JANEIRO DE 2003
Severus franziu a testa para o termômetro, encarando como se pudesse de alguma forma forçar o mercúrio dentro dele a se contrair e abaixar a barra por pura força de vontade. Mas lá estava ele, 39,2 graus, a voz estridente do dispositivo o provocando enquanto repetia: "Trinta e nove ponto dois! Trinta e nove ponto dois! Isso é febre, é isso! Trinta e nove ponto dois!"
Ele empurrou a coisa de volta para a bolsa, deixando-a cair na mesa de cabeceira, seu lábio se curvando em irritação. Ao lado dele, Sirius tossiu. "Não é tão ruim", ele disse asperamente.
Severus olhou para o rosto inchado do marido, sua carranca se aprofundando. "Há quanto tempo você está escondendo isso?" ele exigiu.
"Só comecei a me sentir mal ontem, juro," Sirius disse com outra tosse fraca. "Tomei um pouco de Pepper-Up e funcionou, até agora."
Na verdade, Severus só podia culpar a si mesmo. Ele deveria saber o que estava acontecendo quando acordou com Sirius resmungando e se revirando no sono nas últimas noites. "Espero não ter passado para nenhum de vocês", Sirius suspirou.
"Não é provável," Severus disse. "Eu dei às crianças uma poção antiviral no momento em que te mandei para a cama, e eu mesmo já tive mumblemumps. Estou um pouco surpreso que você nunca pegou."
"Só sorte, eu acho," o sorriso irônico de Sirius foi rapidamente apagado quando um ataque de tosse o tomou. Severus se afastou sem muita discrição. "Você disse que já tinha pegado."
"Isso não significa que eu goste de ser banhado em seu muco."
"Parece nojento, quando você pensa nisso."
"Descanse um pouco," Severus suspirou, tirando o cabelo do rosto de Sirius. "Vou preparar um remédio."
"Uma cura?"
"Não há cura verdadeira, receio. Mas algumas poções podem aliviar seus sintomas. Enquanto isso, terei que acomodar as crianças lá embaixo. Não quero que elas entrem em contato com você."
"Por que não pedir para Remus e Dora cuidarem deles?"
"Por uma semana?" Severus mordeu o lábio inferior, pensando. "Seria ideal tirá-los de casa enquanto você está contagioso. No entanto..."
"Ah, certo..." Sirius gemeu. "Eles têm férias chegando... Quem diabos tira férias em janeiro, eu te pergunto!"
"Pessoas que querem evitar as multidões das temporadas turísticas." Severus se levantou e convocou uma tigela de água e um pano, que ele torceu algumas vezes. "Não, eu simplesmente manterei as crianças lá embaixo. Essa deve ser uma separação adequada."
"Espera, e o Harry?"
Severus quase deixou o pano cair de volta na tigela. "Potter? O que te faz pensar que ele quer ser sobrecarregado com essa responsabilidade?"
"Nós sempre podemos pedir," Sirius disse. "Eu sei que você não gosta da ideia dele te fazer favores, mas pense nisso como um favor para mim, em vez disso."
Franzindo a testa, Severus colocou o pano na testa de Sirius, aliviando um pouco do calor que se agitava sob sua pele. "Você pode perguntar a ele. Eu não vou."
"Vamos, Sev..."
"Ele nunca concordaria em fazer isso se eu pedisse."
"Você não lhe dá crédito suficiente", Sirius disse intencionalmente. "Nem todo mundo é tão propenso a guardar rancor quanto você. Ele não provou isso?" Ele não queria trazer à tona que a palavra de Harry tinha sido a chave para manter Severus fora da prisão, mas ele o faria se fosse preciso. Severus lançou-lhe um olhar furioso e Sirius o encarou de volta indomavelmente, ambos guerreando um com o outro apenas pelo contato visual.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um morcego e seus cães ( TRADUÇÃO )
Fanfiction✅ CONCLUÍDO ✅ Severus e Sirius amam, discutem e criam seus filhos depois da guerra.