02

205 23 3
                                    


Noah Urrea.

Nunca antes uma viagem a negócios pareceu tão complicada. Ter de usar os métodos que eu precisava não era a coisa mais legal do mundo, mas acreditava que minha secretária não dificultaria.

Isso até que eu perguntei e lhe disse minhas artimanhas para conseguir a compra do terro de Emily Smith. Houve relutância, uma viagem de carro difícil e nunca imaginei que chegaria até a senhora com minha "esposa" carregando-a em meus braços.

Nos últimos meses a Srta. Deinert andava estranha, os estilos que ela vestia antes e as roupas dos últimos meses tinham discrepâncias assustadoras, mas que não poderiam servir de prova contra a pessoa dela.

Agora cá estou eu, com o corpo de Sina Deinert desacordado a minha frente.

- Como pode estar tão doente? Me negou tantas das vezes em que perguntei, só para acabar desacordada em meus braços... - digo para mim mesmo baixinho, estava frustrado.

- O que foi? - a Sra. Smith adentrava o quarto com uma bacia d'água.

- Não é nada, só estava pensando no quanto ela consegue ser cabeça dura e me esconder seu estado... - digo parte da verdade.

- Acontece, talvez ela não quisesse te preocupar. Meu falecido marido agia da mesma forma.

- Obrigado. - digo pegando a bacia d'água e colocando sobre o criado-mudo ao lado da cama.

- Tem que tirar esse casaco dela ou não vai abaixar a febre. - a senhora insistia.

A poucos minutos antes de apagar Sina se recusou a tirar, talvez estivesse sentindo frio, mas nas últimas semanas a quantidade de vezes que a via com casacos diferentes era enorme.

Estava em uma época fria, mas a maioria dos dias eram frescos e não havia a necessidade de roupas tão quentes.

- Vamos rapaz, o que está esperando? Sua esposa vai assar se continuar com essa temperatura!

Não tinha jeito, tinha de tirar seu casaco.

Levantei-a, Sina não tinha firmeza e tombou para o lado caindo com a cabeça em meu ombro.

- Não, meu bebê não... - pude ouvi-la dizer.

A frase havia me surpreendido, mas retirar seu poncho e ver o volume do ventre de Sina havia acabado com qualquer chance de eu processar o que significava aquilo tudo.

- Oh, não sabia que o assunto de criar as crianças aqui já estava acontecendo! - a senhora disse sorridente para Sina que dormia mais relaxada sem o casaco.

Eu precisava de uma reação, mas não tinha, não sabia qual ter.

- Vou fazer um chá para ela, enquanto isso por que não a coloca na banheira?

Eu até poderia responder "porque não temos essa intimidade", mas levando em conta que um bebê havia entrado no visual de família que Sra. Smith havia criado sobre nós, eu não tinha escapatória.

Tirei-a da cama, esperei que a banheira enchesse e retirei as peças de roupas maiores deixando-a apenas de roupa interior. Não tinha coragem de olha-la, então fiz tudo encarando o teto, mas em todos os momentos podia sentir o ventre dela entre nós.

- Por favor acorde Srta. Deinert, isso vai ficar pior se não abrir os olhos.

Não era o tipo de homem que implorava, de certo era raro as coisas que tive de pedir em minha vida, mas meus neurônios estavam em colapso.

Já passavam das oito da noite, a temperatura de minha secretária havia baixado consideravelmente e a Sra. Smith fazia questão de estar sempre pendente dela.

𝑺𝒆𝒄𝒓𝒆𝒕𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora