03

190 20 7
                                    


Abrir os olhos nunca foi tão angustiante, eu não tinha ideia do que tinha acontecido.

De pronto o foco de minha vista era ele, meu chefe, Noah Urrea tão próximo a mim.

Estava tonta e confusa, demorou um tempo até que me achasse na situação.

Tentei me comunicar, mas ele me interrompeu em todas as vezes. Percebo que ele começou a conversar com a Sra. Smith e parei para prestar atenção, de repente soube que eu era o assunto.

As sensações e o controle de meu corpo voltam aos poucos, estava em seu colo.

Como poderia estar no colo de meu chefe?

Então a Sra. Smith pareceu perguntar se eu tinha febre, e do nada recebi um beijo em minha testa, ele me encarava e eu não entendia.

Meu coração já não batia na ordem, segundo a outro pulando batidas ou trabalhando o dobro.

Então senti o bebê, ele estava tão agitado quanto a mãe e não pude conter o gemido.

- Humm.

Como de costume levei a mão ao ventre, podia sentir o bebê e também foi onde me dei conta de que estava exposta.

Fora de qualquer atitude que esperava vir dele, sua mão se pôs sobre meu ventre. Não tinha ideia de qual a intenção e agarrei sua mão instintivamente.

- Está tudo bem.

Ouvi-lo dizer aquilo não se encaixava nas cenas que meus pesadelos mostravam.

Quando ele começou a acariciar meu ventre, todo os meus nervos entraram em choque. A única coisa da qual tinha certeza era de que o bebê se acalmava com seu carinho.

Eu o encarava boquiaberta, queria dizer algo mas as palavras não saiam.

E então como se já não faltasse oxigênio o suficiente, Noah Urrea tomou minha boca completamente.

Eu não tenho certeza de quando saímos da cozinha, mas tomei consciência já no quarto, ao lado de minha cama ele falava ao telefone.

- Não voltaremos amanhã, cancele minha agenda e não ligue se não for de extrema importância. - foi a única parte da conversa em que prestei atenção.

Mas se ele estava dizendo aquilo, significava que passaríamos a noite ali.

- Senhor, quero ir pra casa. - digo tentando me sentar na cama.

Era difícil, minha cabeça parecia pesada demais.

Ele me olhou, ajudou-me com os travesseiros para me sentar e não seguiu com nenhuma conversa, nem uma resposta.

- Senhor?

- Quieta, Sina, foi um dia cheio, se quiser assista um vídeo, leia um livro e depois vá dormir. - suas palavras pareciam secas demais, apesar de ele ainda usar meu primeiro nome.

- Entendi. - digo apanhando meu celular acima do criado mudo.

Para um lugar remoto como aquele, a internet até que pegava bem e ao desbloquear o smartphone com minha digital, inúmeras mensagens brotaram no grupo.

Para meu azar, muitas delas eram áudios e não havia trago nenhum fone.

- Senhor, teria fones de ouvido para me emprestar? - perguntei a ele que andava de um lado a outro também no celular.

Ele parou seu percurso de formiga e voltou sua atenção a mim, logo em seguida tirou do bolso lateral da mala uma caixinha com fones que pareciam ser via bluetooth.

- Pode usar estes. - ele os entregou em minha mão. Logo se sentou ao meu lado na beira da cama e de frente para mim. - Se usar "senhor" mais uma vez, não garanto nenhuma gentileza a mais. Estamos entendidos?

𝑺𝒆𝒄𝒓𝒆𝒕𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora