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Após a alta, em frente a porta de meu apartamento.

Ele me olha, mas não diz uma palavra. Não sei se simplesmente o deixo ir ou peço que entre e finjo ser educada.

No geral era só com ele, ficar indecisa, ansiosa ou qualquer coisa do tipo. Por que Noah Urrea tinha esse tipo de efeito em mim? - me perguntava.

- Quer... - parei por um momento. - Entrar?

- Hm?

- Entre, por favor. - digo empurrando os nervos para o lado.

Entramos em meu apartamento, que se encontrava do mesmo modo em que o havia deixado.

Na cômoda do quarto, os sapatinhos azuis que vimos na viagem chamaram a atenção dele.

- Você os comprou? Quando?

- Pouco antes de voltarmos. - falei sentando-me ao pé da cama, pois era o mais longe dele que meu minúsculo lugar podia oferecer.

- Então gostou deles mesmo? - seus olhos pareciam brilhar como se a resposta significasse muito.

- Sim. - digo sem muito alarde.

- Obrigado, Sina. - ele se aproximou apenas com três grandes passadas e depositou em beijo em minha testa.

Completamente despreparada, quase tive um ataque cardíiaco.

Toda a temeridade que senti desde que descobri a gravidez ainda me acompanhava de certo modo, mesmo que um dos meus maiores temores já tenha passado, muitos outros me perseguiam.

Tinha medo, medo da proximidade, medo de Noah ser igual ao meu pai e medo de amar e me iludir.

Levantei-me da cama me afastando sem graça, ele notou e então tomou um ar de curiosidade.

- Há algo errado?

- Não, não é... é só que há muito o que conversar ainda. - digo sem poder olhá-lo diretamente.

- Como quiser, mas não se afaste assim. - ele deu outro passo para perto.

Eu não queria encarar ele de frente, mas ele não me deu escolha. Pegou meu queixo virando meu rosto de modo a deixar meus olhos alinhados com os seus.

- Há coisas que estão te incomodando, mas você não me diz e isso me mata, Sina. - levou minha mão ao seu coração. - Não acha que já está na hora de abrir o jogo?

- Não há nenhum jogo. - respondo desviando os olhos.

- Diga de frente para mim, Sina! - ele voltou a impor que meus olhos estivessem na mira dos seus.

- Realmente quer saber? - lhe respondo expondo a frustração de meses. - Dúvido que algo nisso dará certo, você tem uma empresa, eu sou desligada e nunca me dei bem com crianças, Noah.

- Acha que não podemos ser pais?

- Não é isso... - sento na cama em lágrimas. - Quero fazer isso direito e acho que o bebê merece isso, mas não sei como, Noah...

Ele me abraça, me conforta e depois de mais calma um selinho leve toca meus lábios.

- Não começamos bem, mas estamos juntos nessa agora e pode contar comigo.

Essa frase me deixou boba, muito mais do que já era. Mas naquele dia em questão precisava saber que não estava mais só e o tinha.

[...]

Dias trás dias nos acomodamos de um lugar a outro. Na mansão dos Urrea's, minha chegada parecia estar muito mais preparada do que Noah sugeriu a minutos antes, as coisas com ele nunca eram na brincadeira como ele fazia parecer.

Nosso primeiro passo dentro da casa foi marcado pelos aplausos dos empregados e pela surpresa de Noah me carregar nos braços para o segundo andar, mas a melhor parte veio depois ao topo da escadaria.

- O que acha de o chamarmos Ethan?

- O quê? - me pegou de surpresa.

- Ethan, nosso filho. - abri um sorriso. - Agora ele é nosso presente.

- Nosso presente? - concordou.

- Sim. O presente de Noah Urrea e da futura Sina Deinert Urrea. - exibia um sorriso encantador enquanto dizia cada palavra.

- O que significa exatamente?

- Significa que quero vocês pelo resto de minha vida ao meu lado... - dispensou por fim as palavras juntando nossas bocas.

Não pensei muito, mas sabia que o fato de Ethan vir ao mundo, já não era mais uma preocupação.

O bebê seria nossa alegria, nosso presente, nosso Ethan.

𝑺𝒆𝒄𝒓𝒆𝒕𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora