Eleanor? Até mesmo Eleanor não esperava por isso. As várias pessoas ao redor começam a se virar para encararem a garota mais esplêndida da temporada segundo a rainha. Isabella olha para a irmã, que está boquiaberta e paralisada, apenas encarando a todos que a observam. Por um momento Isabella achou que seu nome sairia da boca da rainha, e consegue sentir o alívio imediato dominar seu corpo e expulsar qualquer preocupação ou pensamentos estressantes. Ela não será obrigada a suportar todos os lordes iguais a Luccas Samson. Mas em compensação não terá chances de encontrar algum homem bom nesta temporada, provavelmente teria que esperar um longo tempo para que isso acontecesse. Isso se acontecer.
A música volta a tocar, e a multidão volta a se espalhar novamente, contentes com o fim do mistério. Lady Catherine segura a filha pelo rosto e a beija na testa com emoção.
— Meus parabéns minha filha! Estou tão orgulhosa de você. — a mãe a abraça com emoção, apesar de Eleanor estar parecendo ter levado um choque. — Você merece muito esse título, pode ter certeza minha querida.
E de um a um, Eleanor vai recebendo abraços da família e das amigas, todos felizes e comemorando por ela ter sido a eleita. Isabella fora a última após William a abraçar. Ela apertou a irmã com força e emoção.
— Está feliz? — ela sussurrou enquanto sentia os braços de Eleanor se mexerem para retribuir o abraço.
— Acho que... acho que sim! Mas... como vou enfrentar tudo isso Isa? Eu não sou capaz de demonstrar a personalidade de um diamante, na verdade sou o completo oposto. — Eleanor a respondeu no mesmo tom baixo para que ninguém as escutasse. Após sair do abraço, Isabella agarra os ombros da irmã sorrindo e diz:
— Você tem a nós, sua família. Nós estaremos aqui para te ajudar e te aconselhar a qualquer momento. E pare de se reprimir, você é o diamante mais lindo que Londres já viu. — Eleanor segura as lágrimas que ameaçam despertar em seus olhos, ela abraça a irmã novamente e sussurra um obrigado em seu ouvido. Quando se soltam, Cindy e Emma a enchem de perguntas, e Isabella fica sozinha e pensativa.
Ela terá novamente uma temporada calma, provavelmente com poucas visitas de pretendentes, e a maioria que aparecer serão imediatamente dispensados. Mas em compensação a casa ficará cheia por um longo tempo, todos vão querer conhecer Eleanor Ashford mais a fundo, querer conhecer a beleza que a rainha viu nela. Isabella estará pronta para ajudar a irmã a lidar com tudo isso e a escapar dos homens entediantes e medíocres.
— Está triste, senhorita Ashford? — Isabella nem precisou desviar o olhar para ver quem era, a voz aguda e chata, com um leve tom de prepotência já revela a figura que se aproximou ao seu lado. Isabella se vira e sorri forçadamente.
— Por quê eu estaria, senhorita Balmer? Estou pulando de alegria por minha irmã ter sido a escolhida. — Heloise Balmer estava com mais um de seus vestidos extravagantes e um penteado maior que seu cabelo natural. Ela estava ao lado de outras jovens, todas com a mesma expressão perversa.
— Ah sim. Sabemos que a rainha é sábia, mas provavelmente escolheu sua irmã por pena. A coitada nunca teria chances de superar as outras jovens. — a raiva que havia deixado o corpo de Isabella retorna com força. Ela se aproxima de Heloise com um sorriso cruel e a encara nos olhos.
— Escute bem, Heloise. Eleanor foi a escolhida da rainha para ser o diamante da temporada, a garota mais bonita, mais elegante e que passa uma boa imagem. Duvido que seguindo estes requisitos você sequer fosse cogitada a ser o diamante. Então saía imediatamente daqui, antes que eu faça você pagar por falar uma coisa tão cruel de minha irmã. — um peso imenso se retirou das costas da garota. Tanto Heloise quanto suas amigas se retiram chocadas com o que Isabella falou. Novamente sozinha a garota respira fundo e tenta retirar da mente tudo aquilo que está lhe perturbando. Mas quando olha para o outro lado do pátio encontra Nicholas, sorrindo e passando a mão pelo cabelo extremamente loiro. A garota o encara, e sente aquele sentimento horrível retornando. Ela o odeia.
