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Tristan
— Mandou me chamar, Alfa?
— Sim. Entre por favor, Aleron. Preciso de uns conselhos.
O feiticeiro adentra o meu escritório e fecha a porta atrás de si, acomodando-se na cadeira que está de frente para a minha mesa. Os seus olhos cor de gelo me encaram especulativo, enquanto ele aguarda que eu fale.
— Precisa de alguma estratégia? Um cenário de guerra? Ou antidoto para algum mal?
— Como eu disse, preciso que me aconselhe.
— Sobre o que, Alfa?
Em alguns anos enfrentei muitas guerras e já tive que lutar pela minha própria vida. É fácil transformar-me em uma fera indomável, rasgar peles e derramar sangue. Mas, eu não sei nada sobre bebês e seus cuidados. Menos ainda sobre uma grávida. Contudo, é estranho que Hazel esteja tão vulnerável. E é mais estranho ainda que ela durma como se um mundo tivesse se acabado.
— Gravidez.
— O que?
— Quero saber mais sobre isso. Sobre os seus sintomas e tudo mais.
— Me desculpe, Alfa! Mas se quer um conselho, precisa de uma parteira. Eu conheço algumas…
— Eu quero saber de você.
O feiticeiro balbucia.
— Tem notado algo diferente em Hazel? — Ele une as sobrancelhas.
— Ela anda sumida. Não tem praticado os seus poderes há dias.
— Exatamente. Ela anda cansada e fraca. Está sempre dormindo.
— Isso é estranho.
— É o que eu penso. Será que ela está doente?
— Eu posso verificar, mas a entregaria nas mãos de quem conhece.
Respiro fundo.
— Dizem que a tal Luna era uma parteira. E que mesmo após casar-se com Darius, ela continuou exercendo o seu trabalho.
— Então, por que não deixa que ela cuida da Santa?
Levanto-me da cadeira, sentindo-me incomodado com algo. Mas não sei o que.
— Tem algo nessa mulher que eu não consigo aceitar.
— Deve ser porque ela era quem era na hierarquia da alcateia. É normal sentir-se desconfiado, Tristan.
— Talvez você tenha razão. Talvez eu esteja apenas exagerando na minha proteção.
— Tenho certeza de que saberá resolver essa situação, Alfa. Eu nunca vi alguém mais sensato do que você.
Apenas meneio a cabeça.
— De qualquer forma, estou pensando em levá-la a cidade. — Ele arqueia as sobrancelhas especulativas para mim. — Os humanos têm uma maneira peculiar de cuidar das mulheres grávidas. Talvez seja melhor levar Hazel e ter certeza de que está tudo bem.
— Se vai se sentir melhor, faça isso, Alfa.
— Obrigado, Aleron! E, não comente com ninguém sobre essa conversa.
— É claro, Alfa.
— Já pode ir.
Passar o dia inteiro no meio da alcateia, distribuindo tarefas e organizando estratégias para construções de novas casas, para acomodar os nossos membros em Maldagan tomou muito do meu tempo. Contudo, Hazel não saía dos meus pensamentos. Olhar para a janela do nosso quarto e encontrá-la sempre fechada me incomoda e eu penso que já esperei tempo demais.
— Alfa! — Um dos lupinos fala assim que adentro a casa, no final da tarde.
— Onde está Luna?
— Ela está com a Senhora Hazel no jardim.
— Hazel? — Imediatamente aproximo-me de uma janela e as vejo, enquanto passeiam pela grama verdejante. E embora Hazel esteja sorridente e converse tão animadamente com a sua acompanhante, percebo a sua pele um tanto pálida.
Já chega disso!
— Peça para Asterin acompanhar Hazel na caminhada e diga para Luna que quero vê-la no meu escritório.
— Sim, Senhor Alfa! — Ele responde, mas já estou um tanto distante, pois tenho pressa em ter uma conversa séria com essa Beta. Portanto, adentro o escritório e ocupo a cadeira atrás da mesa para esperá-la.
Não demora para Luna adentrar a sala com o seu olhar cabisbaixo e as mãos unidas na frente do seu corpo. Seus cabelos lisos e negros caem na frente dos seus ombros, cobrindo parcialmente o rosto que se mantém abaixando. Eu ordeno que se aproxime e ela se aproxima sem me olhar nos olhos.
A merda toda é que eu não faço ideia se trata-se de respeito ou se ela se esconde atrás desses gestos submissos.
— Eu preciso saber. Como está a Hazel?
— Ela está indo bem, Alfa. — Luna responde tão baixo que é quase impossível ouvi-la.
— Olhe para mim! — ordeno um tanto rude. A garota ergue o seu queixo e quando encontro os seus olhos percebo uma certa relutância neles. — Eu perguntei como está a Hazel? — repito com uma aspereza que não consigo evitar.
— A minha Senhora está sofrendo um pouco com os sintomas da gravidez, mas isso é normal…
— Normal? É normal que a minha mulher se sinta fraca e apagada? Sem forças até mesmo para sorrir?
— São apenas enjoos, majestade. Logo vai passar. Sei que sente a sua falta, meu Senhor, mas Hazel não poderá satisfazê-lo por enquanto.
— O que isso quer dizer?
