he doesn't want to have your number.

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-Ana Flávia's pov 🇺🇸🌾

JÁ ERA NATAL, e os pensamentos sobre ele nunca pararam de me perturbar

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JÁ ERA NATAL, e os pensamentos sobre ele nunca pararam de me perturbar. Ele não me procurou no WhatsApp ou no Snapchat, então também não irei atrás.

Porém, seria deveras falta de educação não dizer pelo menos um:
"Feliz Natal! Que Jesus nos abençoe sempre."
Para a pessoa que eu amo e que costumava dizer que me amava, certo?

Muita falta de educação. O que me faz olhar para o Murilo, que estava sentado ao lado da Gabi.

Um dos motivos dos quais eu e Gabriela somos melhores amigas e confidentes, é que também somos primas.

Gabriela Versiani Porto Castela Fernandes.

Eu diria que é um belo nome de princesa.
Mas então eu volto a realidade e encaro minha prima arrancando cutícula da sua unha com a boca.

Enfim, todas as datas comemorativas que passamos em família, temos que ter o prazer de nos fazer companhia. Ou pelo menos era assim até esse namoradinho dela chegar.

—Murilo Huff! Meu grande amigo!— me aproximo dos dois.

—Fala logo, Castela.— ele diz tedioso. Gabi sorri pela forma que conversamos.

Sempre agradável. Suspiro.

—Assim, não é por nada. Mas sabe qual o novo número do Gustavo?

Gabriela me olha em reprovação.

—Eu não sei, mas juro que te falaria se soubesse. Eu tenho o da empresa dele, se quiser. É o atendimento para os Estados Unidos.— pela primeira vez na vida o Huff se fez prestativo.

Ele me entrega um papel com um número escrito, cujo ddd é 11.

—Obrigada.— falo animada e deixo o casal sozinho. Subi ao meu quarto na casa dos meus pais e vejo que já eram dez horas. Ou seja, são meia noite no Brasil.

Disco o número uma vez, mas só dava caixa postal, o que faz sentido, já que é feriado e são meia noite. Eles dizem que o atendimento é 24 horas, então deveriam me atender, certo?

Ligo mais algumas vezes, até uma mulher me cumprimentar no outro lado da linha.

—Olá, empresa Mioto, boa noite!— a moça fala com uma ar de cansaço. Me sinto um pouco mal por ter tirado ela dos seus sonhos.

—Boa noite, desculpe incomodar, mas é uma urgência, preciso falar com o Gustavo Mioto.

—Não se preocupe, o atendimento é 24 horas. Com relação ao senhor Mioto, preciso saber seu nome e sobrenome, por favor.

—Ana Flávia Castela. Diz pra ele que é muito urgente.

—Desculpe, senhorita Castela, mas o meu chefe deixou bem claro que não era para deixar você entrar em contato com ele.

—Impossível. Como assim?— eu suspiro.
—Posso pelo menos deixar meu número?

Ele não quer ter seu número. Sinto muito, senhorita Ana, boa noite e boas festas.

Ela desliga o celular e eu tenho vontade de tacar o meu para longe.

Eu odeio aquele garoto.
Odeio ele por ter feito eu amá-lo muito.
Mas agora, tudo que me resta são as lembranças e a raiva.

—Desgraçado.— penso alto e me embrulho na cama.

Por que ele não quer o meu número?
Porra, é sério isso? Homem bipolar do caralho, ele me amava! Como se deixa de amar alguém em 3 dias?

Obrigada por tudo, universo. Sempre me ajudando na vida amorosa.

Quando ia saindo do meu quarto, recebi um vídeo do mesmo contato que eu tinha ligado. Dei play e vi a cena que eu menos esperava ver.

Era o Gustavo, posando para câmeras ao lado de uma garota loira, segurando em sua cintura e lhe dando um beijo na bochecha, enquanto a mesma sorria vitoriosamente.

Comecei a chorar, mas me controlei para não borrar a maquiagem. Não vou mais chorar por homem escroto.

—Ana?— minha mãe bate na porta e me chama.
—Vem jantar, querida.

Grito um "Já vou" para ela e me levanto contragosto da cama.
Desci as escadas e me sentei do lado da Gabi antes do Murilo.

Ele me olhou com uma cara feia -a mesma de sempre- e deu a volta na mesa para se sentar na nossa frente.

Rezamos e finalmente começamos a comer.

—Conseguiu falar com o Mioto?— Murilo pergunta de boca cheia.

—Murilo!— Gabriela repreende ele. Sorrio da cena. A boca do coitado cheia de farofa e ele falando, derramando tudo na mesa.

Esse menino é inteligente.

—Não. A secretária dele disse que ele não quer ter meu número pra contato nem algo do tipo.— resolvo nem contar sobre o vídeo.

—Eu te falei pra esquecer esse playboy ai.— Gabriela inicia.—Homem só serve pra dar chifre e fazer a gente sofrer.

Huff olha incrédulo para ela.

—Obrigado pela parte que me toca, Gabriela.— ele fala fingindo estar ofendido.

—Menos você, meu amorzinho!— a garota faz vozinha de bebê e aperta as bochechas do namorado.

Que cena ridícula. Acho que nunca ri tanto na minha vida.


Ano novo, finalmente! Eu e meus amigos combinamos de fazer uma viagem juntos pro Rio de Janeiro. A gente programou isso faz quase um ano. Nem acredito que já estamos no avião. Faltam exatos 3 dias pra virada.

E é praticamente impossível não pensar no Mioto quando se fala de Brasil. Vou começar a cobrar aluguel dos meus pensamentos.

Por mais que somos brasileiros, nosso português não é o melhor do mundo, já que a grande maioria foi criada nos EUA.
Tem vezes que até falamos com sotaque, mas quase imperceptível.

O Vetuche, porém, é norte-americano, com os pais brasileiros, e ver ele falando português é a coisa mais hilária do mundo.

Ele sabe falar, mas o sotaque texano é forte demais, fica parecendo um caipirão do sul do país.

Estamos todos sentados na mesma fileira do avião. Dessa vez, eu coloquei moral do Murilo pra ele sentar com outra pessoa, por que eu só viajo se for do lado da Gabi.

Eu morro de medo de avião, a Gabi sabe que eu me dopo pra dormir a viagem inteira, então era melhor MINHA morena ficar do meu lado.

Ainda não decolamos, mas eu já sinto o efeito do remédio chegar. Fechei os olhos e apertei a mão da menina.

—Ai, Ana Flávia!— ela exclama e tenta tirar a mão dali, enquanto eu aperto mais forte.

𝐀 𝐁𝐨𝐢𝐚𝐝𝐞𝐢𝐫𝐚 𝐝𝐨 𝐓𝐞𝐱𝐚𝐬 | miotelaOnde histórias criam vida. Descubra agora