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Hazel

— Hum! — Solto um gemido baixo e apreciativo, abrindo uma pequena brecha de olhos e encontro uma claridade alaranjada. Contudo, não o sinto por perto e atordoada me sento na grama, e fito uma fogueira acesa. — Tristan? — O chamo baixo, enquanto os meus olhos percorrem a semiescuridão da noite ao meu redor a sua procura.

Um barulho atrás de alguns matos altos me deixa um tanto assustada e engulo em seco quando um lobo grande e branco aparece na minha frente. Assustada, me ponho de pé e encaro a fera que me lança um olhar amarelo, porém, passivo e mesmo com medo, dou alguns passos hesitantes na sua direção. Contudo, pacificamente ele me dá as costas e caminha para uma direção e por algum motivo sigo a fera silenciosa, até chegar a um rio estreito de águas tranquilas.

— Tristan? — Volto a chamá-lo, mas sem tirar os seus olhos de cima do animal e estranhamente uma luz se acende atrás dele, e essa cresce gradualmente ganhando mais brilho, força e forma. — Sekhmet? — sussurro surpresa e meu coração dispara de felicidade. — Você voltou! — sibilo, sentindo-me levemente ofegante. Entretanto, ela não diz nada, apenas ergue a sua mão, apontando-me uma direção que não hesito em olhar.

Então o vejo.

— Tristan? — sibilo confusa quando percebo que segura uma criança protetoramente nos seus braços. — TRISTAN?! — grito quando Dárius surge de dentro da escuridão da mata bem trás dele. E pelos deuses, ele parece três vezes maior de quando o vi pela última vez. — Não! — murmuro quando ele se transforma em uma fera abominável, pronto para avançar com suas garras grandes e pontiagudas, semelhantes a mais afiada lâmina. Tristan por sua vez tenta livrar a criança da morte de modo feroz e voraz. Apavorada, olho para a deusa do outro lado. — Pelos deuses, faça alguma coisa! — exijo exasperada. — Salve-os desse monstro! — grito e no ato, tento sair do meu lugar e ir ajudá-lo, mas é como se os meus pés tivessem criado raízes nesse chão e eu simplesmente não consigo me mexer do meu lugar. — TRISTAN?! — Volto a gritar, dessa vez em agonia. No entanto, ele olha para trás, direto nos meus olhos com suas retinas amareladas.

Lembro-me do olhar do lobo de segundos atrás e ofego.

Contudo, puxo o fôlego com força, abrindo os meus olhos e estupidamente ofegante percebo que ainda estou deitada na relva e que tudo foi apenas um sonho maldito. Ainda com a minha respiração descompassada, levo uma mão para o meu peito e tento me acalmar. Contudo, encaro a fogueira acesa bem na minha frente que traz um aroma gostoso de assado.

Assombrada, o procuro ao meu redor.

— Ah, você acordou!

Céus, ouvir o som da sua voz veio como um bálsamo para toda essa agitação dentro de mim e sem pensar duas vezes me levanto e vou para os seus braços, sentindo-me segura neles.

— Ei, o que foi? — Tristan pergunta. Ele percebe todo o estremecimento do meu corpo enquanto me abraça.

No entanto, fasto-me só um pouco, forçando um sorriso para ele em seguida.

— Nada, eu... só... senti sua falta!

— Você parecia cansada, então não quis te acordar.

Forço outro sorriso, dessa vez o beijando calidamente na boca.

— Espero que goste de porco do mato, Senhorita Freyr porque foi a única coisa que encontrei essa noite.

Meu sorriso se amplia.

— Eu adoro! — Torno a beijá-lo. — Mas não volte a me deixar sozinha — retruco e aprofundo o nosso beijo. No ato, Tristan me puxa para o seu colo e as minhas pernas o abraça sem hesitar. — Queria que o tempo parasse — confesso com um sussurro em meio ao nosso beijo. — Queria que esse nosso momento nunca se acabasse.

A REDENÇÃO DO ALFA - O Legado do rei.Onde histórias criam vida. Descubra agora