Helena XVII

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XVII

HELENA

Helena acordou em sua cama. Sua cabeça estava pesada de tanto dormir, como se tivesse ficado dias em coma, mas ainda sim, não se sentia nem um pouco descansada, seu sono fora agitado.

Suas vaquinhas de pelúcia estavam espalhadas por toda cama e algumas caídas no chão, confirmando que a noite realmente fora turbulenta. Helena não conseguia lembrar dos sonhos que tivera, apenas alguns fragmentos sem nexo como: muita água; raios; um garoto de cabelos escuros; uma garota de trança; um par de olhos azuis cintilantes...

Tentar lembrar mais do que isso fez sua cabeça doer. Helena se levantou e calçou suas pantufas de vaquinhas, que combinavam com o pijama.

O cheiro do café da manhã já se fazia presente no ar, o que apressou a garota a descer para a cozinha.

Sentados à mesa estavam, seu pai e seus dois irmãos, — Arthur jogando comida em Henrique e o chamando de feio — sua mãe estava no fogão, finalizando os ovos mexidos.

Helena se aproximou da mesa, deu um tapa forte na cabeça de Arthur e se sentou ao lado do pai, que lia o jornal do dia. O menino resmungou e parou de jogar comida no outro.

— Prontinho, aqui está — disse a mãe de Helena, Clara, trazendo os ovos mexidos e os colocando no centro da mesa.

— Os meninos estão brigando de novo — dedurou Helena. Arthur a fuzilou com o olhar.

— Arthur, está de castigo — ditou Clara, sem nem ao menos precisar perguntar o que havia acontecido. Já era costumeiro Arthur provocar Henrique, e claro, a mãe sempre acreditava em Helena.

O garoto bufou e cruzou os braços, enquanto o outro apenas ajeitou seus óculos e pegou um robozinho em forma de dragão. O brinquedo prendeu a atenção de Helena por uns instantes.

— Fofoqueira — murmurou Arthur para Helena.

A garota lhe mostrou a língua e riu em seguida. Arthur não viu graça.

Clara serviu a família e se sentou ao lado de Helena, acariciando o cabelo da filha.

O sol entrava pela janela, iluminando toda a cozinha, os móveis brancos deixavam o ambiente mais claro ainda, dando uma sensação boa para o ambiente.

Helena não perdeu tempo quando viu os pães de queijo em seu prato e os devorou. Uma sensação estranha de déjà vu a atingiu como uma onda.

A garota parou de comer e encarou o pão de queijo em sua mão, não estava com o mesmo gosto de sempre... Ela se perguntou se, pela primeira vez, a mãe errara na receita.

A estranheza fez Helena perder a fome.

— O que foi, querida? — perguntou Clara.

Helena a encarou, a mãe estava com um coque desajeitado, uma blusa azul claro e um cardigan verde por cima. Sua expressão era tranquila e mesmo com algumas rugas e olheiras de idade, estava belíssima, até demais.

— Nada, mãe, acho que só perdi a fome. Não dormi muito bem esta noite.

— Sonhou com algo interessante? — perguntou o pai, ainda com a cara no jornal.

Helena tentou novamente se lembrar de seu sonho. Algumas cenas lhe vieram à mente.

— Tinha uma praia... E... — uma cena específica que lembrou a fez rir. — E o deus Ares. — a garota voltou a comer.

Seu pai abaixou o jornal e a encarou. Os cabelos castanhos escuros estavam perfeitamente penteados, os olhos castanhos debaixo dos óculos estavam semicerrados e a sobrancelha erguida.

A Princesa do OlimpoOnde histórias criam vida. Descubra agora