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Noah Urrea.

A chuva lá fora era incessante, mas dentro do carro tinha tudo do que precisava.

Antes de conhecer Sina Deinert, meus dias no escritório eram uma completa dor de cabeça. Haviam pelo menos três secretárias para dar conta de todo o serviço.

Especial, essa era a palavra que a descrevia. A mulher havia cometido muitos erros no primeiro dia, mas logo apresentou melhoras e concertou toda a agenda de meses.

Sabia que ela era o que eu precisava, mas conforme seu esforço aumentava, mais admiração por ela eu tinha. Passávamos tanto tempo juntos que comecei a sentir uma queda por ela, seu jeito e sua personalidade me deixavam bobo.

Como dizem "o proibido é mais interessante", no entanto, ainda continua proibido. Tive de adotar medidas contra Sina.

Ser frio, viciado em trabalho e rígido eram máscaras usadas para marcar uma distância saudável entre chefe e subordinada. Mas algumas vezes fui um escroto, queria passar mais tempo ao lado dela e então a fazia trabalhar horas extras apenas para tê-la ao meu lado.

Enfim, tudo para terminar perdendo-a. Sina iria ser mãe, e apesar de estar em meus braços agora, daqui alguns meses não iria mais tê-la só para mim.

Voltando-me para ela, seu rosto sereno descansando sobre meu peito é lindo demais. Tento me segurar para não abusar da sorte, então me resigno a apenas depositar um beijo no topo de sua cabeça.

De repente ouço passos do lado de fora e James adentra o carro.

- Desculpe a demora senhor, mas uma moradora do campo diz que há um motel dois quilômetros atrás.

- Motel?

- Parece ser a única opção senhor. - o chofer me olha aguardando a confirmação.

- Tudo bem. Vamos. - digo abraçando o corpo adormecido em meu colo.

Não demoramos muito a chegar, mas quando chegamos tive que acordar Sina.

- Vamos, chegamos para descansar. - digo perto de seu ouvido.

- Chegamos em casa? - ela parecia meio dormida.

- Não, esqueça. - digo a pegando em meus braços e subindo para o quarto, deixando que James cuidasse do restante.

Como ela conseguia dormir tanto era um mistério.

Abri a porta do quarto e deixei ela na cama de casal. A cobri com o cobertor e sentei na poltrona.

Haviam algumas mensagens e assuntos da empresa para responder e ajustar. Passei algumas horas naquilo, até que a ouvi resmungar e rolar de um lado a outro na cama.

- Deve estar desconfortável. - digo me aproximando.

Não devia, mas me deitei ao lado dela e de pronto sua perna se entrelaçou a minha, seu braço contornou minha cintura me abraçando e sua cabeça afundou entre meu pescoço e ombro.

- Aproveitadora. - sussurrei.

- Noah... o bebê é... - ela estava murmurando e então se silenciou.

- O que tem o bebê Sina? - perguntei.

Nada, ela não respondia.

- Sina! - a chacoalhei.

Ela se levantou em um susto, quis acalmá-la e a vi cobrir o ventre com os braços.

- Sina, sente algo? Tem algo errado com o bebê?

- O quê? Não, não, estamos bem. - ela pareceu atordoada, mas mais do que isso.

Olhando para o seu jeito, Sina estava me escondendo alguma coisa.

𝑺𝒆𝒄𝒓𝒆𝒕𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora