Os dias que se seguiram foram cheios de tensão e silêncio. Kamilinha e eu nos mantínhamos distantes uma da outra, o sentimento de amor e dor persistindo em nossos corações. A traição dela na festa havia criado uma barreira que parecia intransponível, e cada vez que nossos olhos se encontravam, a dor era evidente.
Mesmo com toda a dor, a vida continuava. Hytalo, sempre cheio de ideias, anunciou uma nova aventura para a turma: uma viagem de acampamento. A ideia era passar um fim de semana em uma cabana isolada, longe de tudo e todos, para fortalecer os laços entre nós.
Todos estavam empolgados, mas eu não conseguia ignorar o aperto no peito ao pensar em passar um fim de semana inteiro tão próximo de Kamilinha, mas emocionalmente distante. Mesmo assim, sabia que não podia recusar, então comecei a preparar minhas coisas para a viagem.
No dia da partida, o clima estava tenso. Kamilinha evitava meu olhar, e eu fazia o mesmo. No entanto, quando Hytalo anunciou a divisão dos quartos na cabana, meu coração quase parou.
— S/n e Kamilinha, vocês vão dividir um quarto. — Disse ele casualmente, sem perceber a tensão entre nós.
Tentei protestar, mas Hytalo já estava ocupado organizando o resto da turma. Kamilinha e eu trocamos um olhar rápido, cheio de emoções não ditas, antes de pegar nossas malas e seguir para o quarto que compartilharíamos.
A cabana era aconchegante, com uma sala de estar espaçosa, uma cozinha pequena e vários quartos. O nosso quarto tinha duas camas de solteiro, colocadas lado a lado, mas mesmo assim, a proximidade física parecia insuportável.
Quando todos estavam instalados, Hytalo sugeriu que saíssemos para explorar a área ao redor da cabana. A maioria do grupo aceitou animadamente, mas eu me ofereci para ficar e organizar nossas coisas. Para minha surpresa, Kamilinha decidiu ficar também.
O silêncio no quarto era sufocante. Estávamos tão próximas, mas parecia que um abismo nos separava. Finalmente, Kamilinha quebrou o silêncio.
— S/n, precisamos conversar. — Disse ela, sua voz baixa e cheia de emoção.
Olhei para ela, meu coração batendo rápido. Parte de mim queria resolver as coisas, mas outra parte estava aterrorizada de se machucar novamente.
— Kami, não sei se estou pronta para isso. — Respondi, tentando segurar as lágrimas.
— Eu sei que te machuquei, e não posso mudar isso. Mas por favor, precisamos tentar entender o que aconteceu. — Ela disse, sua voz tremendo.
— Foi difícil ver você beijando outro na minha frente. — Admiti, minha voz embargada. — Eu pensei que nós tínhamos algo especial.
— Nós temos. — Ela disse com firmeza. — Eu estava confusa e cometi um erro terrível. Mas isso não muda o que eu sinto por você.
— Kami, não é tão simples. — Respondi, sentindo a dor voltar. — Meu coração está em pedaços, e não sei se posso confiar em você novamente.
Ela se aproximou, mas mantive a distância, minha dor ainda muito presente. Mesmo assim, algo em seus olhos me dizia que ela estava sendo sincera.
— Eu te amo, S/n. — Disse ela, as lágrimas escorrendo pelo rosto. — E estou disposta a fazer o que for preciso para te provar isso.
Ouvindo essas palavras, senti uma pequena fagulha de esperança, mas também sabia que precisaria de tempo. Tempo para processar, para curar e, talvez, para perdoar.
Os dias no acampamento foram cheios de momentos tensos e de tentativas de reconciliação. Kamilinha e eu tentávamos nos aproximar novamente, mas a dor ainda estava ali, um lembrete constante do que havia acontecido.
Passamos as noites em silêncio, deitadas em nossas camas, cada uma perdida em seus próprios pensamentos. A proximidade física era um lembrete doloroso do que estávamos tentando reconstruir. Mas, aos poucos, comecei a perceber que o amor que sentíamos uma pela outra era mais forte do que qualquer erro.
Ainda havia um longo caminho pela frente, mas naquele momento, percebi que talvez, só talvez, pudéssemos encontrar uma maneira de superar tudo isso juntas.
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um amor talvez proibido || Kamylinha Santos
Roman d'amourS/n está de volta a João Pessoa, sua cidade natal, após anos vivendo fora. Reencontrando a turma de amigos de infância - Hytalo Santos, Kamilinha, The, Kety, Day, Daninha, Hary, Andyn, Allan, Madrinha e Px - ela sente a mistura de felicidade e nosta...