enfrentando, mas pode confiar, vocês vão conseguir resolver isso!

Felipe jogou o último pedaço do misto de volta no prato.

— Na atual situação que toda essa família está enfrentando, tô começando a ficar descrente que possamos resolver alguma coisa!

*

Naquela manhã, após testemunhar a briga de Joaquim e Felipe na noite anterior, Mattia levantou da cama animado, pronto para enfrentar o dia. Como já era tarde, todos já haviam tomado café, exceto ele e a irmã.

— Que sorriso grande — Bela disse, o encarando com os olhos cerrados. — Ganhou um prêmio?

— Digamos que fui para as quartas de final!

Se sentindo muito feliz com a referência esportista, ele tomou o café rapidamente e foi se preparar para sair.

Ele chegou a Pão de Céu e Joaquim o recebeu com um sorriso tímido, claramente envergonhado.

— Oi, Mattia — o cumprimentou. — Vai querer sonho hoje?

Mattia gostaria de dizer que ele era o seu sonho, mas ao invés disso, ele falou:

— Hoje não. Gostaria de te levar em um lugar!

Joaquim o encarou, curioso.

— Preciso vestir alguma roupa legal?

Minutos depois eles estavam no carro, Mattia dando voltas aqui e ali pelas ruas de BH enquanto saía do bairro. Durante o caminho eles ouviram música e conversaram sobre seus cantores favoritos, o que foi um pouco frustrante porque o rapaz sempre fora fã dos cantores POP da Itália e Joaquim não conhecia nenhum deles.

Ele parou o carro em frente a um casarão antigo, muito parecido com os museus do Circuito Cultural da Praça da Liberdade, e os dois desceram rapidamente. Ao redor do casarão havia um monte de estruturas metálicas, algumas cobertas por grandes lonas plásticas, o que evidenciava que estava em processo de reforma.

— O que é isso? — Joaquim perguntou, parando ao pé da escadaria que levava para as grandes portas de madeira que estavam fechadas.

— Vem comigo! — Mattia segurou na mão dele e o puxou escadas a cima.