𝟏𝟏| 𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐎𝐍𝐙𝐄

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    Assim que avista o filho, Lady Kate lhe entrega uma xícara com um chá feito por uma das cozinheiras. A mulher ficou sabendo por meio dela que o filho estava de ressaca, e mesmo estando descontente com isto ela precisa que ele fique melhor para poder brigar com ele por tomar uma atitude tão libertina.

    — Que isso? — Nicholas coloca a mão no rosto, resmungando de dor de cabeça. A mãe faz ele segurar a xícara com força e começa a caminhar na direção da porta da casa.

    — Não pergunte nada, apenas beba o chá e me siga. — a mulher para antes de sair para o lado de fora da residência, e em cima de uma pequena mesa coleta suas luvas de jardinagem já sujas de terra. Kate adora mexer com as flores, sentir o aromas delas enquanto as pega em suas mãos. A mulher escuta o filho a seguindo para o lado de fora, onde o dia permanece ensolarado assim como os anteriores.

    — O que vamos fazer aqui fora? — ela escuta Nicholas cuspindo o chá e se vira para trás, assustada encarando o filho fazendo careta. — Que negócio é esse?

    — Um chá, Nicholas Blackwood! Um simples chá para curar sua bebedeira em excesso. — a mulher percebe que o filho entende o motivo de sua irritação, e escuta ele se aproximar cada vez mais enquanto ela volta para as belíssimas flores azuis que predominam a entrada da residência Blackwood.

    — Mamãe! Não me trate desta forma por causa de uma bebedeira. Eu não sou o meu pai, e você sabe muito bem disso. — o garoto se espantava da mãe sequer pensar isso sobre ele. Mas quando ela se levanta e olha pra ele com um sorriso, ele se alivia.

    — Não estou lhe comparando com Edgar, querido. Você nunca será igual a ele, sempre foi bom e sempre vai ser. Mas... ver você fazendo os mesmos atos que ele fazia... me deixa desconfortável. — o garoto a abraça e sente seu suspiro aliviado.

    — Não se preocupe mamãe. Não vou mais chegar em casa desta forma, prometo. — a mulher sorri, parecendo agradecida pela promessa. Ela indica a xícara com o dedo e volta para o chão, onde começa a analisar as flores. Nicholas bebe um gole do líquido com gosto amargo e salgado.

    — Lady Fairfax nos enviou um convite. Ela fará o terceiro baile da temporada e falou para comprarmos máscaras. Pelo visto ela quer deixar todos embasbacados com o baile dela. — uma muda se retira com facilidade do emaranhado de flores, Kate a pega e a enterra debaixo da terra enquanto conversa com o filho, que a toda hora faz grunhidos de nojo. — Da para parar de fazer este barulho?

    — Me desculpe, isso com certeza foi a pior coisa que já bebi na vida. — Nicholas termina de beber o chá e abaixa a xícara, olhando ao redor do jardim enquanto cobre sua visão da luz forte do sol. — Bom, nunca fui a um baile de máscaras, será algo diferenciado, com certeza.

    — Sim, de fato! Irei a modista hoje a tarde para encomendar um vestido e uma máscara. Quer vir comigo? — Nicholas, diferente de ontem, só queria ficar em sua casa, longe da multidão da cidade. Ele nega o convite da mãe com educação.

    — Não, vou ficar aqui e terminar de resolver uns assuntos pendentes. — ele mente, afinal não tem nenhum assunto pendente para resolver. A mãe sorri e volta sua atenção para as flores. Nicholas respira fundo, sentindo o belo aroma do jardim. Ele sente sua cabeça melhorando, e se sentindo cada vez mais disposto.

***

    Quando a tarde chegou em Londres, Lady Kate perambulava entre os tecidos mais diversos da modista Madame Luxia, enquanto Nicholas se preparava para cavalgar pelos parques por algum tempo. Seu governante mandou um dos criados preparar um dos melhores cavalos da região, e após algumas horas ele surgiu, com os pelos negros e sedosos, e uma sela tradicional. O homem agradece ao criado e monta no animal com facilidade, lembrando dos velhos tempos. E mesmo fazendo uma atividade que gosta, o rosto e a lembrança de Isabella surge em sua mente, o perturbando e o tirando do que realmente interessa.

𝑨𝑴𝑶𝑹𝑬𝑺 𝑬 𝑹𝑨𝑵𝑪𝑶𝑹𝑬𝑺 | 𝐎𝐒 𝐀𝐒𝐇𝐅𝐎𝐑𝐃 - 𝟏Onde histórias criam vida. Descubra agora