𝑺𝒆𝒄𝒓𝒆𝒕𝒔

10

Noah Urrea.

Sina pareceu quieta demais, exibia um olhar perdido e sempre que lhe perguntava se lhe doía ou se estava bem ela se resumia a assentir com a cabeça para sim ou não.

- Ótimo, já não parece tão vermelho. - digo tirando a compressa de gelo de sua testa.

Levantei-me e peguei a mala que estava em um canto do quarto, a coloquei sobre a cama e tirei uma blusa social azul marinho de dentro.

Olhei para o que mais poderia servir para deixar Sina confortável. Um colete de um de meus ternos três peças me pareceu uma boa para esconder o fato de ela estar sem sutiã.

Voltei minha atenção a ela e lhe entreguei as peças de roupa. Ela me olhou confusa, mas já era uma evolução depois da última meia hora em modo Zumbi.

- Vista-se, vamos descer para comprar algumas roupas nas lojas do hotel. - digo e lhe mostrei onde ficava o banheiro.

- Oh, certo. - ela respondeu se levantando.

Aguardei por alguns minutos antes de vê-la sair vestida. Minhas roupas eram grandes para uma pessoa tão miúda quanto ela, mas era questão de dobrar as mangas para lhe servir melhor.

- Tem um laço ou elástico aí? - perguntou ela antes de pegar um dos lenços que trazia em minha mala. - Isto deve servir.

Apenas a observei prender o cabelo médio e amarrar com meu lenço seus fios em um rabo de cavalo.

- Vamos? - pergunto.

- Vamos. - confirmou passando pela porta antes de mim.
-
Todas as lojas pareciam ser demais para ela, simplesmente não tinha ideia de onde entrar e ela muito menos.

- Escolhemos no u-ni-du-ni-te? - perguntou ela me olhando.

- Como quiser.

- Certo, então esta primeiro. - entramos em uma das lojas cuja a vitrine parece mais colorida do que todas as demais.

Olhávamos ararás e mais araras, mas no fim parecia tão perdida quanto eu.

Sem tempo para as inúmeras indecisões, chamei uma das vendedoras para nos ajudar.

- Precisamos de peças para almoço e jantar de negócios, e também sapatos, mas não saltos altos, ela está grávida. - digo a orientando.

- Oh, meus parabéns! - ela me felicitou e Sina caiu na risada.

- O que há de engraçado querida? - digo envolvendo o braço em sua cintura.

Como um pimentão, Sina estava tão vermelha que mal se mexia perto de mim.

- Traga também vestidos e camisolas para ela dormir. - pedi.

A vendedora logo desapareceu pelo lugar me deixando a sós com minha secretária pimentão.

- Não consegue me olhar nos olhos?

- Não consigo acreditar nas bobagens que você faz e diz. - ela retrucou.

- Por que é tão temperamental Sina? Estávamos bem até a pouco.

- São os hormônios. - disse ela encarando a tela do celular e estabelecendo um profundo silêncio.

Aguardamos até que a mulher voltou com os pedidos. Levou Sina até o provador e depois de alguns vai e volta, Sina surge a minha frente tão linda quanto um raio de sol.

A mulher usa um vestido rosa salmão que vai até seus pés e deixa em claro o ventre avantajado. Rasteirinhas em cor palha e um chapéu de praia de pequenas abas.

Mesmo sendo roupas costumeiramente simples, Ihe dão um ar gracioso que as roupas cinza de escritório lhe tiram.

- Sra. Urrea, está linda! - a vendedora diz e vejo Sina ruborizada.

É uma confusão que não causei é claro, mas naquele momento tudo o que queria era que fosse verdade.

- Sim, ela está. - digo me aproximando de minha secretária. - Poderia esquecer do cliente e assinar os papéis com você... - continuei, mas no ouvido dela.

- O que tem para assinar comigo? - ela estava perdida.

- As certidões de matrimônio.

Me afastei dirigindo-me para o caixa e deixando Sina para trás boquiaberta.

Talvez mexer tanto com ela, seja ao motivo de ela mexer tanto comigo.