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Noah Urrea.

As coisas não parecem as mesmas, minha secretária está cada vez mais estranha.

Já se passaram três dias desde que voltamos da última viagem e estamos perto de outra.

Estou sempre a observando do escritório, não quero me aproximar e também me recuso a me afastar.

Minhas malas estão no canto da sala e conto cada segundo para irmos ao aeroporto.

Sinto que outra viagem nos fará bem, e se não fizer, farei com que este muro entre Sina e eu se desfaça sem importar como.

O tempo passa até rápido e ao final do turno, como de costume a chamo para trazer os restantes dos papéis menos importantes que precisam ser assinados também.

- Com licença. - ela entra e deposita as pastas sobre minha mesa.

- Obrigado. - digo e a vejo arregalar os olhos surpresa.

Então me lembro, a muito tempo não digo palavras como esta a ela. Não queria fazê-la se sentir confortável, e por isso me mostrava grosso em sua frente, mas nem sempre conseguia manter a pose.

Notei que ela ainda me olhava sem entender e quis cortar por ali.

- Está pronta para a viagem? - questionei-a enquanto assinava alguns papéis.

- Creio que o melhor será que eu não vá. - ela diz parecendo se incomodar com a ideia.

- E quer que eu tire uma secretária da cartola Srta. Deinert?

- Não é isso senhor, mas... - ela tenta se explicar, no entanto não quero ouvir.

- Escute, o planejamento de meses está se finalizando, não pode simplesmente deixar a viagem pra lá.

- O senhor sabe do meu estado. - ela acaricia o ventre. - Não poderia beber, seria uma chata do suco de laranja.

- Pode ser de uva, poderia cobrir a aparência do vinho. - digo e a vejo me encarar.

Um idiota que parece ter pensado em tudo, ela não acreditaria se eu continuasse a insistir e me passou pela cabeça outra forma de convencê-la.

- Está bem, se não quiser viajar chamarei a Srta. Liana para ir em seu lugar. - digo me levantando da mesa e vendo-a morrer de raiva.

- Creio que talvez eu deva me esforçar só um pouco mais, então realmente devo ir a viagem. - disse ela com um sorriso forçado para disfarçar a raiva.

Desde o início, a rivalidade entre Sina e Liana foi inexplicável. Sabia que se as duas estivessem em um mesmo ambiente, as coisas poderiam ficar mortais.

- Se isso é tudo senhor, irei em casa fazer as malas. - ela já estava quase de saída.

- Espere. - digo organizando minha mesa. - Te levarei em casa.

Uma crise de tosse a atingiu e tive de insistir, ou não aguentaria ter de seguir para o aeroporto sozinho até que ela também viesse.

- Estou tentando ser prático aqui. - argumentei. - Não é justo com James me levar e depois ter de voltar para buscá-la se podemos todos ir em uma única viagem.

Sua boca se abria e fechava, mas ela já não tinha como se esquivar, por tanto acabou assentindo com a cabeça e saiu de minha sala com o ar de derrota nítido.

Sozinho com meus pensamentos reflito sobre o que farei quando não a tiver mais ao meu lado e não consigo imaginar.

Em um mês ela tiraria a licença a maternidade e quem entraria em seu lugar faria o serviço tão bem? Nem se quer o esforço me importava, era o fato de que a viagem me deixou tão bem tendo-a perto, não a queria longe e pior, sem vê-la.

Droga! Estou viciado nesta mulher.

𝑺𝒆𝒄𝒓𝒆𝒕𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora