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Noah Urrea.

Nunca havia disfrutado de uma tarde tão tranquila como aquela, mas a noite enfim chegou e voltamos da praia para o hotel.

Meu dia já estava ganho com o tasquinho que tirei de Sina, ela por outro lado passou o resto da tarde vermelha toda vez que a tocava e adivinhem - não era pelo sol - mas enfim, foi um bom dia.

Agora já estávamos em nossos quartos e de fato lamentei não ter o poder de parar o tempo, queria ser um cara tão rápido quanto o flash para perceber o quanto os momentos bons acabam rápido. - quem sabe assim, não os desperdiçaria. - ou talvez esteja delirando.

É difícil saber onde se manter para não ultrapassar a loucura e não se afundar no tédio do normal.

Na minha cama, encarando o teto e com a insônia que persistia eu sabia que me afundava no tédio do "normal".

- Já são duas da manhã cara, você tem que dormir. - dizia a mim mesmo.

Então fechei os olhos e me convenci de que dormiria, mas nada me trazia aquele transe no qual entramos para dormi.

Eu ouvia tudo, e cada barulho, até mesmo do vento lá fora me trazia curiosidade. Qualquer coisa me parecia mais interessante que dormir, por isto, levantei e me vesti para correr.

Tranquei a porta do quarto e alonguei os músculos antes de dar um passo a frente, mas de pronto ao cruzar o meio corredor, lá estava Sina.

A adrenalina ao vê-la era cem mil vezes melhor do que a de qualquer corrida, me aproximei em silêncio, ela parecia pensativa enquanto parada e a assustei quando deu seu primeiro passo.

- Onde vai? - minha pergunta a fez quase ter um ataque cardiaco.

Vê-la tão temerosa era divertido, mas entendia que os sustos eram perigosos na gravidez e pedi desculpas em seguida.

- Quase me mata do coração e acha que um simples "não quis te assustar" resolve? - disse ela irritada.

- E então o que posso fazer? - queria recompensá-la e de passo, estar mais próximo dela.

Ela me olha, morde o lábio e sei que está tentando se controlar por algo.

- Diga. - insisto.

- Olha, não pense que é por algo, mas eu preciso dormir e bem, a almofada não está funcionando. - ela argumenta, mas não chega ao ponto.

Me vejo na responsabilidade de fazer chegar e também fazê-la admitir.

- Eu não entendo o que quer dizer. - me faço de quem vai correr e com alguns passos ela me grita atrás.

- Espera! O que eu quero dizer é... - ela empata novamente.

Dessa vez não me afasto, quero ouvi-la dizer de frente.

- Vamos, Sina, o que você quer? - pergunto atiçando-a.

- Quero que durma comigo, porra! - ela grita irritada.

Um hóspede parece se incomodar e sai para fora para ver o que acontece. A cara de Sina está tão vermelha que dessa vez um pimentão teria inveja.

- O que está havendo? - o hóspede pergunta em espanhol.

Eu me mantenho calado para não rir e Sina lhe pede desculpas em espanhol. Quando o homem volta para seu quarto, ela volta sua atenção para mim.

Seu olhar é tão raivoso que seria capaz de gerar lasers.

- Vem. - passo meu abraço por suas costas a guiando de volta para seu quarto. - Vamos colocar você e este menininho para dormir. - falo a fazendo desmanchar a cara séria.

- Onde está meu chefe? Vocês o abduziram? - ela perguntou diante de meu câmbio de humor.

- Deixei ele na mala, aqui é o Noah. - digo lhe arrancando um sorriso.

Pronto, era tudo o que precisava. Um sorriso dela.

𝑺𝒆𝒄𝒓𝒆𝒕𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora