Flashback - Pequeno Harry

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“O que diabos você está vestindo!” O pequeno Harry ouviu seu padrinho exclamar do outro cômodo. Ele deveria conhecer alguém novo hoje.

Harry já tinha conhecido a maioria da família. Eles vieram em dias diferentes para não sobrecarregá-lo - ou assim ele ouviu Sirius explicar uma vez para uma cabeça saltitante na lareira que exigiu passar. Essa pessoa tinha sido guardada para o final e o Pequeno Harry esperava que fosse porque ela seriam a pessoa mais importante que ele conheceria.

O melhor sempre ficava para o final, ou assim lhe disseram antes. O próprio Harry nunca tinha ganhado sobremesa ou presentes, então ele não tinha certeza.

“O quê? Você não aprova?”

Harry ouviu uma voz de mulher perguntar do outro cômodo e ele se animou. Era a mesma que ele tinha ouvido algumas vezes da lareira. Ele tinha conhecido sua tia Narcisa e tia Andrômeda, e até mesmo a prima Tonks com seu cabelo louco e legal. Ele se perguntou quem essa mulher poderia ser... talvez uma mãe?

Harry não sabia se Sirius era casado. Ele não queria fazer perguntas e se tornar um incômodo, ou levar uma surra, mas essa mulher foi guardada para o final, então ela deve ter sido importante.

Harry sempre quis uma mãe. Ele conheceu uma uma vez no orfanato e se lembrava de como ela cheirava bem e de como sorria lindamente. Ela não gostava muito dele, porém, e não se sentou com ele por muito tempo antes de passar para a próxima criança.

Harry não podia culpá-la. Ela era tão limpa e bonita, e ele era muito sujo e fedorento. Aquela tinha sido a única vez que ele conheceu uma mãe.

“Por que, com as barbas de Merlin, você parece uma dona de casa trouxa de meia-idade?”

“Não foi isso que você pediu? Eu peguei emprestado de Andrômeda.”

“Eu pedi para você parecer menos ameaçador, não - você sabe o que... deixa pra lá. Só não o assuste.”

Passos se aproximaram e Harry se sentou como um menino de verdade. Ele queria causar a melhor impressão possível. Sirius o havia deixado tomar banho antes da reunião, e ele havia se esfregado com mais força, então Harry sabia que ele cheirava bem dessa vez. Sirius até lhe dera roupas bonitas e limpas para começar a usar. O pequeno Harry havia se certificado de que elas estavam estendidas na noite anterior e sem vincos.

Um suspiro chamou a atenção de Harry e ele e a mulher se encararam com os olhos arregalados enquanto a mão dela se movia para cobrir a boca. O pequeno Harry pensou que ela devia ser a mulher mais linda que ele já tinha visto, e isso era dizer alguma coisa porque a tia Narcissa era bem bonita também.

Essa mulher tinha cabelos pretos como os dele, e embora o cabelo dela estivesse preso em um coque elegante, Harry podia dizer que ficaria selvagem como o dele se estivesse solto. Ela era pequena como ele também e tinha os maiores olhos castanhos que ele já tinha visto.

Eles pareciam... combinar, e isso deu a Harry um pouco de esperança. A mão dela caiu da boca e ela sorriu tanto que Harry conseguiu ver todos os seus dentes brancos e brilhantes.

Harry achou que era o melhor sorriso que já tinha visto.

"Oh, você não é simplesmente perfeito, meu doce", a mulher falou caminhando em direção a ele enquanto Sirius pairava no fundo. "Eu poderia te comer vivo."

"Não!" Sirius sibilou, mas ela o ignorou e se aproximou.

Harry ficou sentado, quieto e imóvel, deixando que ela o observasse enquanto ele estudava suas costas.

Até agora ela parecia gostar muito dele e isso fez seu peito vibrar de nervosismo e excitação. Ele não podia estragar isso.

Ela parecia muito trouxa, como Harry aprendera que eram chamadas, mas não se sentia trouxa . Ela se sentia mágica - como ele. Ela estava usando uma blusa branca e macia, de botões, enfiada em calças cáqui com um colete floral e saltos elegantes.

Parecia uma roupa tão estranha nela por algum motivo que Harry não conseguia explicar, mas quando ela se sentou ao lado dele, Harry não se importou nem um pouco que suas roupas não combinassem com ela. Ela cheirava a fumaça, lavanda e sálvia, e Harry se viu balançando em sua direção.

Ela se aproximou um pouco mais enquanto o observava, com os olhos brilhando com algo selvagem e as mãos estendidas como se estivesse se aproximando de um coelho assustado.

“Bella…” Harry ouviu Sirius avisar, mas era tarde demais.

Harry sentiu aquelas mãos o agarrarem e os braços dela o envolverem enquanto ele era puxado para o colo dela e contra um peito voluptuoso. Ele ficou tenso por um segundo, seu instinto de fuga entrando em ação. Além de Sirius, ninguém mais tentou tocá-lo, muito menos segurá-lo e embalá-lo dessa forma - como se ele fosse um bebê.

Em sua jovem experiência, o toque era igual a dor para ele, mas ela era macia e quente, e tinha um cheiro tão adorável que Harry se viu afundando contra ela, descansando a cabeça em seu ombro. Esta mulher parecia segura, ela parecia Sirius - como alguém que o protegeria de qualquer coisa, e Harry aprendera há muito tempo a confiar em suas intuições.

Ela começou a cantarolar uma melodia suave que ele não reconheceu enquanto o balançava e colocava sua bochecha contra o topo do cabelo de Harry. Harry não sabia o que fazer com suas mãos, então ele as mexeu nervosamente em seu colo, mas então ele começou a se sentir um pouco mais calmo e sonolento quanto mais tempo eles ficavam ali sentados. Sua voz era agradável.

Sirius ainda estava em algum lugar do outro lado observando, mas agora permanecia em silêncio.

Ela levantou a cabeça e olhou para Harry depois de alguns longos momentos, afastando uma mecha de cabelo amorosamente do rosto dele. Ninguém nunca o havia tocado tão suavemente antes.

"Você - você vai ser minha mãe?" Harry sussurrou inseguro, mas se sentindo seguro o suficiente para fazer uma pergunta.

Sirius fez algum tipo de barulho do seu canto, mas Harry não conseguia desviar o olhar enquanto a mulher se abaixava e esfregava seus narizes com um sorriso. "Oh, muito mais do que isso, meu bichinho, eu sou sua tia Bella."

Endangered Thing [Tradução]Onde histórias criam vida. Descubra agora