Piper XXI

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                                       XXI


                                   PIPER

Piper beijou Helena. Foi inevitável sentir um milhão de borboletas no estômago, junto do coração disparado e a estranha sensação de algo... Molhado?

Helena empurrou Piper com força, a fazendo cair sentada no chão.

— Você... — rosnou a garota. Rapidamente, Helena tapou a boca encharcada com a mão, tão surpresa quanto Piper.

Tinha dado certo e, mesmo não querendo, as ilusões se criaram sozinhas na mente da filha de Afrodite, mesmo estando bem ciente de que isso só funcionara pelo calor do contato físico misturado com a paixão de Piper e o ódio de Helena, nada além disso.

Quione surgiu de repente na margem do lago, aos tropeços, com penas de pavão presas em seu cabelo bagunçado e arranhões em seu belo rosto.

— Suas infelizes! — desferiu ela. — Juro que vou... — Quione foi interrompida por Helena, que deu um passo à frente.

— Você não vai fazer nada — ditou a garota com firmeza. A deusa parou.

A Para-Raios endireitou a postura, fechou os punhos e a encarou seriamente.

— Na verdade, tem uma coisa que irá fazer — disse ela. — Eu ordeno que você vá para a parte mais quente, do deserto mais escaldante da Terra e caminhe por lá até que seu corpo derreta e não sobre nada, além de uma mísera poça de água podre.

Aquilo foi horrível de se ouvir, Piper nunca imaginou ver Helena nesse modo, e foi assustador.

Quione arregalou os olhos e começou a caminhar contra sua vontade, sua expressão era de desespero. Ela tentava se agarrar em árvores, mas seus pés seguiam firme o caminho.

— Helena... — chamou Piper, mas foi ignorada, a garota mantinha os olhos fixos na deusa. — Helena, para com isso! Jason vai te odiar quando souber! Pare!

Os ombros de Helena ficaram tensos.

— Entendo que esteja irritada e que ela mereça um castigo, mas isso já é demais! Sua mãe te criou para ser assim?!

Talvez não fosse a melhor coisa para se dizer, mas foi o que deu resultado. Helena travou por alguns segundos, suspirou e relaxou os ombros.

— Para — ordenou ela para a deusa, que obedeceu prontamente e aliviada. — Traga meus amigos de volta.

Sem questionar, e claramente assustada, Quione mexeu delicadamente a mão, fazendo uma corrente de nevasca ir até o trem, o envolvendo e tirando do gelo. Ao poucos, o trem veio flutuando até a margem.

— Coloque de volta nos trilhos e sem esse gelo em volta — completou Helena.

Quione bufou e obedeceu. O trem passou por cima das meninas, voando baixo até o trilho enquanto pingava.

Piper percebeu agora que a margem do lago ficava no final de uma ladeira, quando o trem pousou, ela só conseguiu ver o teto e a chaminé do vagão da frente.

A filha de Boreas encarou Helena, parecia estar esperando novas ordens, mesmo odiando isso. A garota caminhou até ela de braços cruzados.

— Volte para quem te mandou e avise para ficar fora do meu caminho, entendeu?

— Sim, alteza. — a voz de Quione era áspera.

Uma nevasca se fez em volta da deusa e quando se dissipou, Quione já não estava mais ali.

A Princesa do OlimpoOnde histórias criam vida. Descubra agora