Ir para a feira seria encarar o que ele mais teme. Ver Isabella novamente era uma ideia deliciosa, deliciosa de tão estranha. Durante as últimas horas Nicholas vem se questionando tudo em sua vida, todas as escolhas que tomou ao longo dela, tudo o que achava que sabia, mas que pensando muito bem agora... ele não sabia.
Ele sabe que deveria ter acordado, tomado seu café e ido até aquele parque, ter encarado Isabella e esses sentimentos. Mas ficar cara a cara com ela após ele revelar tudo o que disse era impossível, era como se todos do parque pudessem saber seus segredos mais sujos. Ele imagina como a mulher ficou após aquilo, será que chegou a reconsiderar tudo o que achava sobre ele? Ou apenas o achou perturbado? Não tinha como saber.
Nicholas teve que encontrar uma forma de esquecer tudo o que estava sentindo, e após pensar em todos os seus hobbies favoritos ele só conseguiu pensar em um. Então foi assim que no dia anterior Nicholas bebeu até não aguentar mais, tentando de todas as formas esconder ou reprimir este sentimento. Ele sabia que se arrependeria no dia seguinte, que teria que ouvir as reclamações de sua mãe sobre esta atitude. Nicholas temia que em breve se tornasse igual seu pai, um bêbado frustrado.
Mas assim que chegou em casa ele se afundou em sua cama, esquecendo de todas as preocupações que perambulavam sua mente. Inclusive Isabella. Esse era o único modo que a mulher saía de sua cabeça, enchendo ela de pensamentos confusos por causa do álcool.
Assim que acordou, Nicholas já conseguia sentir sua cabeça explodindo de dor, e mesmo com a visão turva ele não enxergava seu quarto direito por causa da luz do sol, que entrava pela janela aberta e iluminava todo o ambiente.
- Mas que... - Nicholas começou a se sentar, se ajeitando na cama de baixo dos lençóis. - Quem abriu as cortinas?
- Fui eu!
Nicholas nunca imaginou que em toda sua vida pudesse tomar um susto tão grande. Óbvio que ele já se assustou antes, na verdade com muita frequência quando era menor, já que tinha que escutar todas as agressões de seu pai contra sua mãe. Mas o susto que ele levou neste momento fora um dos maiores. O homem olha para o lado, sentindo a dor indo embora pela adrenalina, e de pé, com os braços cruzados e uma expressão divertidas estava Kennedy, brincando com uma bola de couro.
- Que merda você está fazendo aqui, Pastring?! - Nicholas se recupera aos poucos do susto, sentindo a respiração ainda pesada e seu corpo um tanto trêmulo.
- Vim lhe visitar, pensei que amigos visitavam seus outros amigos. - Kennedy posiciona a bola em um certo ângulo, e assim que Nicholas se levanta de sua cama ele sente o tecido duro do couro acertando-o no rosto. Kennedy solta uma gargalhada alta ao acertar o rosto do amigo. - Quem diria, eu ainda sou bom em arremesso.
- Você entra no meu quarto, e ainda me ataca com essa bola esquisita? - Nicholas segura o brinquedo e o analisa antes de joga-lo em cima da cama. - Me diga a verdade, o que veio fazer aqui? Pensei que estaria ocupado com a senhorita Crewvil.
- E eu estou! - Kennedy ajuda o amigo a se vestir, jogando suas roupas em sua direção. - Mas hoje ela está ajudando a mãe com os preparativos do baile Crewvil de hoje a noite, então decidi vim lhe visitar.
Nicholas pega o punhado de roupas e se direciona até o banheiro, onde consegue ver a água morna da banheira já preparada para ele. Kennedy o segue enquanto fala, e assim que termina Nicholas sorri e diz:
- Que bom! Mas agora você irá me esperar no andar de baixo, tente achar a minha mãe, provavelmente ela lhe trará muitos assuntos até eu retornar. - então antes que o amigo sequer conseguisse protestar, Nicholas fecha a porta e se prende dentro do banheiro, novamente sozinho em seus pensamentos.
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𝑨𝑴𝑶𝑹𝑬𝑺 𝑬 𝑹𝑨𝑵𝑪𝑶𝑹𝑬𝑺 | 𝐎𝐒 𝐀𝐒𝐇𝐅𝐎𝐑𝐃 - 𝟏
Romance| " Ela o desejava, e odiava sentir algo tão profundo por ele que não fosse ódio. Ela precisava odia-lo, não poderia sentir algo além por alguém com ele... Mas por que sua respiração parava só de estar ao seu lado?" | 𝐄𝐌 𝐌𝐄𝐈𝐎 𝐀𝐎 𝐄𝐒𝐏𝐋...