Todos estavam conversando após o jantar quando Bela se levantou dizendo que estava cansada e que iria dormir mais cedo.
Era compreensível sua exaustão.
Depois que a garota me confidenciou os seus demônios do passado hoje pela manhã, algo na minha mente mudou em relação a forma como eu a via. Na minha cabeça Bela era apenas uma garota fraca e influenciável que nunca teve dificuldades verdadeiras na vida; mas a realidade não era essa.
Acordar e dar de cara com o pai morto, para logo depois ser atropelada e ficar entre a vida e a morte é de fato uma experiencia aterrorizante. Ou eu pensava que devia ser assim. Amar alguém e acordar nos braços da pessoa, com ela sem vida, deve ser no mínimo traumático.
E mesmo depois de tudo ela continua sendo boa, calma e serena. Com exceção de ontem. Eu confesso que não esperava aquela reação. Bela nunca levantou a voz para mim, ou pra qualquer outra pessoa que eu tenha visto. Sempre foi carinhosa e compreensiva. Mas por algum motivo, esse lado autoconfiante dela me fez ficar cético.
Talvez eu não conhecesse tanto dela quanto pensava.
Assim que a garota saiu, eu esperei um minuto e fui atrás dela sem me dar ao trabalho de cumprimentar qualquer um na mesa ou disfarçar minhas intenções.
Não precisava daquilo.
Não me importava com a opinião deles, ou com a forma como CJ me encarava, com um misto de receio e reprovação.
Atravessei o corredor e rumei até a sala. Subi as escadas rapidamente, e assim que cheguei na frente do quarto da garota, abri a porta. Bela estava deitada na cama de bruços com o livro que eu lhe dei de manhã.
Seus olhos estavam arregalados de susto.
- Dylan. - murmurou ela, se sentando no colchão. O movimento fez barra da sua camisola rosa clara subir, exibindo suas pernas nuas - O que faz aqui?
Com calma, tranquei a porta e me aproximei da cama sentindo-me como um lobo prestes a atacar a sua presa. Bela era uma linda presa. Com aqueles olhos acinzentados intensos e a pele pálida que com certeza ficaria avermelhada com facilidade.
Ela piscou quando me cheguei ao lado direito, onde estava sentada.
Sorri internamente com os pensamentos que me vieram a mente.
- Vim para dar o seu castigo.
Ela engoliu em seco, recuando levemente.
- O-oque?
Franzi o cenho, fingindo estar confuso.
- Não pensou que a sua atitude ficaria em pune não é? - perguntei, encarando seu rosto - Oh, querida, a essa altura já deveria esperar por isso. - lentamente, levei minha mão direita até a sua nuca.
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Inevitável (MC ABISMO Livro 4)
RomanceComo uma romântica incurável, Bela sempre sonhou em experimentar aqueles romances de filmes que deixam as pernas bambas e fazem o coração acelerar no peito. Aos vinte e dois anos de idade, ainda não havia sentido nada parecido com o amor que seus p...