𝟏𝟎| 𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐃𝐄𝐙

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    Mesmo após dias terem se passado, Nicholas ainda se lembrava de cada detalhe daquela noite. Da proximidade dos dois, da arrogância pairando no ar enquanto ambos se encaravam olho no olho. Os seus seios, subindo e descendo pela respiração acelerada. Nicholas odiava admitir, mas Isabella vem empregando sua mente feito um parasita. A raiva que ele sente por ela nem se compara ao sentimento profundo que controla sua mente quando se lembra dela.

    E mesmo agora, andando pelas ruas de Londres com o sol raiando sobre sua cabeça, o homem só consegue pensar nela, e em como ela consegue o tirar do sério sem o mínimo esforço. Ao seu redor as pessoas conversam e caminham alegremente, aproveitando o dia ensolarado para saírem de suas residências. Nicholas as cumprimenta quando passa por elas, mas percebe estar tão imerso em seus pensamentos que faz questão de o reprimir por isso. Isabella Ashford não vai o dominar desta forma, ela não vai o atormentar e fazê-lo sentir coisas que jamais pensou sentir em relação a ela.

    O homem ergue a cabeça e estampa sua expressão mais divertida, enquanto tenta prestar atenção em qualquer coisa ao redor dele para se distrair de seus pensamentos.

    Assim que acordou, Nicholas teve a ideia de ir visitar um dos clubes de cavalheiros locais, ele sabia da existência porque seu pai considerava os locais como sua segunda casa. Mas como era apenas uma criança nunca foi convidado para ir junto. Ele segue o caminho que disseram a ele, passando por comércios e residências luxuosas. Ele desvia o olhar por um momento e encontra a residência Ashford — que não mudou muito desde a última vez que a viu. Há alguns rapazes parados em frente a porta de entrada, carregando buquês de flores e caixas de madeira, todos com expressões ansiosas e de nervosismo.

    Nicholas entende que eles estão atrás de Eleanor Ashford, que apesar dos comentários continua seguindo seu papel de diamante e aceitando pretendentes em sua casa. Nicholas não concordava com nenhum dos comentários maldosos que a alta sociedade estava fazendo sobre Eleanor Ashford. Ele não a considerava sem graça, ou indigna do título. As pessoas precisavam encontrar algo ou alguém para descontar suas amarguras, e a escolhida da vez foi a pobre Ashford.

***

    O Clube de Cavalheiros Whinters era coberto por belos ornamentos de madeiras, que cobriam a estrutura de concreto azulada. A fachada era discreta, escondendo o fato de que naquele lugar só se reuniam os cavalheiros mais cobiçados de Londres. Nicholas entra no lugar com certa ansiedade, esperando que ele cumpra as suas expectativas. O corredor de entrada acaba quando a grande estrutura retangular surge, com várias mesas e cadeiras espalhadas pelo ambiente, quadros com pinturas belas, janelas com visão para um parque e uma entrada para onde deve ser a sala de jogos. Há diversos homens espalhados com copos nas mãos e falando em uma altura mais alta que o comum. O homem caminha até o balcão, onde há um atendente de roupa chique, com a pele negra e o cabelo crespo bem curto, ele se apoia na bancada com um sorriso.

    — Boa tarde, senhor.

    — Bom tarde. Como vai? — Nicholas não faz a mínima ideia de como ou o que conversar com as pessoas em um clube sofisticado. Mas como sua mãe o orientou, os Blackwood precisam reerguer a reputação e o prestígio que tinham, e os primeiros passos é se apresentar para a sociedade. O homem assente com a cabeça enquanto se afasta da bancada.

    — Vou bem. O senhor é novo aqui em meu estabelecimento, veio de onde senhor...?


    — Blackwood, Nicholas Blackwood. Na verdade estava em uma viagem pelo exterior e decidi voltar para passar a temporada aqui em Londres. — Nicholas se apoia na estrutura de madeira firme que preenche a bancada.

𝑨𝑴𝑶𝑹𝑬𝑺 𝑬 𝑹𝑨𝑵𝑪𝑶𝑹𝑬𝑺 | 𝐎𝐒 𝐀𝐒𝐇𝐅𝐎𝐑𝐃 - 𝟏Onde histórias criam vida. Descubra agora