Megera

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A Pen é meio descarrilhada das ideias no começo, mas ela tem motivos. Prometo que isso ficará mais claro e mais suave a partir dos próximos capítulos. Esse capítulo tem 22 páginas, então eu o dividi em duas partes. Acho que ainda essa semana vou postar a outra, mas preciso saber o que vocês estão achando! :) Beijinhos

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Finalmente em Dublin
17 de março

Penelope despertou quando um som repetitivo e irritante começou a soar mais alto do que a melodia suave de uma versão acústica de No Light, No Light, ainda da Florence and The Machine.

Ela piscou os olhos várias vezes por conta da claridade e se deu conta de que tinha um peso pressionando seu peito e sua barriga. Sua perna estava formigando.

Quando conseguiu enfim abrir os olhos e retomar a consciência, Penelope notou que o som irritante era do alarme de ré do ônibus que estava sendo manobrado já no terminal de Dublin.

O peso em seu peito se mexeu e Penelope olhou para baixo, arregalando os olhos ao notar a cabeleira castanha e ondulada de Colin.

Imóvel, Penelope tentou rastrear em sua mente como que ele havia ido parar no seu colo, mas nem sequer se lembrava de que tinha dormido de novo. Ela se lembrava de que o motorista os comunicou sobre um acidente envolvendo um caminhão-tanque que havia derramado gasolina pela pista e que teriam de aguardar mais algumas horas até que fosse seguro atravessar aquele trecho.

A situação em que se encontravam, era: em algum momento, Penelope se recostou na parede da janela e cruzou uma das pernas por cima do banco. Colin estava sentado em seu próprio assento, mas com o tronco passando pelo meio das pernas de Penelope e a cabeça deitada exatamente em cima dos seus peitos, um pouco abaixo do queixo. Ela o abraçava com um dos braços e ele a abraçava de volta pela cintura enquanto dormia profundamente.

Penelope não sabia como agir. Ao mesmo tempo em que sentia curiosidade em passar mais alguns minutos apenas observando com atenção os detalhes do rosto de Colin a partir desse ângulo inédito, ela também sentia sua perna doer pela falta de movimento e uma estranheza desconfortável pela situação.

Antes que pudesse tomar alguma iniciativa, o ônibus tremeu abaixo deles e estacionou. Com o tremor e a súbita parada, ela sentiu o corpo de Colin ficar rígido e o observou abrindo os olhos.

Levou alguns segundos até que ele se acostumasse com a claridade e, passando pelo mesmo processo que ela de associação ao ambiente, ele virou um pouco o rosto e parou quando entendeu o que estava abaixo dele. Seguindo o olhar, ele encontrou duas íris azuis o fitando com uma expressão indecifrável.

– Eu preciso que você vá comigo numa costureira – A voz de Colin estava rouca enquanto ele dizia aquilo, com a diversão estampada em seus olhos um pouco inchados.

– Ahn?

– Pra fazer uma almofada com as medidas desses seus garotões aqui – Colin sorria abertamente, referindo-se ao colo dela.

Ele jamais agiria assim - pelo menos, não com Penelope. Mas, na noite anterior, havia definido que passaria a adicionar um pouco de ousadia às frases bem humoradas que fossem dirigidas a ela. Ele notou que a única coisa que parecia tirar Penelope daquele casulo de tristeza era ser pega de surpresa.

No entanto, a surpresa dela com aquilo foi tanta que, mesmo corada, ela começou a se mexer e o empurrar de cima do seu colo - e quase desistiu no meio do caminho quando sentiu a falta do calor do corpo dele a envolvendo.

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