𝟐𝟐| 𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐕𝐈𝐍𝐓𝐄 𝐄 𝐃𝐎𝐈𝐒

33 4 12
                                    

Assim que anoiteceu, e Nicholas e sua mãe se encontraram do lado de fora da residência Blackwood, onde a noite fria e com ventania faziam as árvores dançarem com fervor, o homem já tinha uma resposta. A sua tarde foi toda fora de casa, perambulando pelos campos perto da residência, cavalgando para bem longe e pensando sobre cada momento de sua vida, alterando tudo o que pensou sentir antes. E agora ele está mais convicto do que sente, ele entende seus sentimentos.

Nicholas abre a porta da carruagem para que sua mãe entre, e após falar para cocheiro qual era o destino da viagem, ele a segue para dentro do veículo. A mulher usava um dos seus vestidos mais elegantes, com joias luxuosas e um penteado com o cabelo preso. Provavelmente está radiante por estar conseguindo fazer as pessoas se lembrarem que os Blackwood já foram o topo da alta sociedade. Mas sua expressão neste momento não é de felicidade, e sim da irritação.

- O que está acontecendo? - ela pergunta, quebrando o silêncio entre os dois. Nicholas a encara por cima do braço, onde está abotoando os botões de sua manga.

- Nada, parece estar acontecendo alguma coisa?

- Não se faça de sonso, Nicholas! Você sabe do que estou falando. - o homem termina de abotoar uma das mangas e logo passa para a outra, esticando o tecido e começando o trabalho.

- Se for sobre o que disse hoje de manhã... Eu estou apenas com a cabeça cheia, não estou nos meus melhores dias. - apesar de ter um pouco de dificuldade no começo, ele consegue abotoar a manga, e dirige sua atenção para a mãe. - E sobre a bebida, eu não tinha nada com que me fizesse esquecer todos esses problemas, então acabei cedendo, mas sei que te incomoda e não vou fazer de novo.

- Problemas? Problemas com o que, filho? - a mulher pega sua mão e a segura, Nicholas sente o tecido das luvas combinando com o vestido roxo. - É sobre o título? Se for pode me contar, quem sabe não consigo te ajudar com algo.

- Não! Não é nada relacionado com o título, pode ficar tranquila, mãe. - ele acaricia a mão da mulher, olhando em seus olhos logo em seguida. - É apenas algo que vem me incomodando há alguns dias, mas é coisa minha, não precisa se preocupar porque já tenho a solução.

- Você sabe que sempre pode contar comigo, não é? Não deixe que a censura que seu pai fazia com você no passado o deixe preso na ideia de que não pode contar com ninguém. - a mãe se levanta e se senta do lado do filho, que lhe dá espaço. Ela agarra seu braço e apoia sua cabeça em seu ombro. - Eu te amo muito, Nicholas. Então se algo estiver lhe incomodando, por mais pessoal que seja, se você quiser me contar, pode me contar. Eu vou estar para sempre do seu lado.

Nicholas sente um conforto genuíno preencher seu coração, seus olhos encherem de lágrimas emocionadas pelo discurso da mãe. Ele a abraça, querendo ficar naquela posição por mais tempo.

- Eu também te amo, mãe. E você saberá tudo logo, logo. Pode deixar que eu mesmo lhe contarei. - a mulher se endireita, olhando para o homem e sorrindo. Ela volta para seu lugar e olha para o lado de fora por algum tempo, deixando que o silêncio predomine o interior da carruagem.

- Acho bom mesmo. - a mulher o encara novamente e sorri com um tom divertido. - Espero que tudo isso tenha haver com alguma jovem.

- Mamãe!

- Ah! Eu espero mesmo, seria incrível se você me dissesse que está prestes a se casar. - Nicholas sorri e coloca a mão no rosto, o cobrindo numa tentativa de escapar das falas da mãe. Mas no fundo ele se questiona: será mesmo que a mãe ficaria tão feliz se ele aparecesse casado?

***

O baile dos Crewvil estava lotado, com carruagens cobrindo todo o belo jardim que ficava em frente a casa. A residência estava festiva e com uma clara iluminação. Os Blackwood caminham em meio a outros convidados, que acabam de chegar. Eles sobem a escada principal, entrando dentro da residência onde a música de uma quadrilha está fazendo todos dançarem.

𝑨𝑴𝑶𝑹𝑬𝑺 𝑬 𝑹𝑨𝑵𝑪𝑶𝑹𝑬𝑺 | 𝐎𝐒 𝐀𝐒𝐇𝐅𝐎𝐑𝐃 - 𝟏Onde histórias criam vida. Descubra agora