Fui obrigada a ficar de cama até que Senku finalizasse o antibiótico. Fui entretida por suas histórias sobre como tudo ocorria, por Kohaku e Suika que vinha me visitar quase todo dia e Chrome que corria para me mostrar cada coisa que aprendia.
Os dias se passavam lentamente.
As poucas atividades que me entretinham e eu podia fazer, eu estava "proibida" por conta de Senku (claro que eu fazia quando ele não estava). Eu não tinha livros, séries, animais de estimação ou qualquer outra coisa que me fizesse passar o tempo. As atividades interessantes que eu tinha estavam limitadas a jardinagem e gastronomia. Quando alguém vinha era uma alegria pois me deixava entretida, então me agarrava nas conversas com força.
Depois de duas semanas nessa rotina monótona e extremamente chatas, chegou o dia que ocorreria a grande batalha pela minha mão e a de Ruri. O chefe da vila veio me buscar no meu chalé e me acompanhar até o vilarejo.
Durante todo o percurso, senti seus olhos nos meus, principalmente quando passamos pela vila da ciência. Conseguia ver Senku com a sua carranca mau humorada enquanto era acompanhada pelo homem ao meu lado e sorri para o rapaz.
Senku era autoconfiante e um pouco narcisista, então era difícil ver ele nervoso como estava agora. Eu sabia que ele ia ganhar a competição e, mesmo que não ganhasse, é apenas com ele que eu iria ficar, então não estava preocupada.
Fui cumprimentada com sorrisos gentis e acalorados quando entrei no vilarejo. Uma recepção rápida e gostosa de se ter. Me sentei ao lado de Ruri na parte alta onde ocorreria a luta. Ela estava mais pálida que antes e percebeu também a minha falta de cor no rosto. Não queria preocupa-la dizendo ter a mesma doença, então justifiquei ser uma gripe normal.
Sentia um frio na barriga. Senku não era do vilarejo, estava conosco há cerca de um ano e finalmente iria pisar em terras proibidas, o que já seria um começo para a encrenca além do fato de ele não ser bem-vindo de forma alguma. Esperava que a violência não começasse antes da hora e que não fosse tão brutal durante a luta.
Meu coração disparou quando percebi alvoroço e o meu amor entrando no vilarejo. O chefe argumentou com a voz elevada para que ele saísse dali, mas Senku não é tolo para deixar com que um homem sem conhecimento de muito o vença em um debate.
O nervosismo tomou-me conta quando o pai de Ruri voltou batendo o pé para perto da filha, tal qual olhava com uma curiosidade evidente para Senku.
Ele estava ali apenas pelos litros de vinho para enfim completar o antibiótico que causaria a melhora corporal minha e de minha amiga. Esse era o objetivo. Não ser paquerado pelas garotas.
Eu não costumava ter ciúmes do Senku. Eu confiava de olhos fechados nele da mesma forma que ele confiava em mim. Ele nunca demonstrou ciúmes ou raiva por eu estar falando com um rapaz pois sabia ser inevitável, mas eu não conseguia fazer o mesmo. Vez ou outra ele recebia bilhetes, mensagens de amor em papeis coloridos e com letras arredondadas expressando palavras melosas, isso antes de namorarmos e até mesmo após o nosso relacionamento ser divulgado.
Eu nunca tinha entregue uma carta para o Senku expressando meus sentimentos, eu não sabia como fazer isso. Eu lia as cartas ao lado dele e achava belo como aquelas garotas podiam expressar os sentimentos mais profundos de maneira clara e que qualquer um entenda. Contudo, Senku não achava isso. Ele sempre deixou claro que achava ridículo tudo aquilo e muito idiota de se enviar, ele não gostava das cartas. Não por causa apenas da melosidade das palavras como também uma falta de respeito enviar para alguém "casado", como ele gostava de dizer.
Casado.
Se Senku vencesse essa luta boba nós iriamos nos casar.
Não.
Não existe e se. Na ciência até pode existir. Mas não entre mim e Senku.
Ele é confiante demais para achar que não vai vencer e que não vamos nos casar. Até pode ser que ele não vença ao considerar o físico... um pouco frágil, mas ele vai arranjar um jeito para que nós dois nos casemos.
Quando ele enfim chegou na arena pequena, Ruri desceu as escadas com dificuldade e, por puro impulso em ajuda-la, fui atrás. Ela falava coisas sem sentido enquanto descia os degraus de pedra.
Senku se virou quando conseguiu ouvi-la e eu não sabia o que fazer.
- Senku, qual é o seu sobrenome? - Perguntou a loira.
Me afastei de súbito com a surpresa. Eram tempos remotos, onde sobrenomes eram dispensados e inexistentes. Ela até tentou explicar o que era o termo como se ele tivesse esquecido e eu ri. Não sabia o que fazer e me afastei um pouco mais, ficando perto do rapaz.
- Não me diga que você é Ishiga... - Ela tossiu.
Uma tosse forte vinda com sangue por conta do vírus que deteriorava o corpo dela aos poucos e que levava sua juventude.
- S/N, você está bem? - Perguntou Senku colocando as mãos em minha cintura e fazendo com que eu me aproximasse do mesmo.
- Como ela sabe? Aqui eles não tem essa cultura...
- Eu também não sei, querida, mas eu tenho um questionário para fazer a ela quando essa disputa fajuta terminar. - Respondeu ele me deixando um selar na cabeça.
Não muito longe, escutei um murmuro maléfico. Magma sussurrava sobre não ter que assassinar a sacerdotisa quando a Grande Luta terminasse, se preocupando apenas como se livrar de mim e me correu um arrepio bravo nas minhas costas. Senku apertou a minha cintura e, deuses, se olhar pudesse matar aquele loiro já estaria a sete palmos do chão.
Fui obrigada a voltar para meu posto ao lado da sacerdotisa e observar de longe o sorriso maléfico de Senku, o que indicava que ele estava aprontando alguma coisa interessante junto da equipe.
A primeira rodada da partida começaria em breve. Ruri estava deitada na cama e pediu que eu narrasse as partidas para que a mesma tivesse um entretenimento. Magma e Kinrou vão abrir a Grande Luta, acredito que será uma disputa interessante.
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Você vai nos salvar, meu doutor
FanficUm casal simples e jovem, um aspirante a cientista e uma aspirante a bióloga que sempre estava ao lado do namorado, ambos se amavam incondicionalmente, mas por algum motivo, uma luz verde rondou o mundo, transformando humanos e pardais em pedras. Ao...