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SETEMBRO DE 2007

Ele não estava preocupado, exatamente. Não, era mais como curiosidade. Curiosidade com uma corrente oculta de ansiedade.

A grama estava elástica sob suas patas. O cheiro de chuva ainda estava fresco no ar. Estava anormalmente quente naquele setembro, mas uma semana de chuva estava corrigindo essa situação. Padfoot estremeceu, apesar de todo o pelo desgrenhado mantê-lo aquecido. A umidade que se infiltrava entre seus dedos era desagradável, mas era uma pequena distração de sua missão.

Ele havia prometido a Severus que não faria isso. Jurou, na verdade. Mas ele sabia que Sev saberia que não deveria acreditar nele, e quando ele saiu de casa naquela manhã, ele viu de relance a carranca desaprovadora do marido.

Não que Severus fosse levantar um dedo para pará-lo, é claro. Porque ele provavelmente estava sentindo a mesma preocupação - não, curiosidade . Era isso.

Os terrenos de Hogwarts se recuperaram esplendidamente desde a batalha que havia destruído a paisagem apenas dez anos antes. Retornando à cena, alguém poderia pensar que aqueles eventos poderiam se repetir para ele novamente. Mas Padfoot estava se lembrando de tempos muito mais distantes, tempos muito mais agradáveis. O cheiro, o cenário, eram exatamente os mesmos daquelas emocionantes escapadas ao luar empreendidas em boa companhia e exuberância juvenil.

Ainda assim, essa corrida pela estrada da memória não o impediria de atingir seu objetivo. Parando de vez em quando para cheirar aglomerados de vegetação ou pedras interessantes, Padfoot logo encontrou seu caminho para o pátio norte. Era ali que os primeiranistas se reuniam uma vez por semana para praticar voo, e ele conseguia ouvir suas vozes animadas conforme se aproximava. Ele reprimiu um gemido próprio, então se abaixou até o chão para poder rastejar ao longo da parede sem ser notado.

A extensão gramada do gramado era cercada por altos muros de pedra. Padfoot se acomodou entre um desses muros e uma fileira de sebes que o escondiam bem o suficiente. Dali, ele podia ver a classe reunida em duas fileiras organizadas, uma mistura de cores das casas brilhando em suas vestes escolares pretas. Com as orelhas em pé para ouvir melhor, ele olhou ao redor até vê-la: a garota de cabelos pretos que estava girando sua vassoura, para a diversão de seus colegas.

"Madame Hooch vai te dar uma bronca feia", dizia uma das crianças.

"Eu nem estou nisso", disse Chara, a imagem da despreocupação.

"Ela disse para esperar até ela chegar!"

"Ela disse que não podíamos voar. Eu não vou voar." Ela sempre teve grande prazer em ultrapassar limites. O rabo de Padfoot batia na terra - ela era um pedaço do bloco antigo, aquela ali, uma verdadeira Maroto

"Não sei por que temos que esperar, de qualquer forma", ela continuou. "Quer dizer, estamos nisso há um mês."

"Três semanas", comentou um dos outros, quase em voz baixa.

"Certo, três semanas," Chara fungou. "Estamos praticados o suficiente, eu digo. Por que não nos soltam?"

"Ainda preciso de ajuda...", disse uma garota da Lufa-Lufa de aparência tímida, olhando para a vassoura no chão ao lado de seus pés.

" Você sempre precisa de ajuda com tudo", disse o garoto da Corvinal ao lado dela.

"Ah, cale a boca, Clarence", disse Chara despreocupadamente, agora jogando a vassoura para cima e pegando-a enquanto ela caía.

"Não me diga para calar a boca!" O garoto corou de indignação, e Chara sorriu para ele.

"Você só está chateado porque ela tirou uma nota melhor naquele teste de Transfiguração", disse Chara. "Se você quer pegar no pé das pessoas só para se sentir melhor, então encontre alguém que esteja realmente abaixo de você. Tipo... sei lá... um sapo!"

Um morcego e seus cães ( TRADUÇÃO )Onde histórias criam vida. Descubra agora