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Percebi durante as compras um Noah sorridente que não conhecia, alguém capaz de compartilhar um papo leve e divertido. Mas tanta proximidade só nos levaria a um caminho. Problemas.

Enquanto Noah se abaixou para olhar um sapatinho de bebê azul, atrás dele no corredor vinha Fernando Hidalgo, nosso maior cliente e o motivo de nossa viagem.

Meu chefe se levantou e até então não tinha se dado conta. Brincou com os sapatinhos os colocando sobre a curva de meu ventre e logo sorriu sentindo o bebê chutar.

- Que garoto esperto, sabe me reconhecer! - ele diz com uma felicidade que me derrete.

Cada momento podia senti-lo se aproximando mais, isso me queimava por dentro e ao mesmo tempo me sanava. Mentir e esconder era difícil, e sentia que a cada vez estava mais perto de estourar.

- Humm. - pigarreio e faço sinais para que ele olhe para trás.

- O que é? - ele se vira e por fim os vê.

Uma mulher acompanha o senhor, se notava muito mais jovem, e também exibia um ventre duas vezes maior que o meu.

- Sabina, certo? - meu chefe se direcionou cumprimentando a mulher.

- Sim, e vocês são senhor e Sra. Urrea? - ela o cumprimentou também, mas logo se dirigiu a mim.

- Não... é. - ele esclareceria se não fosse interrompido em seguida.

- Eu sabia que vocês eram sincronizados demais. - o senhor disse olhando para minha barriga. - Em boa hora, Urrea, estava pensando em contratar a construtora para construir um parque infantil atrás do hotel, e se tudo der certo, meu neto e seu filho poderão brincar juntos.

- Tem razão pai, as crianças podem virar amigos! - ela dizia tão animada quanto o pai com a ideia.

E eu? Bem, eu simplesmente não disse nada. Se negasse algo ali estaria mentindo e se apoiasse também estaria mentindo. Naquele momento estar em cima do muro era o mais seguro.

Noah me encarou por alguns segundos, e ao perceber que eu estava em paz com a situação se aproximou me tomando pela mão.

- Que tal um almoço para falarmos sobre isso e os trâmites finais do projeto passado no hotel? - Noah lhe disse agradando tanto a filha como ao Sr. Hidalgo

- É uma ótima ideia, nos vemos a uma da tarde, o que acha? - O Sr. Hidalgo pergunta

- Perfeito. - Noah responde

- Você vem, não é? - Sabina me perguntava e apenas pude assentir com a cabeça.

De qualquer modo iria, era a secretária daquele CEO, não poderia manda-lo sem estar segura de um bom suporte.

- Nos vemos. - eles se despediram nos deixando no corredor da enorme loja.

Tão pronto os vi sair, me separei de Noah e continuei o que fazia.

Por certo, estávamos ali em busca de almofadas e que pudessem se ajustar a mim a noite.

Eu me perco olhando os enxovais dispostos nas prateleiras e me incômodo com a presença de meu chefe logo atrás de mim.

- Me imaginam frio e calculista porque sou rico, mas não chego aos seus pés... - o ouço murmurar atrás de mim.

- O que disse senhor?

- Nada. - ele dá um passo atrás e sorri escondido, como uma criança que apronta pelas costas.

Não iria retrucar, pois não queria mais nenhum conflito além dos internos que carregava comigo.

𝑺𝒆𝒄𝒓𝒆𝒕𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora