Ela sorriu largo com um mistério nos olhos enquanto bebia o líquido alcoólico. Ela jogou o cabelo para trás, abraçou meu pescoço e me puxou para um beijo gentil, mas o fogo me preencheu quando senti seu quadril junto ao meu.
- Eu vou te contar, se me deixar trançar o seu cabelo. - Murmurou no meu ouvido e não contive minha risada.
- Nem pensar. - Respondi segurando o rosto dela.
- Então vai ficar sem saber.
- É direito meu saber.
- Não queira ser o advogado agora. - Respondeu beijando minha bochecha.
Beijei o rosto da mulher que tirou minha vida dos trilhos e abracei sua cintura, me permitindo perder nos olhos dela por um momento. Aquele rosto que eu já vi jovem, com espinhas, manchas, lágrimas, vermelho da mais pura irritação, arranhado e de tantas outras formas. Os cílios longos e escuros, a boca vermelha e as pequenas marcas que se tornar pedra deixou em sua sobrancelha.
- Eu vou ser pai? - Perguntei com uma espécie de esperança e aflição no peito.
- Você quer isso?
- Eu... acho que somos jovens ainda e que não é a hora certa, mas eu adoro a ideia de ter uma filha nossa. - Disse em um fio de voz. - Adoraria fazer café da manhã para as duas.
Ela sorriu e me deu um beijo singelo, olhos marejados que me fizeram errar um palpitar do coração.
- S/N, se você estiver grávida, eu vou assumir tudo, você sabe disso, não é?
- Eu sei, querido. Só me emocionei... sempre pensei que você não quisesse filhos. - Respondeu tirando uma lágrima que insistiu escorrer. - Mas eu não estou, chá de canela e boldo são contraceptivos naturais.
- Ervas... abortivas? - Segurei os ombros dela com uma palpitação forte em meu peito.
Por um segundo eu tive um choque de realidade que não esperava em nenhuma hipótese. Ervas abortivas possuem fortes efeitos colaterais caso ela realmente estivesse grávida e provocaria a morte de um bebê que talvez ela nem soubesse que esperava.
Eu sempre fui cuidadoso, me impedia de gozar dentro assim como evitava entrar nela sem me limpar, mas nada é 100% quando se trata disso.
- Você não deve tomar isso, S/N. Ficou louca? E se você estiver grávida?
Um peso de culpa se instalou no meu peito. Eu não devo me alterar, mas como eu posso me controlar numa situação dessas? Eu devo simplesmente fingir que não é importante? Que não tem parte do meu gene?
- Eu não estou grávida e...
- Como você pode saber? Você provoca o aborto de bebê. - O espanto em seu rosto me lembrou da racionalidade que perdi por alguns minutos que foram o suficiente para fazer uma besteira.
Ela murchou. Os olhos tristes me olhavam enquanto se enchiam com lágrimas. Ela se afastou do meu corpo e senti o frio quando seu calor se foi.
- O que você fez? - Perguntou Gen antes que eu se quer pudesse ir atrás dela.
- Fiz merda. - Respondi me afastando do rapaz.
- A Santa quer falar com você. Esfria a cabeça antes de falar com minha irmã de novo. - Avisou me empurrando até Ruri.
A loira me guiou para um lugar afastado do vilarejo. Falando uma história da qual não me importei muito. A única coisa que me importava era encontrar uma forma de conciliar-me com S/N. Eu odeio quando a chateio e dessa vez uma tecla bate em minha cabeça que vou precisar de muito para conseguir seu perdão.
O que eu faço se ela não me perdoar? O que eu faço para ela me perdoar? Para olhar para mim de novo sem ser com aqueles olhos tristes?
O que eu falei uma... uma besteira enorme. Ela estava apenas tentando ajudar da forma que podia nesse mundo de pedra. Canela e erva-doce são relaxantes uterinos consequentemente aliviam a cólica por conta das contrações que causam, de certo passou a tomar por conta disso e, depois que passamos a ter relações, resolveu continuar para impedir uma gravidez.
- Senku, você está me ouvindo?
- Estou. - Menti.
Estávamos subindo uma colina feita de terra, as lápides de pedra sem nome me lembraram do respeito que devo exercer dentro de um cemitério. Ruri deixou um simples buquê de flores em frente a uma rocha redonda como um copo de cabeça para baixo.
- Me disseram que esses sãos os túmulos do Byakuya e dos outros fundadores.
- Eles bateram as botas há mais de três mil anos. Mesmo que seja verdade, não encontrará um único osso. - Comentei.
Ela contou a história.
Uma história que fez minha mente reafirmar o amor que meu pai tinha por mim e sorri triste. Fechei os punhos e deixei Ruri voltar sozinha. As flores coloridas na sepultura sem cor chamavam a atenção.
- Que saudade... - Admiti baixinho.
Minha garganta se fechando, meus olhos se embargando com a tristeza que me abateu forte. As lágrimas desceram pelo meu rosto com as memórias que vinham em minha mente. Ele soube do meu amor por S/N antes mesmo de mim e foi o primeiro a conhecer ela como minha namorada, empurrou-me para a ciência, os prazeres da vida após o trabalho árduo, as piadas sem graça, as lembranças que mais me doem hoje.
- Eu estaria ferrado se não fosse o seu presente da ciência. - Disse a mim mesmo. - Estou feliz em recebê-lo, milhares de anos depois.
Desci a colina voltando para o vilarejo. A mente pesada e a consciência gritando que eu devia falar com S/N antes de resolver os problemas de uma possível guerra.
Avistei meu cunhado recusando aquela bebida duvidosa e me intrometi na conversa.
- O que aconteceu no Império Tsukasa? - Perguntei.
- Eles estão vindo. Tsukasa e seu exército. - Avisou com um sorriso que me fez suspeitar de sua cumplicidade.
- Enfim, chegou a hora de mostrar para eles o poder do reino da ciência. Isso é empolgante. - Comentei.
Gen revelou a nós os planos de Tsukasa sem polpar detalhes e ele continuaria se os gritos de Ginrou avisando sobre inimigos e meu coração bateu mais forte novamente naquela noite.
- Onde está a S/N?
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Você vai nos salvar, meu doutor
FanfictionUm casal simples e jovem, um aspirante a cientista e uma aspirante a bióloga que sempre estava ao lado do namorado, ambos se amavam incondicionalmente, mas por algum motivo, uma luz verde rondou o mundo, transformando humanos e pardais em pedras. Ao...