***
Assim que chegaram em casa a família toda se reuniu para parabenizar novamente Eleanor, que ainda estava perplexa com tudo o que aconteceu. Lady Catherine conversou com os criados e eles estavam prontos para prepararem a casa para as visitas dos pretendentes. Quando todos foram dormir, Isabella se revirava na cama, alterando as posições a cada segundo. A luz da lua iluminava levemente o quarto, e a garota observava a fraca luz antes de se levantar e caminhar para fora do quarto.
Ela começa a descer as escadas e para olhar o grande quadro pendurado na parede, uma pintura magnífica da família toda, inclusive o pai. A mãe segura Julian no colo, que havia acabado de nascer. O restante dos irmãos estavam posando para a pintura e sorrindo. Isabella encara o rosto familiar do pai, sorrindo e com os braços cruzados. Ela sente um aperto no peito de saber que ele não está mais presente, que ela nunca mais poderá dar risada das piadas em conjunto que ela sempre fazia com William ou dos puxões de orelha que ele ajudava Edward a dar.
Quando o Lorde Jonathan se foi, ele levou a alma da família junto. Lady Catherine nunca mais fora a mesma, e durante meses os filhos acreditavam que nunca mais voltaria a sorrir. Isabella, apesar de nova na época, lembra da dor que os irmãos mais velhos sentiram, e lembra de como Edward e William se manteram firmes para ajudar a família no luto. Isabella sentia que a qualquer momento os dois poderiam desabar e nunca mais voltarem, mas isso não aconteceu.
— Eu também sinto falta dele. — Isabella se assusta ao ver a mãe do outro lado da escada, vestida apenas com as roupas de baixo e uma vela acesa nas mãos, o cabelo preto ondulado caindo sobre o colo. — Seu pai. Sinto falta dele.
— Todos nós sentimos mamãe. Ele faz muita falta. — a filha caminha até a direção da mãe, que passa um braço pelo ombro da filha a abraçando.
— Sabe, eu desejo a todos vocês a felicidade e a paixão que senti quando conheci seu pai. Espero que cada um dos meus filhos possam sentir o intenso e maravilhoso sentimento que é o amor. — Isabella sabia que os pais haviam se conhecido em um baile, e que após o encontro não conseguiram mais se desgrudar. Durantes todos esses anos, Lady Catherine contou os melhores e piores momentos de sua relação com Jonathan, inclusive como ele foi levado pela doença terrível que escondia de todos a sua volta. Isabella desejava um amor igual ao dos pais, que ambos se entendessem, se amassem independente de qualquer coisa, inclusive após a morte.
— Seu pai estaria tão orgulhoso de como os filhos dele cresceram. De como Edward e William continuam fortes cuidando da família, de Eleanor ter conseguido se tornar o diamante da temporada. Dos seus irmãos mais novos terem um belo futuro pela frente. — ela hesita por um momento e olha para a filha sorrindo, os dentes reluzindo a luz fraca e amarelada das velas. — E de como você se tornou uma garota forte, e inteligente. Ele seria o homem mais feliz do mundo ao ver o que vocês se tornaram.
— Tenho certeza que seria. — Isabella seca as lágrimas que começaram a escorrer com o discurso. A falta que seu pai fazia não poderia ser preenchida por nada nem ninguém. Tudo o que ela mais queria era que ele pudesse ter visto seus filhos crescerem, e der dado todo o amor e atenção para cada um.
— Agora vá dormir! Está muito tarde para você estar acordada, querida. — a mãe deposita um beijo demorado na testa da filha, e sorri enquanto Isabella caminhava de volta ao quarto. Lady Catherine se vira para o quadro e encosta os dedos no rosto do marido, enquanto sente seu coração se apertando dentro do peito e as lágrimas preenchendo seus olhos.
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𝑨𝑴𝑶𝑹𝑬𝑺 𝑬 𝑹𝑨𝑵𝑪𝑶𝑹𝑬𝑺 | 𝐎𝐒 𝐀𝐒𝐇𝐅𝐎𝐑𝐃 - 𝟏
Romance| " Ela o desejava, e odiava sentir algo tão profundo por ele que não fosse ódio. Ela precisava odia-lo, não poderia sentir algo além por alguém com ele... Mas por que sua respiração parava só de estar ao seu lado?" | 𝐄𝐌 𝐌𝐄𝐈𝐎 𝐀𝐎 𝐄𝐒𝐏𝐋...