Portuga
- Portuga - Caracol subia de fuzil na mão e cara amarrada- Qual foi
- Pegamo o moleque que tá roubando morador - ele ajeitou o rádio na cintura - quer proceder ou passa pra outro
- Essa põe na minha conta - dei sinal de atividade pros pivetes e desci com Caracol
O moleque tava no chão envolto de três dos nossos. Devia ter uns quatorze anos, tava botando o terror nos lojistas desde semana passada.
A favela pode ser o lugar de despejo dos pobres, mas não é bagunça. O ser humano é movido por princípios, e na favela se tinha alguns.- Roubando morador - agachei, ficando em sua altura - trabalhador - dei um tapa em seu rosto, fazendo os meninos virarem rapidamente o rosto
- Eu sou de menor, eu sei que se vocês fazer alguma coisa comigo, vocês tão fudidos - ele dizia com dificuldade, debaixo do pé de um dos garotos
- Fudido vai ficar você - puxei o revólver das costas e cutuquei seu rosto
De uma coisa ele tava certo, se nós matasse ele a gente tava fudido, é a lei do morro. Mas roubo a morador é um delito grave aqui dentro da favela.
Fui até Caracol e acendi um- Filho da puta tá ciente das leis do Dendê
- E como a gente procede chefia?
- É tiro - puxei com força - manda ele escolher, no pé ou na mão
- Tu vai pagar moleque - ele levantou sua cabeça - escolhe moleque, quer tomar o tiro aonde, no pé ou na mão?
- Escolhe logo meu irmão, porra - um dos radinhos o chutou na altura do peito
- Bora moleque - agachei novamente e assoprei a fumaça em seu rosto
- Escolhe porra, no pé ou não mão - Caracol repetia e o menino se contorcia no chão, lamentando
- Na mão
- Na mãozinha é - ele atirou no pé, o moleque começou a gritar e chorar
- Deixa ele aí - pus o baseado atrás da orelha - boa Caracol - pus meu braço sobre seus ombros
- Valeu pela oportunidade chefe - bati em seu peito, feito um pai orgulhoso
Subimos o morro sendo aplaudidos pelos pivetes, Caracol apresentava um sorriso de orelha a orelha, sabia exatamente o que ele estava sentindo. Satisfação. Satisfação em estar subindo de posição na cadeia alimentar do tráfico
Noronha fumava em frente ao meu comércio, fui até ele- Entra aí - fomos pra trás do ponto fumar
- Matei a saudade da minha surtada - franzi as sobrancelhas e o olhei com nojo
- Tu tem é tesão em ser otário - dei um tapa atrás de sua nuca
- Aquele corpo de sereia - ele demonstrava em gestos com a mão
- Aí Noronha, posso te dar um papo namoral - ele assentiu, já na brisa - fodasse você e aquela ratazana loira, vai pro caralho
- Filha da puta - ele pegou meu baseado e o jogou no chão - sabe o que te falta?
- O que - me impus pra cima dele
- Sexo
- Não fode - dei um tapa em sua cara
- Não fode você - ele deu outro em mim
Parti pra cima dele, ficando por cima, dei dois socos, um na boca e outro no olho. No segundo seguinte ele estava por cima socando meu nariz, dei uma cotovelada na traseira de seu rosto, que começou a sangrar
A regra é clara: se tem sangue, acabou- Sangue - ele deu três tapas em minhas costas e caí pro lado
- Acho que tu tá certo - virei a cabeça rindo
- É - ele cuspiu sangue nos pés de um dos meninos
- Chefe - Pirulito estava de pé sobre nós, rapidamente levantei - seu nariz
- Que que tem - passei a mão por ele, que estava cheio de sangue - filho da puta ladrão - apontei pra Noronha estirado no chão, que gargalhou sentindo dor
- A mãe do Peixeira infartou - ele coçou os olhos - menor tá no hospital
- Da o afastamento pra ele - me aproximei e um cheiro de cachaça subiu - esse cheiro de catinga de cachaça aí porra
- Portuga - ele esfregou a nuca
- Se fosse o Dendê chegando aí, se fosse a polícia, se estourasse uma guerra, você tá pronto?
- Desculpa chefia
- Sai da minha frente - o empurrei contra parede e fui pra frente fumar
O resto do dia foi parado, no outro dia tinha reabastecimento, carga da pura e da boa, ralei antes de terminar o plantão e deixei a molecada na atividade.
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AMANTES
Fanfiction📍Complexo do Alemão "Intensos momentos naqueles poucos instantes nosso tesao tão perto nosso amor tão distante garota eu nunca te pedi pra me entender não posso ser nada além do que um simples amante"