MAIO DE 2001
Ele é uma coisinha tão animada, seu filho. Severus é levado por ele desde o primeiro momento, desde o dia em que Sirius colocou o bebê vermelho, enrugado e chorão em seus braços e tirou fios de cabelo suados de seu rosto com um olhar de pura e desprotegida adulação. Foi como a primeira vez, só que não foi.
Agora, não há um Lorde das Trevas para apaziguar. Não há uma Ordem da Fênix. Ninguém está olhando para ele para resolver seus problemas. Não há alunos esperando que seus esforços medíocres sejam avaliados, nenhum Potter para cuidar, nenhum Albus para lhe dizer o que fazer e o que dizer. Na primeira vez, quando Severus olhou para sua filha recém-nascida gritando, tudo o que ele pôde ver foi a realidade iminente de que este não era seu momento de aproveitar; esta era apenas uma pausa na marcha em direção a um futuro distante e incerto.
Agora, tudo o que ele consegue ver é o rosto do filho, aqueles olhos escuros insondáveis, aquele narizinho minúsculo.
Ele está deitado na cama grande, enrolado em volta do seu bebê protetoramente. SEU bebê, como ele gritaria e berraria de todos os telhados da Escócia se fosse preciso. Chara era um segredo, algo a ser escondido. "Snape a encontrou. Ela foi deixada em uma das casas que os Comensais da Morte invadiram", Sirius disse aos outros. Severus podia ver a mágoa no rosto do vira-lata quando ele disse isso. Ele sentiu ecoar com sua própria dor toda vez que eles se olhavam do outro lado do salão de reuniões, observando os membros da Ordem passarem o pequeno pacote, arrulhando e exclamando sobre a tragédia que era que seus pais tinham sido mortos, sem suspeitar que seus pais eram testemunhas de toda a troca agonizante.
Foram os pensamentos sobre Chara e Sirius que o mantiveram firme naquela última noite de maio, quando as proteções caíram e Voldemort fez sua última jogada. Mas quando tudo foi dito e feito, Severus ficou com uma criança que ele realmente não conhecia. Ela tinha quase dois anos e morria de medo dele; a adaga em seu coração se retorcia toda vez que ela se afastava dele ou franzia o rosto enquanto ele estendia os braços.
Ele dificilmente chamaria isso de uma causa perdida, é claro. Uma vez que ele, Sirius e Chara se estabeleceram em uma nova rotina, ela se acostumou bastante com aquele que a deu à luz. Dois anos depois, alguém dificilmente acreditaria que Severus passou tão pouco tempo com ela na infância. Mas às vezes ele sentia profundamente aquela dor oca quando pensava nisso. Ela se alinhava com os muitos arrependimentos de sua vida que se repetiam em sua mente à noite: juntar-se aos Comensais da Morte, ouvir a profecia, tantas mortes que ele não conseguiu evitar, e a garotinha cuja história tinha sido um grande segredo por um ano e meio.
Desta vez é diferente. Deve ser. Severus sente uma determinação ardente ao olhar para o garotinho que agora está pegando sua mão. Ele a dá, abrindo os dedos para facilitar o agarre, permitindo que a criança babe e roa com gengivas desdentadas. É um pequeno preço a pagar por este momento de conexão. Esta vida é sua criação. Ele será amaldiçoado se alguém tirar isso dele novamente.
Há uma batida na porta. Isso o assusta, e Asterion se contorce infeliz enquanto puxa sua mão do aperto da criança. "O que foi?", ele chama.
"Sev, você se importa em destrancar a porta?" A voz de Sirius está abafada por trás do que Severus agora percebe serem camadas de feitiços de proteção. Ele não se lembra de tê-los colocado. Um tanto perturbado, ele balança sua varinha e a porta se abre, as proteções quebrando de uma vez.
Sirius entra na sala cautelosamente, seus olhos cautelosos. "Está tudo bem?"
"Está tudo bem." Severus volta sua atenção para a criança, que está tentando alcançá-lo. Seu braço se enrola ao redor do bebê, puxando-o para mais perto. Ele observa a pequena boca trabalhando, tentando formar sons que são um pouco difíceis demais ainda. O canto de sua própria boca se curva ligeiramente para cima, e ele é recompensado com um sorriso ensolarado que ilumina o rosto de Asterion e aquece seu coração. Ele havia perdido o primeiro sorriso de Chara. Agora ele avidamente absorve cada um dos sorrisos de Asterion, pressiona cada um deles perto de seu coração e os guarda como um dragão guardando seu ninho.
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Um morcego e seus cães ( TRADUÇÃO )
Fanfiction✅ CONCLUÍDO ✅ Severus e Sirius amam, discutem e criam seus filhos depois da guerra.