Luna não me responde. Ela apenas me olha nos olhos e deliberadamente caminha com passos leves na minha direção. A garota segura firme nos braços da minha cadeira e a faz girar, parando-a de frente para ela. E na sequência, Luna se inclina levemente para aspirar o meu cheiro.
— Que porra você está fazendo? — Rasgo um rosnado rude.
— Sou sua escrava, meu Alfa. — Luna sussurra deixando um beijo curto nos meus lábios. — Você pode me usar se quiser.
Meu coração acelera impiedosamente no meu peito e um fogo abrasador de acende nas plantas dos meus pés, alastrando-se por todo o meu corpo, fazendo-me bufar feito um touro enraivecido. Portanto, quando ela eleva as suas mãos para me tocar, seguro tão firme nos seus pulsos, que as pontas dos meus dedos chegam a protestar. Em dor, Luna se curva diante de mim.
— Que merda você pensa que está fazendo? — rosno baixo, porém, colérico, olhando dentro dos seus olhos assustados.
— Me desculpe, Alfa! — pede chorosa e trêmula. — Eu só queria satisfazê-lo.
Irritado, faço-a afastar-se de mim e me levanto da cadeira, afastando-me de uma vez dela.
— Achou mesmo que eu me deitaria com a mulher do meu pior inimigo? — Volto a fitá-la. Luna continua ajoelhada no chão, próxima da minha cadeira e com a cabeça baixa. — Só para você saber. Meu nome é Tristan Tybalt. Eu sou o Rei Alfa Supremo de Maldagan e sou fiel a minha companheira. Hazel é a única que tem a liberdade para me tocar e me satisfazer. Não você e nem nenhuma outra.
— Me perdoe, Alfa! Eu não tinha a intensão… — Volto a me aproximar dela e a faço olhar dentro dos meus olhos.
— Eu entreguei o meu maior tesou em suas mãos. Cuide bem dela, porque se algo acontecer com Hazel, eu não pensarei duas vezes em destruir você.
Luna engole em seco. Entretanto, ela não desvia o seu olhar indecifrável do meu.
— Agora sai e devolva o brilho da minha noiva aos seus olhos.
— Mas…
— Essa noite, ela ficará comigo — aviso. — E você estará dispensada.
— Senhor Alfa, eu…
— Saia agora!
— Mas…
— Agora, Luna!
— Certo, Alfa!
Ela solta uma voz constrangida e quando finalmente sai, vou imediatamente para o nosso quarto. Mas para o meu desespero encontro Hazel está dormindo outra vez. Contudo, decido que não arredarei os meus pés daqui até que ela se acorde e eu veja o brilho dos seus olhos.
***
Na manhã seguinte…
Abrir os meus olhos e não encontrá-la na cama me deixou completamente inseguro. Nervoso, sentei-me no centro da cama e com uma respiração pesada, a procurei com os meus olhos.
— Hazel? — Minha voz sai trêmula e o meu corpo fraqueja ao perceber que ela não está aqui. — Hazel? — A chamo mais alto, saindo da cama em seguida.
Contudo, escuto o som da água caindo no banheiro e curioso, abro uma brecha na porta, soltando o ar que estava preso no lá meus pulmões, quando a vejo debaixo do chuveiro.
Hazel está cantarolando uma música típica da vila dos feiticeiros, onde morou por toda a sua infância.
Sorrio, sentindo o alívio percorrer o meu corpo como uma corrente de água fervente, aquecendo-me por dentro e ansioso para estar com ela, adentro o cômodo, livrando-me das minhas roupas. E em uma fração de segundos, estou dentro do box, tocando o seu corpo com minhas mãos e boca, com calma e reverência. Saboreando a frieza da água em sua pele morna.
Hazel logo se acomoda em meu corpo, colando as suas costas contra o meu tronco e aproveito para fazer uma trilha de beijos.
— Hum! — Ela solta um gemido apreciativo quando as minhas mãos seguram seus seios e os apalpa, em meio aos minúsculos beijos que se espalham por sua pele agora febril.
Como senti falta disso. De nós dois. Dela. Dos nossos momentos.
— Ah! — Outro gemido escapa da sua boca quando a faço virar-se de frente para mim e logo a imprenso contra o vidro molhado do box e tomo a sua boca em um beijo profundo, intenso e cheio de saudades.
— Ah, Hazel! — sussurro áspero e desejoso. Louco para tê-la inteirinha para mim e quando ela geme manhosa, não seguro o meu desejo e toma-la. Portanto, a ergo do chão e sem hesitar, suas pernas me envolvem, dando-me passagem.
Torno a brija-la. Dessa vez faminto e impulsivo. Enfiando a minha língua na sua boca e na sequência, escorrego para dentro dela.
Um rosnado escapa da minha boca quando o seu calor me abraça e o sei aperto me envolve, fazendo tudo dentro de mim virar a porra de uma bagunça.
Nossos sons se misturam. Nossos corpos se completam. E nossos corações acelerados formam a canção que aprendi a amar.
— Pelos deuses, como é bom tê-la de volta! — falo com sofreguidão, encostando a minha testa na sua, mas sem sair de dentro dela.

***
MAIS UM CAPÍTULO COMO HAVIA PROMETIDO NO GRUPO, MOÇADA.

A REDENÇÃO DO ALFA - O Legado do rei.Onde histórias criam vida. Descubra agora