Helena XXVI

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XXVI

HELENA

Jason se desfez em barro, literalmente. O corpo atingido do garoto, aos poucos, foi ganhando uma coloração marrom, e logo, não havia mais Jason Grace ali, apenas uma poça de lama.

Helena estava paralisada, completamente em choque. A Contracorrente ainda se mantinha no ar, onde antes estava o corpo do namorado.

A espada de Percy pareceu pesar mais nas mãos de Helena, o que fez com que a garota a derrubasse no chão, deixando um click no ar.

Os amigos correram até a Para-Raios. Para ela, tudo estava em câmera lenta e sem som.

Nada mais fazia sentido.

Piper mexia em Helena e gritava por seu nome, mas totalmente em vão. Até que alguma coisa que surgiu atrás delas lhe chamou atenção.

Helena viu de relance a barra de um vestido azul passar por ela, quando piscou, Hera estava abaixada em sua frente.

A raiva consumiu Helena de um vez só, a trazendo de volta a realidade.

No rosto da deusa havia uma nítida preocupação. Seus cabelos estavam presos em um coque, mas não perfeitamente ajeitado, os olhos iguais aos de Helena encaravam a garota.

— Helê... — chamou a deusa. Esse era o apelido que a mãe de Helena usava, e esse tom de voz era o que a Para-Raios ouvia de sua mãe, quando ela tentava confortá-la depois de algo ruim acontecer.

Hera esticou a mão e colocou, gentilmente, o cabelo da garota para trás da orelha, repetindo mais uma vez, um gesto de sua mãe. O sangue de Helena ferveu.

— Sai de perto de mim — disse Helena com rispidez, se afastando bruscamente da deusa, se levantando e pisando no pé de Piper sem querer.

Hera abaixou o braço, se levantou e juntou as mãos na frente do corpo.

— Apenas vim ver se estava bem.

— Pareço bem para você? — rebateu.

— Não aceitarei grosserias, Helena. Não sabe o que passei para te ajudar agora.

Helena soltou um riso incrédulo.

Me ajudar? Isso tudo aqui é culpa sua. Sua, entendeu?! — sua voz aumentou.

A deusa manteve a pose firme, mas seus olhos denunciavam que ela não gostou nada da mal-criação. A barra de seu vestido estava suja de lama, a lama que era Jason.

Helena quebrou.

— Eu não aguento mais isso — murmurou ela, passando as mãos trêmulas pelos cabelos. — Não aguento...

Um tornado de sentimentos tomou conta dela. Eram tantas coisas de uma vez só, que Helena estava ficando tonta.

Tinha tomado raios na cabeça em plena terça-feira, ido para dois acampamentos, onde foi destratada em ambos. Ficou dias em missão com pessoas que a detestavam e nem disfarçavam. Perdeu sua família, sua casa, descobriu que toda sua vida fora uma grande mentira criada por uma deusa que não tem filhos semideuses, mas que mesmo assim a teve, criando a maior confusão que o  Olimpo já vira, e que ainda sobrara para Helena resolver.

E agora, Jason tinha se reduzido a mero barro. Tudo isso por culpa de Hera.

— Eu perdi tudo o que tinha por sua causa — disse Helena para Hera, enquanto encarava a grama. — Passei por humilhações horríveis, quase morri e perdi meu melhor amigo — Helena encarou a deusa. — Tudo por ser a filha de Hera.

A Princesa do OlimpoOnde histórias criam vida. Descubra agora