DE TODOS QUE AMEI, VOCÊ FOI DIFERENTE

Capítulo 35

O letreiro destaca a fachada de arquitetura georgiana do Drury Lane Teatro, mesmo estando do outro lado da rua, posso sentir o cheiro de luxo e um formigamento percorre minhas veias. Eu não estava preparada para um interior com tom de bordô luxuoso adornado por luzes em tons dourados, me fazendo viajar por entre a Londres do passado e do presente. Os tons de dourado evidenciam o poder e elegância que o lugar conserva. Eu não saberia explicar quais tons de emoções viajaram pelo meu ser durante o concerto de piano n.1 op 23 de Tchaikovsky, enquanto a pianista russa conduzia o número com camadas de emoções e expressividade que eu poderia comparar a orgasmos, só que coloridos e com texturas diversas. O piano invadiu cada partícula do meu ser, e como se fosse um só fio, enrolou e desenrolou tristeza, alegria e felicidade, tudo ao mesmo tempo, sem que eu pudesse controlar. Leon me deu a maior experiência da minha vida, e mesmo sendo incapaz de dizer qualquer coisa eu sei que, desta vez, meus olhos disseram tudo.

Leon toca minha coluna, enquanto de forma sutil me conduz para a mesa reservada por Raul em um restaurante bastante elegante. Cada toque dele é como se uma pétala de flor se abrisse no meu peito, me deixando confortável o suficiente para aceitar que Leon, está interessado em mim, e que ao contrário de Daniel, tem me mostrado coisas incríveis, oferecendo experiências que eu sempre quis viver. Meu vestido vermelho de mangas três quartos e decote arredondado, é um tanto justo e deixa meu ombro a mostra. Me sinto bonita quando vejo meu reflexo, com Leon logo atrás em um terno preto, com cabelos controlados pelo gel, parecendo mais velho que um universitário de 23 anos. Respiro fundo quando ele pega minha mão.

— Raul, já chegou.

Sentado e pensativo em sua camisa branca e terno preto, meu irmão tem os cabelos penteados de forma bagunçada e sexy, com uma mecha caindo na testa, destacando o verde dos olhos.

— Lys você está linda, irmã.

Raul se levanta, me abraça, dando os dois beijos no rosto, não sem antes pegar minha mão e fazer com que eu dê um giro 360 graus.

— Obrigada, você também está lindo.— Eu estico o vestido, puxando a barra que subiu para as coxas. — Aliás, vocês dois.

Encaro Leon e seus olhos tranquilos e controlados, capazes de esconder todos os segredos que eu não consigo disfarçar, já que depois de elogiá-lo, meus olhos vão diretamente para o chão. É como se todos ao redor soubessem que nos beijamos hoje mais cedo.

— Sentem-se. Estou esperando uma amiga. — Raul parece ansioso e olha para o relógio pela segunda vez desde que nos encontramos.

Me sento, seguida por Leon que se senta ao meu lado, depois de puxar a cadeira para mim.

— Catherine chegou, volto já. — Raul, avisa levantando-se e indo em direção a porta.

Um funcionário vem até mesa e deixa um jarro de água, saindo em seguida.

Dois minutos mais tarde, acompanhado de uma loira tão alta quanto ele, Raul apresenta Catherine, magra e alegante em seu tubinho preto, e com os cabelos loiros quase brancos, presos em um coque sofisticado. A loira cumprimenta Leon e parece que já se conhecem. Me dá dois beijos, de forma elegante e cordial.

— Catherine, esta é minha irmã, Elysia Brooks Costa.

Eu sorrio para a loira que só não encara primeiro meus pés, porque a mesa está entre nós, mas posso sentir o cheiro de desprezo de longe.

— Lys, esta é Catherine Stourton.

Feitas as apresentações, Raul pede um vinho e uma taça de champanhe para a loira, que claramente pertence a classe social que acha que é melhor que qualquer um. A conversa flui, durante o jantar Raul nos distrai contando sobre ter ficado preso no elevator por 45 minutos hoje de manhã quando foi ao escritório de um amigo.