Capítulo 21 - A APOSTA

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Em exatas 48 horas o KravtShopping seria inaugurado e Joaquim tinha certeza de que ele era a pessoa mais nervosa com esse evento. No dia anterior ele havia passado todo o seu tempo correndo pela cidade, pegando todos os alvarás que faltavam para o funcionamento da padaria e agora precisava deixá-los no escritório do shopping.

Nos últimos dias ele havia tido a sorte de não se encontrar com Felipe, o que permitiu que ele se concentrasse 100% com as tias na inauguração, mas ele sabia que não conseguiria evitar o rapaz por muito tempo, principalmente quando parecia que ele sempre estava por ali, rondando tudo o que era feito no novo empreendimento de sua família.

Joaquim entrou no escritório e cumprimentou a secretária, que digitava avidamente no teclado do computador.

— Oi, Joaquim — ela disse, sorrindo. A garota já passara diversas vezes pelo corredor da padaria e havia dito que estava ansiosa para provar os quitutes de Joaquim e das tias, e ainda assim ele não conseguia se lembrar do nome dela.

— Vim deixar as cópias dos nossos alvarás — ele falou, gentilmente, e entregou o envelope a ela. — Acho que agora estamos completamente ajustados.

— Ansioso para a inauguração? — ela perguntou, animada.

— Mais do que tudo. Se eu fosse uma galinha já teria botado um pente de ovo!

Os dois estavam rindo alto quando a porta do escritório principal se abriu e Felipe saiu, os olhando com curiosidade.

— Olá — ele disse, fingindo uma tosse que a Joaquim ficou claro o tom de constrangimento.

— Ah... eu preciso ir.

Joaquim se virou, saindo rapidamente do escritório, mas mal tinha pisado no corredor do lado de fora e tomou um susto quando Felipe apareceu ao seu lado.

— Acho que a gente precisa conversar — ele pronunciou a frase meio que vagarosamente.

— Será que precisa? — Joaquim questionou, doido pra sair correndo.

— Acho melhor... pra deixar tudo claro...

— Olha eu não tô buscando relacionamento — a voz de Joaquim se elevou por um momento, interrompendo o que ele dizia.

Felipe respirou fundo e soltou o ar em meio a um risinho.

— Ah que bom, eu também não.

Os dois se encararam e começaram a rir. Joaquim sentia a tensão saindo de seus ombros como se estivesse carregando um grande saco de farinha e finalmente pudesse jogá-lo no chão.

Ele começou a andar pelo corredor e Felipe o acompanhou.

— Eu tava bem preocupado com essa conversa — ele afirmou, cruzando os braços em frente ao corpo.

— Eu também — concordou Felipe, ele puxou as mangas da camisa social até o cotovelo. — Fiquei com medo de te deixar apaixonado por mim!

Joaquim parou de andar. O que foi que ele disse?, ele pensou, tentando avaliar se havia entendido errado.

— Como é? — questionou, soltando um risinho debochado. — Você me deixar apaixonado?

Felipe, que também parou de andar ao ver que Joaquim ficara estagnado, se virou para o rapaz, deixando a cabeça cair de lado.

— Sim — ele afirmou, como se falasse o óbvio. — Eu sei o quão encantador eu sou!

Uma gargalhada escapou pela boca de Joaquim.

— Você sonha muito alto, muito mais fácil você se apaixonar por mim. Eu sou a pessoa mais carismática do mundo.

— Eu sou um cavalheiro, sou lindo e sou ótimo de cama!

— Quem foi que te fez revirar os olhinhos naquela noite? — rebateu Joaquim.

Foi a vez de Felipe soltar uma gargalhada e depois ele se aproximou de Joaquim e disse, bem baixinho:

— Me lembro de ouvir os seus gemidos bem altos. Mais duas daquela e você cai apaixonadinho por mim!

— Fala sério, você tá quase apaixonado, deve passar o dia pensando em mim!

Os dois se calaram de repente, se encarando com as sobrancelhas arqueadas como se fossem dois mutantes telepatas e brigassem dentro de suas mentes.

— Você quer apostar? — Felipe disse, um sorriso surgindo no canto de sua boca. — Bora ver quem consegue fazer o outro se apaixonar primeiro...

— Valendo todas as armas possíveis de conquista? — Joaquim questionou e Felipe balançou a cabeça. — Qual vai ser o prêmio?

— Se divertir vendo o perdedor sofrendo de amor — agora o sorriso de Felipe já estava por todo o rosto.

— Eu aceito — afirmou Joaquim, estendendo a mão. — Mas, quando ganhar, também vou querer cinco mil reais!

Felipe soltou uma risada

— Quando eu ganhar, talvez eu te dê uma compensação pelo coração partido.

Eles apertaram as mãos, firmando a aposta e se encararam por um momento a mais, antes de continuarem a andar, cada um seguindo para um lado diferente.

KravtQuim - Máfia e Pão (Irmãos Kravtsov)Onde histórias criam vida. Descubra agora