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Da última vez não quis deixá-lo entrar, estava incômoda com a ideia dele e eu em meu micro apartamento.

Dessa vez... bem, para quem dividiu a cama inúmeras vezes, tê-lo dentro de meu apartamento não era a pior coisa do mundo.

No entanto, enquanto fazia as malas percebi que ele bisbilhotava pelo pequeno espaço.

- Estes são os ultrassons? - ele perguntou com as últimas imagens do bebê nas mãos.

- Sim. - respondi seca, pegando todas as fotografias e as guardando.

As vezes me pegava o encarando, queria saber se ele brincava comigo ou se realmente não fazia ideia das coisas.

No fim, simplesmente não chegava a nenhuma conclusão objetiva.

Voltei minha atenção para o que fazia, não tinha ideia de quais roupas levar e decidi pesquisar sobre o clima de Guerrero.

O Google me mostrou a previsão do fim de semana e pelas temperaturas quentes previstas, o melhor era levar roupas frescas e vestidos leves.

Passou por minha cabeça que o jantar de negócios seria formal e olhando para as peças de meu guarda-roupas, não se encaixavam com a barriguinha que eu já exibia.

- Céus, você está engordando a mamãe. - digo acariciando a barriga.

Sorri ao senti-lo chutar e quando voltei a fazer as malas ele me olhava com cara de bobo.

- Perdeu alguma coisa? - não resisti em ser irônica.

- A paciência. - respondeu ele.

Não entendi a resposta, mas uma geada pareceu atingir-me. Ele voltava a ser o mesmo grosseirão de sempre.

Era verdade, eu já estava enrolando a algum tempo. Sabia que viajar para aquele lugar de novo não seria bom, mas quem ele achava que era para me apressar daquele jeito?

- Vou precisar tomar banho ainda, vestir-me e pentear o cabelo. - digo listando tudo em meus dedos. - Pode ir na frente, chefe.

- Olha, Sina, se estiver me testando saiba que não sou bom em testes. - disse ele de forma sombria.

Seu rosto continha a falta de paciência que eu não via a muito tempo. Eu o tinha tirado da casinha e parte de mim se divertia com isso.

- Pegue sua bolsa e passaporte, vista seu casaco e vamos. - impôs levando-me pela mão.

Quis me soltar, quis pará-lo, mas não havia chances.

Quando entramos no carro James me cumprimentou e não abriu a boca, ele provavelmente não iria testar o humor do chefe como eu havia feito.

- Ótimo. - bufei. - Como vou trocar de roupa?

- Compramos lá.

- E minhas coisas pessoais?

- Peguei seu passaporte, é tudo de que precisava. - respondeu duro novamente.

- Está louco.

- Não. Você me deixa louco, é diferente. - meu chefe passou a olhar direto para mim.

- Ótimo, agora é culpa minha. - murmurei.

- O que há com você, Sina?

- Não tem nada de errado comigo. - respondi desviando o olhar e passando a focar nas ruas que passávamos de carro.

Por mais que negasse ele sabia que eu estava estranha, mas não iria deixá-lo me render fácil.

[...]

𝑺𝒆𝒄𝒓𝒆𝒕𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora