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Cinco meses depois e cá estamos nós na sala de parto.

Dar a luz a Ethan não foi nada lindo como os comerciais dos dias das mães pintam, mas segura-lo em meus braços estava sendo uma experiência transcendental.

Seu rostinho, suas pequenas mãozinhas, cada coisa nele me fazia babar. Era uma pena que o pai não estivesse naquele momento conosco.

Parece que às emoções foram demais para Noah que acabou desmaiando assim que viu a cabeça do bebê sair.

Confesso, em meio aos meus gritos de dor e a força que fazia para dara luz ao pequeno, acabei rindo do quão engraçado foi vê-lo sair da sala de parto carregado pelas enfermeiras.

- Ethan, você é o presente mais surpreendente da vida da mamãe e do papai. - disse ao pequeno, agora o amamentando.

A porta do quarto se abriu e mais hilário que antes foi ver meu futuro esposo e pai do meu filho entrar na cadeira de rodas.

- Noah, isso foi sério mesmo? - digo tentando conter os risos.

- Por favor, Sina, sem piadinhas. - ele pediu se aproximando da maca.

- Quer segurá-lo?

- Não, ele parece bem nos seus braços e os meus ainda tremem. - o homem se remexeu inquieto na cadeira.

Mesmo sem ter coragem de segurá-lo, queria que sentisse o mesmo que eu. Me levantei da maca e pedi espaço no colo dele me sentando sobre as pernas de Noah.

- Bom, agora pode segurar nós dois. - colei minha testa a dele e Ethan se aconchega entre nós.

- É impressão minha ou ele tem cabelos loiros? - Noah disse acariciando a delicada cabeleireira do pequeno.

- Bem, acho que está na hora de conta-lhe alguns segredos que guardei por tanto tempo que nem me lembrava mais.

- Que ótimo, e eu que achei que já havíamos conversado sobre tudo. - Noah fechou a cara colocando um beicinho chateado.

- Não é nada muito importante, só que preferi assim. - comecei. - Meu pai e eu éramos fisicamente muito parecidos, a não ser pelos olhos, os meus são verdes como os de mamãe e papai tinha um tom de azul.

Enquanto contava me lembrava do dia em que fugimos e depois de minha adolescência conturbada, pois mamãe morreu poucos anos depois e eu apenas acabará de fazer dezoito.

- Me lembro de olhar no espelho e odiar cada fio de cabelo em minha cabeça, então resolvi picotar e desde então venho usando mega hair para deixá-lo mais cheio. No fundo, sabia que enquanto mamãe esteve viva eu a lembrava cada segundo de que era filha de meu pai e isso me dói, não importa quanto tempo passe.

Terminar de contar meus segredos a Noah foi o mesmo que desenterrar feridas antigas, mas era necessário, já que agora me sentia muito mais leve.

- Escuta, não importa o que você leva por fora, você era filha de sua mãe porque ela te amava desde dentro. - ele disse nos envolvendo em um abraço com seus largos braços.

As enfermeiras na porta chorando parecia assistir um filme de romance.

- Isso é lindo. - uma delas sorriu com os olhos marejados.

- Esse pequeno tirou a sorte grande com os pais, viu... - foi a última coisa que ouvimos antes do público se retirar.

A sós, apenas nossa pequena familia, Noah me faz olhar em seus olhos.

- Posso te pedir para parar de usar o mega?

- Eu... eu não sei. - digo me sentindo mal com a ideia.

- Não é o seu tipo de cabelo que te influencia, Sina, é o que leva no coração que importa. Eu te amo do jeito que é. - ele coloca uma mecha de meu cabelo atrás de minha orelha aproximando meu rosto para perto do seu. - Eu-te-amo!

- Não grita. - tapei sua boca com a mão, podia sentir as bochechas queimando.

A formas melhores de se calar alguém. - seu olhar malicioso me dizia que era melhor eu me casar logo, ou pronto Ethan teria outro irmãozinho para acompanhá-lo na hora de levar as alianças.

- Estamos no hospital, eu acabei de dar a luz e Ethan está aqui, não pode guardar para depois?

- Deixe-me pensar. - repentinamente estou no alto e seguro Ethan por extinto.

Noah já não parece o pai atordoado e está de pé sem necessidade da cadeira de rodas. Ele me coloca na maca e me cobre com a manta.

- Ok. Vou deixar vocês descansarem, mas antes beijos de boa noite. - o homem se dirigiu ao filho depositando o beijo em sua cabeça, e se virou colando nossos lábios no que devia ser um simples beijo e ele o transformou em uma dança de línguas.

- Céus, você não tem jeito. - falei ao nos separarmos.

Ele sorriu e se deitou na poltrona do quarto observando a mim e o filho adormecer. Com a tranquilidade e a felicidade que sentia, dormir e sonhar não seria difícil.

𝑺𝒆𝒄𝒓𝒆𝒕𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora