56. Penumbra

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Boa leitura! Votem e comentem. :)


"Queria poder dizer que sinto muito.

Queria poder dizer que sinto tanto.

Queria poder dizer que sinto...

Que sinto muito pelo tanto que não pude dizer."

— Noemi Mutti.

Harry Edward Styles - P.O.V

A parte mais difícil do dia era acordar.

Mesmo quando as nuvens formavam imagens condensadas em algum material parecido como algodão. Mesmo quando o sol empurrava-se preguiçoso, deixando beijos lânguidos e serenos na minha pele ao amanhecer.

Lidar consigo mesmo, a realidade que o impunha, era a parte mais difícil do dia.

Aquela manhã parecia calma, fresca até. Não fosse outrora pelos doces cabelos castanhos de Louis que circundavam seu rosto anguloso ou pelo olhar vazio e distante. Me vi abrindo a boca diversas vezes, querendo expor meu peito para fora, desistir de tudo aquilo... Mas já tinha nos custado tanto.

Tudo aquilo nos custou tanto.

— Bom dia — sorriu mínimo, oferecendo uma simpatia que não chegava aos seus olhos.

Meus pais responderam no mesmo tom, ambos tensos com a presença de Louis. Como se ele fosse uma bomba relógio prestes a explodir, se formar naquela besta enorme e atacar todos nós.

A única segurança ali era a minha presença. E eu não sabia se esse fato me aterrorizava ou confortava.

— Bom dia — sussurrei de volta, observando algumas marcas do que tínhamos feito mais cedo.

Mal podia olhá-lo sem me sentir uma merda. Não conseguia elaborar uma resposta decente para os meus sentimentos tão conturbados. Quando eu aceitei participar daquela parte do plano, parecia fácil mentir. Até porque eu estava inspirado pela raiva. Pelo rancor insensato.

Agora, tendo aquelas safiras tão dispersas, como se pisasse em ovos, percebi que não era tão fácil assim. Nunca seria quando se tratava dele.

Me permiti observá-lo, degustar da visão do ômega, mesmo que meus olhos não transmitissem nada. Uma nuvem coberta de sentimentos ocultos. Qualquer momento sentia que aquele oceano de palavras iriam explodir, se não pela minha boca, pelo meu olhar.

— Dormiu bem? — Desmond forçou um clima gentil. Ele era o que mais adorava Louis.

— Sim.

— Temos uma piscina. O tempo está agradável — disse minha mãe, como se desafiasse Louis a se sentir meramente em casa. — Talvez o faça bem.

Tomlinson apenas ergueu uma sobrancelha, o olhar afiado. Ele parecia prestes a rebater com um comentário muito sarcástico, porém ao desviar a atenção para algo além da mesa, retomou a expressão tranquila ao pronunciar:

— Seria uma grande gentileza da sua parte, Anne.

Quase deixei meu queixo varrer aquele chão se não fosse por braços magros e unhas pontiagudas ao redor do meu pescoço, deixando um beijo de uma boca desconhecida.

Cassandra estava em seus costumeiros vestidos de veraneio coloridos, a feição beirava ao angelical. Ela era bem ardilosa na forma em que tentava transmitir aquela imagem de ômega idealizada.

Viúva Negra | L.SOnde histórias criam vida. Descubra agora